UOL Viagem

24/12/2009 - 20h44

Velejando pelo Caribe de modo frugal

MATT GROSS
New York Times Syndicate*
Considerando que nenhum de nós neófitos tinha alguma idéia do que estávamos fazendo, a viagem ao sul de Santa Lucia estava indo bem. Às 10h30 da manhã, em meio a céus cinzentos, mas não preocupantes, o S.V. Illusion a escuna de dois mastros na qual eu e duas outras pessoas éramos marinheiros novatos levantou âncora além da costa de Vieux Fort, uma cidade sonolenta na ponta sul da ilha e partiu para águas profundas. O mar estava moderado, apenas com ondulares de 1,5 metros nos sacudindo apenas o suficiente para tornar uma caminhada um esforço consciente, e quando Norman Garnett, o capitão inglês de 61 anos do Illusion, deu a ordem, nós tivemos dificuldade para puxar, soltar, passar pela catraca e no mordedor as várias cordas que abriam nossas três velas, que estufavam e ficavam firmes com o vento. Nós estávamos velejando.
  • Matt Gross/The New York Times

    Port Elizabeth, Bequia, que tem sete quilômetros quadrados de montanhas íngremes e praias

Inicialmente, nós navegávamos despreocupadamente. O sol se revelava, nós aplicávamos protetor solar fator 30 e levávamos romances para ler no convés. Um grupo de baleias-piloto apareceu além da proa, depois desapareceu, seguindo para oeste. Era, ao que parecia, uma canja, alguns poucos minutos de trabalho complicado em troca de horas incontáveis de relaxamento. Mas na metade do dia, nós começamos a perceber algo estranho. Nós estávamos pendendo para estibordo. Gravemente. As ondas maiores, na verdade, estavam quase tocando a amurada de madeira gasta que cercava o navio. Era algo normal? O vento ficava mais forte, gotas de chuva começaram a cair. Era seguro?

"Tá tudo certo, garotos!", gritou Norman, vindo providencialmente de baixo. "Vamos recolher a vela de estai!"

Freneticamente, nós revertemos os procedimentos da manhã. Enquanto as ondas nos açoitavam, nós afrouxamos uma bobina da catraca da vela de estai e demos corda enquanto Norman puxava a outra extremidade e logo a vela de estai estava guardada em segurança. O Illusion se endireitou e surfamos até St. Vicente e Granadinas, nosso próximo porto de destino, tanto abalados quanto revigorados pelo perigo e drama, o caos e o aprendizado, o trabalho em equipe e o prazer elementar, duramente obtido, de explorar o vento.

"É para isso que estou pagando", anunciou Steve Hill, 45 anos, natural do norte de Londres, naquela noite, assim que atracamos o navio em Wallilabou Bay, uma minúscula baía na ilha vulcânica de St. Vicente.

Mas não estávamos pagando muito. Nossas camas a bordo do Illusion custaram a cada um de nós US$ 55 por dia, uma soma que incluía café da manhã, jantar, treinamento básico de navegação, mais taxas alfandegárias e de ancoragem praticamente tudo, exceto almoço, cerveja e excursões. E além dessas coisas tangíveis, nós tínhamos acesso ao mundo dos velejadores, aquelas almas afortunadas levadas pelo vento de um porto a outro, parando para mergulhos com snorkel, drinques e contar histórias em ilhas tropicais pouco habitadas, raramente visitadas por balsas ou aviões pequenos. Eu sempre ansiei por esse senso de liberdade, mas com as aulas de iatismo geralmente custando em Nova York a partir de US$ 500, e o fretamento de iates custando na casa dos milhares de dólares, este viajante frugal não se arriscou a tentar.

Até descobrir o crewfinders.com. E o globalcrewnetwork.com. E o findacrew.com. E o floatplan.com, crewfile.com, workonaboat.com, workonayacht.com e vários outros sites semelhantes que conectam marinheiros (tanto amadores quanto profissionais) a donos de embarcações e capitães. Os empregos variam de serviços básicos de convés a funções especializadas, como engenheiros e cozinheiros, e cobrem todo o globo, do Caribe ao Mediterrâneo, do Sudeste Asiático ao Sul do Pacífico.

O início da aventura

Sem experiência, entretanto, eu tive que descartar os empregos remunerados pelos não remunerados. Muitos desses postos pareciam planejados por sujeitos de meia-idade em busca de companhia feminina (justo: a navegação solo é uma atividade solitária), mas também encontrei um casal a caminho das Bahamas, com filhos adolescentes, procura de algum que ajudasse a cozinhar e limpar. Algo que não era para mim, talvez, mas para a pessoa certa, representava um feriado tropical gratuito.

