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São Paulo

36 horas em São Paulo - A gigante cidade
de negócios, cultura e compras

SETH KUGEL
New York Times Syndicate

Lalo de Almeida/NYT

Interior da Estação da Luz reformada

Ela pode ser a cidade mais feia e perigosa que você amará. Prédios cinzentos se erguem no horizonte, o centro é coberto de grafite. Uma cidade onde aqueles que podem dirigem carros à prova de balas, e onde os cabos elétricos formam um emaranhado que parece bloquear o Sol. Mas São Paulo, a maior e mais moderna cidade do Brasil, também possui abundância de atrativos. Saboreie caipirinhas em um bar glamouroso cercado pela alta sociedade da cidade, exibindo relógios Paneral de US$ 10 mil em um braço e uma top model no outro. Faça compras em lojas obscenamente luxuosas como a Daslu, uma butique tão exclusiva que os clientes costumam chegar de helicóptero. Ou sente-se em um café na Rua Oscar Freire e observe os ricos e belos passarem.

Sexta-feira

15h - Parque cultural
Vá ao centro da cidade antes da hora do rush e siga para a Luz, um bairro antes infestado pelas drogas que está sendo recuperado. Passeie pela Estação da Luz (Praça da Luz, 1), uma estação de trem do final do século 19 que foi belamente reformada, antes de caminhar pela Praça da Luz, um parque margeado por palmeiras onde bandas tocam música sertaneja em um coreto. Belas esculturas pontilham o espaço verde. Entre elas estão colares de autoria da artista brasileira Lygia Reinach, colocados em árvores como se fosse musgo. Se você quiser ver mais arte brasileira, entre na Pinacoteca do Estado (Praça da Luz, 2; 11-3324-1000), um museu deslumbrantemente reformado que exibe alguns dos melhores artistas do país.

18h - Cerveja espumante
A qualidade de um bar em São Paulo é medida em grande parte pelo seu chope, a cerveja draft ao estilo brasileiro. E o processo de retirada é uma arte para os brasileiros tanto quanto o da Guinness para os irlandeses. Mestres em chope podem ser encontrados no Bar Léo (Rua Aurora, 100; 11-3221-0247; www.barleo.com.br), um bar estilo alemão no rude centro da cidade. Para testar a habilidade do barman, peça um "leitinho", só colarinho e sem cerveja. Pode soar loucura para um americano bebedor de cerveja com fobia de colarinho, mas o chope todo colarinho é tão cremoso que você poderá se tornar um convertido.

20h - Caetano comeu aqui
Apesar de seu nome de cerveja, o Bar Brahma (Avenida São João, 677; 11-3333-0855; www.barbrahmasp.com) serve pratos tradicionais brasileiros como pastéis de carne seca e estrogonofe com arroz e coberto em batata palha (os preço dos pratos variam a partir de R$ 20). Saboreie acompanhados de chope, ao som de música popular brasileira, ou MPB. Ou sente no terraço, com vista para o cruzamento da Avenida Ipiranga com a Avenida São João. Como todos lhe dirão, é ali onde começa a canção "Sampa" de Caetano Veloso. A lenda diz que Caetano compôs a canção ali.

Sábado

9h - Pão 24 horas
Se você perdeu a farra alimentar pós-festa na noite anterior, não tema. A Galeria dos Pães (Ruas Estados Unidos, 1645, 11-3064-5900; www.galeriadospaes.com.br), um mercado 24 horas, ainda está a todo vapor para o café da manhã. Peça uma coxinha de galinha no balcão ou, melhor, desfrute do bufê de café da manhã (R$ 17,80) no mezanino. Sirva-se de suco de laranja recém espremido, um forte café expresso com leite, massas, queijos e frios. Estes últimos podem parecer um pouco com almoço americano, mas este é um café da manhã tradicional brasileiro.

10h30 - Como vive o 1%
A desigualdade de renda é um fato da vida no Brasil, e se você estiver saindo do café da manhã na Galeria dos Pães, é possível conferir como vivem os ricos caminhando pelo bairro de classe alta do Jardim América, que termina na rica porém mais comercial Avenida Paulista, uma das melhores vias para se caminhar na cidade. Pare no Museu de Arte de São Paulo (Avenida Paulista, 1578; 11-3251-5644; www.masp.uol.com.br), conhecido localmente como Masp, um notável prédio em estilo brutalista que carece do piso térreo. Quatro imensos pilares sustentam a caixa de vidro e concreto acima do solo.

14h - Compras sem fios
Tome um táxi para a luxuosa Rua Oscar Freire, onde Rodeo Drive encontra a Newbury Street em Boston, com cafés como Santo Grão (Oscar Freire, 413; 11-3082-9969) e lojas de alto luxo como Calvin Klein e La Perla dividindo espaço imobiliário caríssimo com marcas brasileiras como Cris Barros e Osklen, conhecida por sua moda surfwear fashion (Nº 645; 11-3083-7977; www.osklen.com). Toda a rua foi reformada no ano passado: a prefeitura colocou bancos e iluminação de rua e, mais notadamente, enterrou a fiação, fornecendo um breve descanso da loucura infernal de cabos elétricos da cidade. Para um turista cansado, isto por si só é um luxo.

