"Vende-se travesseiro de macela com ervas". Na fachada de uma pequena casa no Vale do Capão, a placa dá a tom das trocas comerciais na comunidade alternativa instalada em distrito de Palmeiras, a 70 km de Lençóis. Primeiro: é preciso dormir, logo, travesseiros são necessários. Segundo: o produto não contém espuma ou material sintético, e sim plantas medicinais, perfumadas. Nas bordas do Parque Nacional da Chapada Diamantina, a 960 metros de altitude, o Vale do Capão tem cerca de 1.400 habitantes e 350 leitos para receber turistas.
Quem chega até lá costuma buscar a aventura de escalar o morro da Cachoeira da Fumaça e percorrer as longas trilhas do Vale do Pati. Mais recentemente, donos de pousadas vem incentivando o turismo que promove a saúde, com oferta de fitoterapia, massoterapia, saunas indígenas de purificação, banhos de argila e medicina holística.
"A vida no Capão mostra que um outro mundo é possível", diz Roseana Palavizini, consultora de preservação ambiental, citando um slogan de ecologistas e ativistas sociais. A pousada que ela administra com o marido, Lendas do Capão, radicalizou no contato direto dos hóspedes com a natureza e construiu o Chalé da Árvore, um amplo quarto a 9 metros de altura, no alto do tronco de uma jaqueira. Sobe-se por escadas, ainda que a garotada vá preferir o cipó.
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*A jornalista Cris Gutkoski viajou a convite das prefeituras de Lençóis e Mucugê e do Hotel Portal Lençóis
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