Em vários desses sites, eu vi propagandas do S.V. Illusion e cliquei nos links para o site do navio. Construído no Rio de Janeiro em 1976, o Illusion passou anos como barco de tesouro, transportando mergulhadores à procura de destroços de navios coloniais naufragados (ele ajudou a descobrir o Atocha, um lanço de US$ 450 milhes em prata e ouro), antes de Norman, natural de Liverpool, Inglaterra, o comprar em 2003. Desde então, ele tem percorrido as águas entre Trinidad e a Ilha de São Martinho, levando até oito tripulantes por no mínimo duas semanas e no máximo três meses, e apenas pelo valor para cobrir as despesas. Não era necessária experiência: era o navio certo para mim.

Eu enviei um e-mail para Norman com possíveis datas para um período de 16 dias no início de outubro; ele respondeu pedindo por um depósito de US$ 100 via Western Union. Eu atendi, mas para ter certeza de que não se tratava de um golpe, eu contatei Misty Tosh, uma produtora de TV da Califórnia que escreveu em um blog sobre sua estadia no Illusion. Não se preocupe, ela me disse por telefone, você vai aprender a navegar, talvez nadar com tartarugas marítimas e vai ser uma loucura.

Loucura boa ou ruim?

"Loucura boa", disse Misty.

Três semanas depois, eu estava imerso na loucura boa, cortesia principalmente de Norman, o capitão. Com seus antebraços de Popeye, sorriso com brilho de ouro e pele sardenta que escondias camadas profundas de branco pálido e rosa intenso como um leopardo da neve queimado de sol ele encarnava o papel do marujo calejado com centenas de milhares de milhas marítimas navegadas. Mas esta era apenas sua mais recente encarnação, ele me disse, já tendo sido fisiculturista, advogado, presidente de uma produtora de televisão, mercenário na África e fabricante de anfetaminas (ocupação pela qual, ele disse, ele cumpriu pena de prisão).

Unindo essas múltiplas identidades estava seu cáustico senso de humor liverpooliano. Seus pontos de vista adoravelmente distorcidos permitiam apenas extremos. Tudo era o melhor (Oh, eles têm os melhores filés no Caribe, os melhores! ele murmurou a respeito de uma ilha) ou a pior coisa do mundo, a mais feia. Seu temperamento era forte (ele o capitão, logo sua palavra a lei), mas não era possível levar suas repreensões pessoalmente. Certa vez, uma corda que eu estava puxando ficou presa e Norman a arrancou da minha mão, gritando comigo por não ter prestado atenção. Eu poderia ter me zangado, mas 10 minutos depois ele estava sorrindo de novo, assim como eu.
  • Matt Gross/The New York Times

    Na praia Anse de Sables, crianças andam a cavalo nas águas quentes

Ainda assim, os outros tripulantes novatos Steve Hill, alto e tranqüilo, e Francesca Fantacci, uma arquiteta de pouco mais de 50 anos de Ottawa e eu ficamos felizes por ter Alison Hill conosco. Uma cabeleireira ruiva de 39 anos de Londres, Alison embarcou no navio em maio de 2008 e se apaixonou não apenas pelo estilo de vida, mas também por Norman. Agora ela era o primeiro marinheiro, a chef e, como namorada de Norman, o mel para o vinagre de Norman, uma alma paciente que atuava como tampo, literalmente nos mostrando as cordas no Illusion.

Foi Alison que nos ensinou a armar o toldo de lona azul sob o qual descansávamos e líamos, protegidos do sol. Foi ela que me guiou até minha cabine, um canto aperto revestido de mogno perto da proa, com armários para meus equipamentos (e colete salva-vidas), uma cama estreita e uma escotilha para permitir a entrada de um pouco de ar. Ela me instruiu sobre como usar o toalete e nos ensinou a pegar com balde a água do mar para lavar pratos, uma tarefa diária que nos lembrava que esta aventura não era, como Norman repetia quase diariamente, fria!

Mas apesar de não ser fria, freqüentemente era pura alegria. Os dias navegando começavam cedo, com café, cereal e torrada com geléia de abacaxi comidos às pressas, apesar de nunca rápido o bastante para Norman, que nos repreendia por fazermos corpo mole. "Soltar escotas", ele gritava, e corríamos descalços para desenrolar as escotas - as cordas para os não-marinheiros - as passando por polias, as prendendo com nós e as travando no mordedor. Então levantávamos a âncora, ligávamos o motor e partíamos para o mar. Inicialmente, Alison assumiu o timão, mas quando lembrei o Norman que eu queria aprender a navegar, ele me colocou lá, me dizendo para colocar a cabeça para fora da escotilha da casa de leme e usasse os dedos dos pés para virar o timo.

Logo eu estava traçando cursos de uma ilha a outra, usando a biblioteca do navio de manuais de navegação como referência. Se colocar um novato ao leme parece arriscado, não se preocupe. Obviamente, Norman estava supervisionando tudo, mas o leste do Caribe um local relativamente fácil para navegar, o vento vem do leste e, como as jornadas tendem a ser norte-sul, você tende a navegar perpendicular ao vento, uma das tarefas mais simples.