20h - Para um jantar refinado
Escolher um bom restaurante é como encontrar palha no palheiro. Nos fins de semana, os ricos paulistanos lotam o Rodeio (Rua Haddock Lobo, 1498; 55-11-3474-1333; www.churrascariarodeio.com.br), uma churrascaria de luxo onde a picanha é grelhada diante dos seus olhos. Em vez de deixar a carne esfriar, o serviço cortês serve porções menores, recém preparadas. O show se estende ao palmito assado, que é cortado diante de você, e ao arroz rodeio, com batata palha, cebola à milanesa, bacon e ovo frito misturados como salada. O jantar sai em torno de R$ 75 por pessoa.

Meia-noite - Sambando para queimar calorias
Você fez o programa popular, fez o programa de elite, agora tome um táxi (entre R$ 25 e R$ 30) até a Vila Madalena e faça o programa boêmio. O bairro, onde as ruas principais são movimentadas e boas para caminhar, está cheio de clubes baratos e despretensiosos com música ao vivo. Se tiver interesse em samba (ou quiser descobrir do que tanto falam), vá ao Salve Simpatia (Rua Mourato Coelho, 1329; 11-3814-0501), que traz um pouco da energia do Rio com percussão febril e esculturas alegres. Os paulistanos não são conhecidos por seus passos de dança, mas se ainda sentir timidez, leve sua caipirinha (bem forte, R$ 10) para o mezanino e assista do alto. Para um ambiente mais tranqüilo, um violonista toca e canta no minúsculo Feitiço de Áquila (Rua Inácio Pereira da Rocha, 618; 11-3813-8868; www.feiticodavila.com.br).

Domingo

9h - Leve-te a um mosteiro
Diferente do pesadelo de trânsito durante a semana, o centro de São Paulo parece uma cidade fantasma nos fins de semana. Uma é o Mosteiro e Igreja de São Bento (Largo de São Bento; 11-3328-8799; www.mosteiro.org.br), que atrai grandes multidões aos domingos. É mais um evento cultural do que religioso, com cantos gregorianos acompanhando a missa das 10 horas da manhã. Chegue cedo caso queira encontrar um lugar para sentar.

11h - No Mercadão
Se misture ao povo no grande e antigo Mercado Municipal Paulistano (Rua da Cantareira, 306; 11-3228-0673; www.mercadomunicipal.com.br), mais informalmente chamado de Mercadão. O espaço de 12.600 metros quadrados está repleto de peixe e queijos frescos e frutas estranhas (experimente a jabuticaba, uma fruta preta arroxeada que parece uma uva gigante). O mercado também é famoso por pastéis de bacalhau. Um dos melhores pode ser encontrado no Hocca Bar (11-3227-6938; www.hoccabar.com.br), onde o pastel sem gosto exagerado de peixe e nem salgado demais custa R$ 7,50. Deixe uma pessoa esperando na fila enquanto as demais procuram uma mesa. Quando a comida é tão boa, as coisas nesta cidade de 11 milhões de habitantes podem ficar um pouco lotadas.

13h - Uma caminhada pelo parque
Queime as calorias do bacalhau no Parque do Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral; 11-5574-5177), um oásis de 1,6 milhões de metros quadrados de verde em uma cidade cinzenta. Projetado por Roberto Burle Marx, o célebre paisagista brasileiro, o parque tem trilhas para bicicletas e corredores, quadras para futebol, playgrounds para as crianças e muitos lugares para explorar. Também conta com prédios e museus para visitar, muitos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Vale a pena checar o Museu de Arte Moderna de São Paulo (11-5085-1300), uma caixa de concreto modernista que abriga uma rica variedade de artistas brasileiros e um jardim de esculturas.

Não deixe o parque sem antes provar uma refrescante água de coco, vendida por ambulantes em toda parte.

O Básico

Várias companhias aéreas voam entre Nova York e São Paulo, incluindo a American, Delta, Continental, Japan Airlines e a brasileira TAM. Uma recente pesquisa online encontrou tarifas a partir de US$ 890 para o início de novembro. Preços melhores às vezes podem ser encontrados pela BACC (800-222-2746; www.bacctravel.com), a agência de turismo de Nova York especializada em viagem ao Brasil.

No topo das opções de estadia está o Unique (Avenida Brigadeiro Luís Antonio, 2700; 11-3055-4710; www.hotelunique.com.br), um hotel chique no rico bairro do Jardim Paulista. As diárias dos quartos modernos, que oferecem boas vistas, saem a partir de US$ 430.

O Fasano (Rua Vittorio Fasano, 88; 11-3896-4000; www.fasano.com.br), localizado em uma área mais central, próxima da Avenida Paulista, foi inaugurado em 2003 com estilo anos 30. Diárias a partir de US$ 440.

Para uma estadia mais barata, experimente o Mercure Apartments Executive One (Rua Santa Justina, 210; 11-3089-6222; www.accorhotels.com.br) no elegante bairro Itaim Bibi/Vila Olímpia. Diárias a partir de US$ 73 nos fins de semana.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Atualizado em Novembro de 2007