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Navios antigos de cruzeiros continuam na ativa após reformas

O navio Carnival Victory - Divulgação
O navio Carnival Victory Imagem: Divulgação

Fran Golden

04/06/2018 09h59

Em uma viagem de quatro noites em Bahamas no Carnival Victory, navio com capacidade para 2.758 passageiros, uma turma animada entornava drinques coloridos em um bar também fluorescente. O cassino estava lotado de gente e fumaça de cigarro. Era um cruzeiro dos velhos tempos.

A maior parte dos navios tem vida oficial de 30 anos -- o tempo para o ativo se depreciar para 15 por cento do valor contábil original. Por essa métrica, o Carnival Victory, com 18 anos, já passou do auge. Mas faz dinheiro como nunca. Embora esteticamente ultrapassado, o navio focado em viagens de três ou quatro noites entre Miami e Bahamas transporta o dobro de passageiros anualmente do que muitas embarcações de tamanho similar. Na verdade, o Carnival Victory é um dos muitos navios idosos ou de meia-idade construídos durante o período áureo dos cruzeiros, na década de 1990, que agora representam uma parcela multibilionária do segmento.

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Escapando do cemitério de navios

Existem opções tradicionais para navios "antigos". A mais frequente é o rebaixamento para linhas menos luxuosas na mesma companhia ou envio para outra parte do mundo com menor participação nesse mercado. Às vezes são revendidos para operadoras de cruzeiro iniciantes ou focadas em viagens mais acessíveis.

Quando se aproximam da aposentadoria, muitos desses navios são destinados ao público que vai para beber e se divertir e se importa menos com a decoração da cabine do que com o número de drinques grátis incluídos no pacote.

A linha Bahamas Paradise Cruise Line só tem dois navios, um construído em 1987 e outro em 1991. Os itinerários se resumem a viagens de duas noites entre West Palm Beach, na Flórida, e Freeport, nas Bahamas, por um valor inicial de US$ 129 por pessoa que inclui dez bebidas alcoólicas gratuitas.

À medida que o custo das novas embarcações aumenta -- a construção do maior navio de cruzeiros do mundo, Symphony of the Seas, da Royal Caribbean, exigiu US$ 1,5 bilhão --, grandes operadoras como Carnival e Royal Caribbean Cruises estão aproveitando o valor intrínseco da frota envelhecida, percebendo que é melhor dar uma recauchutada ou rebaixar um navio do que deixá-lo partir.

Aos 20 anos, o Dawn Princess, com capacidade para 1.970 passageiros, passou em 2017 da linha Princess Cruises para a marca-irmã P&O Cruises Australia. Após uma reforma que custou milhões, foi rebatizado Pacific Explorer. Agora, tem tirolesas, campo de jogos e parque aquático com dois tobogãs (um deles com luzes e música para um clima de discoteca).

Assim como em seres humanos, cirurgias plásticas em navios podem ser sutis ou drásticas ?mas estão cada vez mais comuns. No relatório anual "Cruise Lines Outlook", o UBS estimou que, em 2020, pelo menos 12 por cento da capacidade global terá 25 anos ou mais.

A líder mundial Carnival tem 26 navios, sendo que nove foram construídos entre 1990 e 1998. A companhia gastou centenas de milhões de dólares na renovação dessas embarcações, incluindo atrações como barracas de hambúrguer ao lado das piscinas. Stein Kruse, que comanda as divisões Holland America Group e Carnival UK, diz que esses investimentos compensam, especialmente se o navio estiver em boas condições, tiver fãs leais e baixo valor contábil.

"Alguns dos navios mais velhos das nossas marcas são incrivelmente populares. Eles são bem conservados, bem cuidados e fazem itinerários animados", ele disse.