Escotas soltas, curso traçado, piloto automático ligado, mas suspendemos as velas e, se o vento estivesse forte o bastante, desligávamos os motores. Então navegávamos por uma a quatro horas, lendo ou tomando sol, conversando e tirando fotos, abrindo a vela dianteira quando o vento ganhava fora e a recolhendo quando acabava. Isso era liberdade.

A rotina no barco

Enquanto navegávamos para o sul para cidades cada vez mais obscuras e ilhas cada vez menores, nós estabelecemos um ritmo. Pela manhã, Norman nos levava para algum porto para que ele e Alison pudessem resolver suas coisas (comprar alimentos, combustível, levar a roupa lavanderia, ir ao banco, ler e-mails) e às 17h ele nos esperava nas docas para nos levar ao Illusion para o jantar. (Apesar de não serem os frutos do mar gourmets caribenhos que eu esperava, os pratos preparados por Alison e Norman eram saborosos e fartos, particularmente o assado de domingo, com batata crocante, cebolas e cenouras caramelizadas e molho.) Nesse intervalo, nós da tripulação podíamos fazer o que quiséssemos.

A princípio, em Santa Lúcia, nós simplesmente nos ajustamos ao clima, caminhando por Vieux Fort - uma cidade pacata de edificações decrépitas de concreto e outras mais velhas de madeira, cujos lintéis com trabalhos complexos nos lembravam das casas tâmeis na Índia - até a praia Anse de Sables, onde crianças andavam a cavalo nas águas quentes, e até o vizinho Coastline Beach Bar, que servia cerveja lager Piton sub zero e peixe frito picante (16 dólares do Caribe do Leste, ou cerca de US$ 6, com o dólar americano valendo a taxa fixa de 2,67 dólares do Caribe do Leste).

Quando chegamos a São Vicente, nós estávamos empolgados para explorar a ilha, particularmente considerando que Wallilabou Bay s tinha dois endereços comerciais o Wallilabou Anchorage, um pequeno restaurante e alfândega, e o Pirates Retreat, um bar incrível, semi-improvisado, dirigido por um ex-motorista de táxi de Nova York chamado Tony e apenas uma atração: cenários mal conservados onde Piratas do Caribe foi filmado.

Então entramos em um microônibus (juntamente com 18 outras pessoas) para um passeio estilo montanha-russa (4 dólares do C.L.) pelas subidas, descidas e curvas abundantes da ilha até Kingstown, a capital, onde admiramos a arquitetura colonial e assistimos os moradores locais jogando xadrez e dominó. Em outro dia, nós contratamos Speedy, um amigo de Norman com cabelo rastafári, para guiar Steve e eu até o alto do vulcão Soufrière de 1.177 metros, uma caminhada desafiadora, passando por rampas de lava cujo solo estava repleto de uma fruta tipo maracujá, depois passando por plantações ilícitas de maconha até uma cratera ventosa e fumegante. (Nós pagamos ao Speedy 120 dólares do C.L., mais 80 pelo táxi.)

À medida que as ilhas encolhiam, então encolheram nossas opções. Em Bequia, 18 quilômetros quadrados de colinas íngremes e praias imaculadas que Norman chamou de central de iatismo das Granadinas, nós mergulhamos com snorkel na Praia Princesa Margaret e assistimos a uma partida de futebol no domingo, no estádio de Port Elizabeth. Nós pegamos um almoço no Green Boley, um bar ao ar livre onde conch roti - um molusco com curry e batatas envoltos em pão chato - foi o melhor que já comi (15 dólares do C.L.), e no Marias French Terrace, um restaurante arejado no segundo andar com Wi-Fi gratuito, onde um sanduíche de peixe (atum naquele dia) custa 22 dólares do C.L.

Na ainda menor ilha Union, que tinha uma charmosa rua comercial principal, Steve e eu apenas jogamos bilhar no Anchorage Yacht Club e comemos um ótimo peixe frito com salada (25 dólares do C.L. para cada um de nós, incluindo cerveja) no Olivias Family Restaurant. E na ilha Mayreau, um ponto em forma de bumerangue com uma população de 300 pessoas, mais mergulho com snorkel, mais banho de sol e mais caminhadas a esmo. Elas nos levaram ao alto de uma colina onde encontramos uma bela igreja católica de pedra antiga, com seu interior de vigas de madeira, janelas com vitrais e vistas deslumbrantes de Cayes Tobago, uma excelente zona de mergulho.

E, claro, havia os bares, aos quais amo primeiro à tarde e então, quando ainda tínhamos energia, após o jantar. Mas apesar de consumirmos uma imensa quantidade de cerveja, rum, gim, uísque e (o favorito de Norman) Grand Marnier, o principal propósito dos bares não era beber, mas sim encontrar velhos amigos e fazer novos.

