Não há política de entrada no quase centenário Clärchens Ballhaus, nenhuma estudante de moda loira de Berlim de olhar entediado, vestida como uma propaganda de acessórios americanos pesquisando o público do fim de noite. Há uma revista de casacos, realizada pelo mesmo cavalheiro de bigode elegantemente vestido que o faz desde os anos 60, quando o Clärchens era um salão de dança no leste comunista de Berlim. Seu colega, Klaus Schliebs, vestido de smoking toda noite no fim de semana, recebe seu ingresso após você pagar o valor de couvert de 3 euros, cerca de US$ 5, com o euro cotado a US$ 1,60.
Todos que chegam podem entrar. "Desde que não pareça estar com um nível seriamente alto de álcool no sangue, nós deixaremos você entrar", diz o proprietário, Christian Schulz.
A democracia na porta é imediatamente evidente no lado de dentro, onde casais de diversas idades e estilos dançam descontraidamente canções que variam de Jimi Hendrix e Abba ao cantor popular Udo Jurgens, interpretados por uma banda cover. Mães do bairro Prenzlauer Berg, ignorando os telefonemas das babás por mais alguns minutos, dançam com estudantes italianos de intercâmbio e homens mais velhos usando seus ternos dominicais. Faixas de celofane cedidas por um designer de palco do vizinho teatro Volksbuhne dão ao local um tom de "Encantamento Submarino". O ambiente é paquerador, desinibido e eclético.
"Você está lá e pensa que está em um filme austríaco do final dos anos 80", diz Thomas Demand, um fotógrafo e artista de instalações de Berlim. Como a maioria do público regular do Clärchens, Demand é um freqüentador pós-meia-noite, quando o jantar é retirado das toalhas brancas das mesas de restaurante, deixando apenas xícaras de café vazias e garrafas de vinho pela metade.
"As pessoas vêm aqui na esperança de encontrarem o amor de suas vidas", disse Schulz, que assumiu o Clärchens (Auguststrasse, 24; 49-30-282-92-95; www.ballhaus.de) em 2005 juntamente com seu sócio, David Regehr, e o transformou de um restaurante que deixava a desejar em um restaurante e danceteria de fim de noite de grande sucesso.
Um veterano do teatro, Schulz vê o Clärchens como um palco no qual as aventuras noturnas são improvisadas. Alguns astros e estrelas também marcam presença no Clärchens: Willem Defoe, Bjork, o artista Matthew Barney, Charlotte Rampling e outros nomes que Schulz está muito cansado para lembrar. Mas eles vêm porque podem, sem serem perturbados, dançar tangos elegantes, suar ao som de James Brown ou beber vinho no andar de cima em meio a espelhos quebrados e o clima assombrado do Salão dos Espelhos. Como não são mais as atrações principais, eles dançam no assoalho pegajoso devido ao álcool derramado e se tornam participantes do show de fim de noite.
Tradução: George El Khouri Andolfato
Praga
Uma vez por mês, música alta e pulsante dentro de um bonde que circula pela madrugada da cidade