UOL Viagem

29/11/2006 - 20h58

Livro sobre Florianópolis traz visão realista

Gabriela Belém
Da Redação

Caio Vilela

De parapente, fotógrafo foca pessoas jogando capoeira na praia do Santinho

De parapente, fotógrafo foca pessoas jogando capoeira na praia do Santinho

O livro "As Cidades do Brasil: Florianópolis" tem como melhor atributo o que a maioria dos guias de viagem não oferece: mostra a cidade a partir de uma visão crítica, e honesta, sobre a realidade local. Se a obra for a referência para conhecer o lugar, o viajante conseguirá entender os aspectos culturais e históricos que levaram à construção das contradições de uma cidade e da maneira de ser de sua população. Nem por isso os cenários serão menos belos, apenas compreendidos de forma mais humana.

O comprador não se iludirá com maravilhas prometidas, reveladas de maneira artificial e romântica, porque a idéia não é "vender" o destino turístico, mas apresentar um panorama analítico sobre as diversas paisagens e situações, aponta o jornalista José Geraldo Couto, autor dos textos. "A obra registra a mistura de elementos arcaicos da época colonial, junto aos aspectos modernos e cosmopolitas de Florianópolis", explica.

Como todo canto do mundo, há coisas boas e ruins na cidade. O ponto alto de "Floripa", segundo Couto, é a variedade de cenários e experiências humanas existentes na cidade. "A ilha tem 42 praias de vários tipos (de águas calmas, mar azul claro, com rochas vulcânicas...), além de cachoeiras, das dunas na praia da Joaquina e dos Ingleses, das matas, das lagoas (do Peri e da Conceição)... Sem falar na quantidade de esportes náuticos praticados, como o surfe, a vela, a natação, o parapente, a asa-delta, o kitesurfe, a canoa havaiana, entre outros", diz.

Outro ponto atrativo é a abordagem da história, das festas populares e da cultura da ilha. Quando foi atacada por espanhóis em 1777, a maneira que os portugueses encontraram para manter o poderio territorial foi trazer 5.000 habitantes da Ilha de Açores para se instalar no local. A influência da colonização açoriana permanece viva nos trabalhos das rendeiras, na linguagem popular, com o uso do "tu" e do "ti" e da expressão "jacarezinho de parede", para designar a palavra lagartixa, por exemplo. O artesanato da festa do Boi Mamão, o cotidiano dos habitantes e os casarios das vilas do século dezoito também estão devidamente retratados.

A parte realista consiste em revelar "uma população um tanto arredia e esquiva para com os seus visitantes, uma morosidade nos serviços, horários inconstantes no comércio, além de problemas sérios de planejamento urbano", que vêm sendo ignorados por seus governantes há tempos. O livro enumera, entre eles, "o crescimento rápido e desordenado da cidade, o aumento da violência, a falta de preservação do meio ambiente, a precariedade do saneamento básico e a insuficiência da rede viária e dos transportes públicos, que causa vários congestionamentos na ilha na alta estação".

A moral da história para Couto, na verdade, é um alerta. Para Floripa conseguir "fazer juz ao título de capital da qualidade de vida" brasileira, será necessário mais "trabalho, dinheiro e vontade política".

Fotos

A beleza das fotos resulta do trabalho acurado de seu autor. Segundo o fotógrafo Caio Vilela, houve especial cuidado com os ângulos e foco dos assuntos.

"Fui buscar posições mais inusitadas e fotografei de várias formas: em passeios de barco, rodei a ilha de bicicleta, subi em montanhas com escaladores, até tirei uma foto de uma roda de capoeira de cima do parapente, em vôo duplo, na praia do Santinho", explica.

As legendas das imagens são em português, espanhol e inglês.


As Cidades do Brasil - Florianópolis
Autores: José Geraldo Couto (textos) e Caio Vilela (fotos)
Editora: Publifolha
112 páginas
R$ 29,90
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Lançamento do livro sobre Florianópolis

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