No Salty Dog, no alto de uma colina em Bequia, onde uma brisa constante nos refrescava quase tanto quanto as Heinekens geladas, nós discutimos com o gerente trinitário, Nigel, a respeito das qualidades de um ótimo molho de pimenta. No caseiro e casual New York Sports Bar, Steve e eu encontramos Michael Guenther, um alemão que vendeu sua empresa de software e usou os lucros para navegar primeiro pelo Mediterrâneo e agora pelo Caribe, e Roxanne, uma garota charmosa e misteriosa, famosa por todas Granadinas, que alegava ser amiga de todo mundo dos iates até Tony e Cherie Blair.

Na Ilha Union, nós seguimos Andy Trittle, um cozinheiro local, até o super badalado Stress Out Hideaway e rimos de sua imitação de Roxanne. Na metade da subida da colina em Mayreau ficava o Denniss Hideaway, um complexo estilo Malibu com bar-restaurante (massa de peixes e frutos do mar, uau!), casa de hóspedes, piscina e, claro, o próprio Dennis Forde, que aos 48 anos tem pelo menos 100 anos de histórias para contar, como quando se tornou o primeiro membro negro do clube social do pub de Newcastle, décadas atrás, e de quando danou em Bequia com uma prima que desconhecia a lendária Roxanne.

Normalmente essas noites terminavam de forma estranha. Quando Norman não vinha, Steve e eu tínhamos que encontrar um meio de voltar ao Illusion, seja contratando uma lancha ou um bote de madeira com um só remador (de 20 a 50 dólares do C.L.). E mesmo quando Norman vinha, as coisas ficavam estranhas, como na noite em Bequia em que nos deparamos com uma dupla de moradores locais, cantando uma versão hipnótica do dueto country Seven Spanish Angels, um cantando a parte de Willie Nelson e o outro a de Ray Charles, batucando o ritmo na caixa de plástico do telefone. Então Tango, um morador de Bequia alto e magro, com um senso bizarro de moda (ele certa vez estava usando um disco de DVD na testa) e que Norman freqüentemente contratava para trabalhos diversos, apareceu do nada e começou a gritar com os músicos. Norman então começou a gritar com Tango, um ciclista com capacete chegou e começou a gritar com Tango, e então a polícia chegou e então...

No final eu estava de volta ao Illusion e, como minha cabine costumava ser quente demais, eu levava meus lençóis e travesseiro para o convés e ficava olhando para as estrelas, reunidas na tênue nuvem da Via Láctea, deixando as ondas e o vento me embalarem para dormir.
  • Matt Gross/The New York Times

    Sem barco ou dinheiro para alugar um dos muitos iates luxuosos, o Viajante Frugal gastou $ 55 por dia para se juntar a tripulação do Illusion

Encontrando um barco


Das dezenas de sites que conectam tripulantes aos barcos, CrewFile.com, CrewRecruit.com, FloatPlan.com e FindACrew.com são apenas alguns poucos dos mais úteis. Preste atenção, pois alguns exigem taxas de filiação.

Para reservar uma vaga no S.V. Illusion, visite www.sv-illusion.co.uk. A taxa de US$ 55 por dia e o proprietário prefere que a tripulação passe no mínimo duas semanas a bordo. Mas o Illusion não é o único navio caribenho a seguir esse modelo de negócio. O brigue de 16 metros Karaka, por exemplo, atualmente está procura de tripulação no Caribe, com as despesas compartilhadas totalizando 100 euros (atualmente cerca de US$ 150) por semana (sem incluir comida) por pessoa; veja karaka.site.voila.fr para detalhes.

Chegando ao Caribe


Santa Lucia costuma ser o local mais fácil para encontrar o S.V. Illusion. A JetBlue acabou de colocar a disposição voos diretos, três vezes por semana, com partida do Aeroporto Kennedy para o Hewanorra International perto de Vieux Fort, com passagens de ida e volta a partir de US$ 300, com base em uma recente pesquisa online. Por aproximadamente o mesmo preço, a American Airlines faz o mesmo trajeto, mas duas vezes por semana. O Illusion atraca ou no porto pesqueiro de Vieux Fort, que fica a cerca de US$ 10 de táxi do aeroporto, ou na marina de Rodney Bay, a uma viagem de táxi de uma hora e custando US$ 65 ao norte da ilha.

Onde comer e beber


Em pequenas ilhas como esta, nomes de rua não importam ou não existem. Encontrar os lugares, entretanto, fácil basta perguntar e os moradores locais dirão aonde ir.

