Onze anos após a interdição do garimpo mecanizado, a Chapada Diamantina segue surpreendendo os viajantes com atrativos que brotam das serras de beleza inesgotável. Concorrendo com a programação de trilhas na mata, visita a grutas e banhos de cachoeira, a "novidade" tem milhares de anos de história, mas a descoberta e a inclusão no circuito turístico são recentes. Trata-se de um novo sítio arqueológico, a Serra das Paridas, um extenso corredor de pinturas rupestres localizado a 36 km do centro de Lençóis, um das principais portas de entrada para a região, com aeroporto e rede hoteleira.
A pesquisa arqueológica é coordenada pelo professor Carlos Etchevarne, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ele destaca a boa concentração de abrigos com pinturas de três estilos distintos e seu excelente estado de conservação. "Não há traços de vandalismo", sublinha.
O que torna o objeto de pesquisa e visitação ainda mais especial é o fato de ele ter sido revelado para a arqueologia brasileira por moradores, não por cientistas acampados em busca de sinais pré-históricos. Um incêndio destruiu a vegetação sobre as rochas e as pinturas ali escondidas, de várias cores e formatos, chamaram a atenção de catadores de mangaba, fruta cuja polpa é comercializada na região.
"O impacto dessa descoberta na comunidade é sensacional", afirma Etchevarne. "Eles descobriram várias coisas: as formas diferentes de vida na região, a antiguidade da ocupação, o uso de pigmentos minerais, os motivos das representações. Movidos pelo interesse de encontrarem mais sítios, eles propuseram a criação de cursos de educação patrimonial e de fomento ao turismo respeitoso de cunho ecológico. Houve uma grande movimentação na cidade para promover pesquisas sistemáticas". O segundo Seminário de Arqueologia da Chapada Diamantina está marcado para o final de maio deste ano.
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*A jornalista Cris Gutkoski viajou a convite das prefeituras de Lençóis e Mucugê e do Hotel Portal Lençóis
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