Considerando que nenhum de nós neófitos tinha alguma ideia do que estávamos fazendo, a viagem ao sul de Santa Lúcia estava indo bem. Às 10h30 da manhã, em meio a céus cinzentos, mas não preocupantes, o S.V. Illusion -a escuna de dois mastros na qual eu e duas outras pessoas éramos marinheiros novatos- levantou âncora além da costa de Vieux Fort, uma cidade sonolenta na ponta sul da ilha e partiu para águas profundas. O mar estava moderado, apenas com ondulações de 1,5 metro nos sacudindo apenas o suficiente para tornar uma caminhada um esforço consciente, e quando Norman Garnett, o capitão inglês de 61 anos do Illusion, deu a ordem, nós tivemos dificuldade para puxar, soltar, passar pela catraca e no mordedor as várias cordas que abriam nossas três velas, que estufavam e ficavam firmes com o vento. Nós estávamos velejando.
  • Matt Gross/The New York Times

    Steve Hill, 45 anos, natural do norte de Londres, também embarcou com a tripulação do Illusion em suas férias


Inicialmente, nós navegávamos despreocupadamente. O sol se revelava, nós aplicávamos protetor solar fator 30 e levávamos romances para ler no convés. Um grupo de baleias-piloto apareceu além da proa, depois desapareceu, seguindo para oeste. Era, ao que parecia, uma canja, alguns poucos minutos de trabalho complicado em troca de horas incontáveis de relaxamento. Mas na metade do dia, nós começamos a perceber algo estranho. Nós estávamos pendendo para estibordo. Gravemente. As ondas maiores, na verdade, estavam quase tocando a amurada de madeira gasta que cercava o navio. Era algo normal? O vento ficava mais forte, gotas de chuva começaram a cair. Era seguro?

"Tá tudo certo, garotos!" gritou Norman, vindo providencialmente lá de baixo. "Vamos recolher a vela de estai!"

Freneticamente, nós revertemos os procedimentos da manhã. Enquanto as ondas nos açoitavam, nós afrouxamos uma aducha da catraca da vela de estai e demos corda enquanto Norman puxava a outra extremidade e logo a vela de estai estava guardada em segurança. O Illusion se endireitou e surfamos até São Vicente e Granadinas, nosso próximo porto de destino, tanto abalados quanto revigorados pelo perigo e drama, o caos e o aprendizado, o trabalho em equipe e o prazer elemental, duramente obtido, de explorar o vento.

"É para isso que estou pagando", anunciou Steve Hill, 45 anos, natural do norte de Londres, naquela noite, assim que atracamos o navio em Wallilabou Bay, uma minúscula baía na ilha vulcânica de São Vicente.

Mas não estávamos pagando muito. Nossas camas a bordo do Illusion custaram a cada um de nós US$ 55 por dia, uma soma que incluía café da manhã, jantar, treinamento básico de navegação, mais taxas alfandegárias e de ancoragem -praticamente tudo, exceto almoço, cerveja e excursões. E além dessas coisas tangíveis, nós tínhamos acesso ao mundo dos velejadores, aquelas almas afortunadas levadas pelo vento de um porto a outro, parando para mergulhos com snorkel, drinques e contar histórias em ilhas tropicais pouco habitadas, raramente visitadas por balsas ou aviões pequenos. Eu sempre ansiei por esse senso de liberdade, mas com as aulas de iatismo geralmente custando em Nova York a partir de US$ 500, e o fretamento de iates custando na casa dos milhares de dólares, este viajante frugal não se arriscou a tentar.

Até descobrir o crewfinders.com. E o globalcrewnetwork.com. E o findacrew.com. E o floatplan.com, crewfile.com, workonaboat.com, workonayacht.com e vários outros sites semelhantes que conectam marinheiros (tanto amadores quanto profissionais) a donos de embarcações e capitães. Os empregos variam de serviços básicos de convés a funções especializadas, como engenheiros e cozinheiros, e cobrem todo o globo, do Caribe ao Mediterrâneo, do Sudeste Asiático ao Sul do Pacífico.

O início da aventura

Sem experiência, entretanto, eu tive que descartar os empregos remunerados pelos não remunerados. Muitos desses postos pareciam planejados por sujeitos de meia-idade em busca de companhia feminina (é justo: a navegação solo é uma atividade solitária), mas também encontrei um casal a caminho das Bahamas, com filhos adolescentes, à procura de alguém que ajudasse a cozinhar e limpar. Algo que não era para mim, talvez, mas para a pessoa certa, representava um feriado tropical gratuito.

Em vários desses sites, eu vi propagandas do S.V. Illusion e cliquei nos links para o site do navio. Construído no Rio de Janeiro em 1976, o Illusion passou anos como barco de tesouro, transportando mergulhadores à procura de destroços de navios coloniais naufragados (ele ajudou a descobrir o Atocha, um espólio de US$ 450 milhões em prata e ouro), antes de Norman, natural de Liverpool, Inglaterra, o comprar em 2003. Desde então, ele tem percorrido as águas entre Trinidad e a Ilha de São Martinho, levando até oito tripulantes por no mínimo duas semanas e no máximo três meses, e apenas pelo valor para cobrir as despesas. Não era necessária experiência: era o navio certo para mim.

Eu enviei um e-mail para Norman com possíveis datas para um período de 16 dias no início de outubro; ele respondeu pedindo por um depósito de US$ 100 via Western Union. Eu atendi, mas para ter certeza de que não se tratava de um golpe, eu contatei Misty Tosh, uma produtora de TV da Califórnia que escreveu em um blog sobre sua estadia no Illusion. Não se preocupe, ela me disse por telefone, você vai aprender a navegar, talvez nadar com tartarugas marítimas e vai ser uma loucura.

Loucura boa ou ruim?

"Loucura boa", disse Misty.

Três semanas depois, eu estava imerso na loucura boa, cortesia principalmente de Norman, o capitão. Com seus antebraços de Popeye, sorriso com brilho de ouro e pele sardenta que escondias camadas profundas de branco pálido e rosa intenso -como um leopardo da neve queimado de sol- ele encarnava o papel do marujo calejado com centenas de milhares de milhas marítimas navegadas. Mas esta era apenas sua mais recente encarnação, ele me disse, já tendo sido fisiculturista, advogado, presidente de uma produtora de televisão, mercenário na África e fabricante de anfetaminas (ocupação pela qual, ele disse, ele cumpriu pena de prisão).

Unindo essas múltiplas identidades estava seu cáustico senso de humor liverpooliano. Seus pontos de vista adoravelmente distorcidos permitiam apenas extremos. Tudo era o melhor ("Oh, eles têm os melhores filés no Caribe, os melhores!" ele murmurou a respeito de uma ilha) ou a pior coisa do mundo, a mais feia. Seu temperamento era forte (ele é o capitão, logo sua palavra é a lei), mas não era possível levar suas repreensões pessoalmente. Certa vez, uma corda que eu estava puxando ficou presa e Norman a arrancou da minha mão, gritando comigo por não ter prestado atenção. Eu poderia ter me zangado, mas 10 minutos depois ele estava sorrindo de novo, assim como eu.
  • Matt Gross/The New York Times

    A cratera do vulcão Soufrière envolta de fumaça, em São Vicente

Ainda assim, os outros tripulantes novatos -Steve Hill, alto e tranquilo, e Francesca Fantacci, uma arquiteta de pouco mais de 50 anos de Ottawa- e eu ficamos felizes por ter Alison Hill conosco. Uma cabelereira ruiva de 39 anos de Londres, Alison embarcou no navio em maio de 2008 e se apaixonou não apenas pelo estilo de vida, mas também por Norman. Agora ela era o primeiro marinheiro, a chef e, como namorada de Norman, o mel para o vinagre de Norman, uma alma paciente que atuava como tampão, literalmente nos mostrando as cordas no Illusion.

Foi Alison que nos ensinou a armar o toldo de lona azul sob o qual descansávamos e liamos, protegidos do sol. Foi ela que me guiou até minha cabine, um canto aperto revestido de mogno perto da proa, com armários para meus equipamentos (e colete salva-vidas), uma cama estreita e uma escotilha para permitir a entrada de um pouco de ar. Ela me instruiu sobre como usar o toalete e nos ensinou a pegar com balde a água do mar para lavar pratos, uma tarefa diária que nos lembrava que esta aventura não eram, como Norman repetia quase diariamente, "férias!"

Mas apesar de não serem férias, frequentemente era pura alegria. Os dias navegando começavam cedo, com café, cereal e torrada com geleia de abacaxi comidos às pressas, apesar de nunca rápido o bastante para Norman, que nos repreendia por fazermos corpo mole. "Soltar escotas", ele gritava, e corríamos descalços para desenrolar as escotas -as cordas, para os não-marinheiros- as passando por polias, as prendendo com nós e as travando no mordedor. Então levantávamos a âncora, ligávamos o motor e partíamos para o mar. Inicialmente, Alison assumiu o timão, mas quando lembrei o Norman que eu queria aprender a navegar, ele me colocou lá, me dizendo para colocar a cabeça para fora da escotilha da casa de leme e usasse os dedos dos pés para virar o timão.

Logo eu estava traçando cursos de uma ilha a outra, usando a biblioteca do navio de manuais de navegação como referência. Se colocar um novato ao leme parece arriscado, não se preocupe. Obviamente, Norman estava supervisionando tudo, mas o leste do Caribe é um local relativamente fácil para navegar, o vento vem do leste e, como as jornadas tendem a ser norte-sul, você tende a navegar perpendicular ao vento, uma das tarefas mais simples.

Escotas soltas, curso traçado, piloto automático ligado, mas abríamos as velas e, se o vento estivesse forte o bastante, desligávamos os motores. Então navegávamos por uma a quatro horas, lendo ou tomando sol, conversando e tirando fotos, abrindo a vela dianteira quando o vento ganhava força e a recolhendo quando acabava. Isso era liberdade.

A rotina no barco

Enquanto navegávamos para o sul para cidades cada vez mais obscuras e ilhas cada vez menores, nós estabelecemos um ritmo. Pela manhã, Norman nos levava para algum porto para que ele e Alison pudessem resolver suas coisas (comprar alimentos, combustível, levar a roupa à lavanderia, ir ao banco, ler e-mails) e às 17h ele nos esperava nas docas para nos levar ao Illusion para o jantar. (Apesar de não serem os frutos do mar gourmets caribenhos que eu esperava, os pratos preparados por Alison e Norman eram saborosos e fartos, particularmente o assado de domingo, com batata crocante, cebolas e cenouras caramelizadas e molho.) Nesse intervalo, nós da tripulação podíamos fazer o que quiséssemos.

A princípio, em Santa Lúcia, nós simplesmente nos ajustamos ao clima, caminhando por Vieux Fort -uma cidade pacata de edificações decrépitas de concreto e outras mais velhas de madeira, cujos lintéis com trabalhos complexos nos lembravam das casas tâmeis na Índia- até a praia Anse de Sables, onde crianças andavam a cavalo nas águas quentes, e até o vizinho Coastline Beach Bar, que servia cerveja lager Piton sub zero e peixe frito picante (16 dólares do Caribe do Leste, ou cerca de US$ 6, com o dólar americano valendo a taxa fixa de 2,67 dólares do Caribe do Leste).

Quando chegamos a São Vicente, nós estávamos empolgados para explorar a ilha, particularmente considerando que Wallilabou Bay só tinha dois endereços comerciais -o Wallilabou Anchorage, um pequeno restaurante e alfândega, e o Pirate's Retreat, um bar incrível, semi-improvisado, dirigido por um ex-motorista de táxi de Nova York chamado Tony- e apenas uma atração: cenários mal conservados onde "Piratas do Caribe" foi filmado.

Então entramos em um micro-ônibus (juntamente com 18 outras pessoas) para um passeio estilo montanha-russa (4 dólares do C.L.) pelas subidas, descidas e curvas abundantes da ilha até Kingstown, a capital, onde admiramos a arquitetura colonial e assistimos os moradores locais jogando xadrez e dominó. Em outro dia, nós contratamos Speedy, um amigo de Norman com cabelo rastafári, para guiar Steve e eu até o alto do vulcão Soufrière de 1.177 metros, uma caminhada desafiadora, passando por rampas de lava cujo solo estava repleto de uma fruta tipo maracujá, depois passando por plantações ilícitas de maconha até uma cratera ventosa e fumegante. (Nós pagamos ao Speedy 120 dólares do C.L., mais 80 pelo táxi.)

À medida que as ilhas encolhiam, então encolheram nossas opções. Em Bequia, 18 quilômetros quadrados de colinas íngremes e praias imaculadas que Norman chamou de "central de iatismo" das Granadinas, nós mergulhamos com snorkel na Praia Princesa Margaret e assistimos a uma partida de futebol no domingo, no estádio de Port Elizabeth. Nós pegamos um almoço no Green Boley, um bar ao ar livre onde conch roti -um molusco com curry e batatas envoltos em pão chato- foi o melhor que já comi (15 dólares do C.L.), e no Maria's French Terrace, um restaurante arejado no segundo andar com Wi-Fi gratuito, onde um sanduíche de peixe (atum naquele dia) custa 22 dólares do C.L.

Na ainda menor ilha Union, que tinha uma charmosa rua comercial principal, Steve e eu apenas jogamos bilhar no Anchorage Yacht Club e comemos um ótimo peixe frito com salada (25 dólares do C.L. para cada um de nós, incluindo cerveja) no Olivia's Family Restaurant. E na ilha Mayreau, um ponto em forma de bumerangue com uma população de 300 pessoas, mais mergulho com snorkel, mais banho de sol e mais caminhadas a esmo. Elas nos levaram ao alto de uma colina onde encontramos uma bela igreja católica de pedra antiga, com seu interior de vigas de madeira, janelas com vitrais e vistas deslumbrantes de Cayes Tobago, uma excelente zona de mergulho.

E, é claro, havia os bares, aos quais íamos primeiro à tarde e então, quando ainda tínhamos energia, após o jantar. Mas apesar de consumirmos uma imensa quantidade de cerveja, rum, gim, uísque e (o favorito de Norman) Grand Marnier, o principal propósito dos bares não era beber, mas sim encontrar velhos amigos e fazer novos.

No Salty Dog, no alto de uma colina em Bequia, onde uma brisa constante nos refrescava quase tanto quanto as Heinekens geladas, nós discutimos com o gerente trinitário, Nigel, a respeito das qualidades de um ótimo molho de pimenta. No caseiro e casual New York Sports Bar, Steve e eu encontramos Michael Guenther, um alemão que vendeu sua empresa de software e usou os lucros para navegar primeiro pelo Mediterrâneo e agora pelo Caribe, e Roxanne, uma garota charmosa e misteriosa, famosa por todas Granadinas, que alegava ser amiga de todo mundo dos iates até Tony e Cherie Blair.

Na Ilha Union, nós seguimos Andy Trittle, um cozinheiro local, até o super badalado Stress Out Hideaway e rimos de sua imitação de Roxanne. Na metade da subida da colina em Mayreau ficava o Dennis's Hideaway, um complexo estilo Malibu com bar-restaurante (massa de peixes e frutos do mar -uau), casa de hóspedes, piscina e, é claro, o próprio Dennis Forde, que aos 48 anos tem pelo menos 100 anos de histórias para contar, como quando se tornou o primeiro membro negro do clube social do pub de Newcastle, décadas atrás, e de quando dançou em Bequia com uma prima que desconhecia -a lendária Roxanne.

Normalmente essas noites terminavam de forma estranha. Quando Norman não vinha, Steve e eu tínhamos que encontrar um meio de voltar ao Illusion, seja contratando uma lancha ou uma dinga de madeira com um só remador (de 20 a 50 dólares do C.L.). E mesmo quando Norman vinha, as coisas ficavam estranhas, como na noite em Bequia em que nos deparamos com uma dupla de moradores locais, cantando uma versão hipnótica do dueto country "Seven Spanish Angels", um cantando a parte de Willie Nelson e o outro a de Ray Charles, batucando o ritmo na caixa de plástico do telefone. Então Tango, um morador de Bequia alto e magro, com um senso bizarro de moda (ele certa vez estava usando um disco de DVD na testa) e que Norman frequentemente contratava para trabalhos diversos, apareceu do nada e começou a gritar com os músicos. Norman então começou a gritar com Tango, um ciclista com capacete chegou e começou a gritar com Tango, e então a polícia chegou e então...

No final eu estava de volta ao Illusion e, como minha cabine costumava ser quente demais, eu levava meus lençóis e travesseiro para o convés e ficava olhando para as estrelas, reunidas na tênue nuvem da Via Láctea, deixando as ondas e o vento me embalarem para dormir.
  • Matt Gross/The New York Times

    Nadando nas águas mornas e azuis de Santa Lúcia


Encontrando um barco


Das dezenas de sites que conectam tripulantes aos barcos, CrewFile.com, CrewRecruit.com, FloatPlan.com e FindACrew.com são apenas alguns poucos dos mais úteis. Preste atenção, pois alguns exigem taxas de filiação.

Para reservar uma vaga no S.V. Illusion, visite www.sv-illusion.co.uk. A taxa de US$ 55 por dia e o proprietário prefere que a tripulação passe no mínimo duas semanas a bordo. Mas o Illusion não é o único navio caribenho a seguir esse modelo de negócio. O brigue de 16 metros Karaka, por exemplo, atualmente está procura de tripulação no Caribe, com as despesas compartilhadas totalizando 100 euros (atualmente cerca de US$ 150) por semana (sem incluir comida) por pessoa; veja karaka.site.voila.fr para detalhes.

Chegando ao Caribe


Santa Lúcia costuma ser o local mais fácil para encontrar o S.V. Illusion. O Illusion atraca ou no porto pesqueiro de Vieux Fort, que fica a cerca de US$ 10 de táxi do aeroporto, ou na marina de Rodney Bay, a uma viagem de táxi de uma hora e custando US$ 65 ao norte da ilha.

Onde comer e beber


Em pequenas ilhas como esta, nomes de rua não importam ou não existem. Encontrar os lugares, entretanto, é fácil -basta perguntar e os moradores locais dirão aonde ir.
Santa Lucia

Coastline Bar
Anse de Sables Beach, Vieux Fort
Tel: (758) 454-5300

São Vicente e Granadinas

Wallilabou Anchorage
Wallilabou Bay
Tel: (784) 458-7270
www.wallilabou.com

The Pirates Retreat
Wallilabou Bay
Tel: (784) 431-0601

Bequia

Green Boley
Belmont Walkway, Port Elizabeth
Tel: (784) 458-3247

Salty Dog Pub
Port Elizabeth
Tel: (784) 457-3443

Marias French Terrace
Front Street, Port Elizabeth
Tel: (784) 458-3337

New York Sports Bar
Front Street, Port Elizabeth

Ilha Union

Anchorage Yacht Club
Clifton, Ilha Union
Tel: (784) 458-8221
www.anchorage-union.com

Olivias Family Restaurant
Clifton, Ilha Union
Tel: (784) 458-8319

Stress Out Hideaway
Clifton, Ilha Union

Ilha Mayreau

Denniss Hideaway
Saline Bay
Tel: (784) 458-8594
www.dennis-hideaway.com

* Matt Gross escreve o blog Viajante Frugal para o The New York Times

Tradução: George El Khouri Andolfato

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