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Heloísa Schürmann

Após mais de 20 anos de viagens, velejadora revela maravilhas intocadas no mundo

Da Redação
Após passar dez anos ininterruptos num veleiro e com um currículo de mais de 20 anos em viagens mundo afora, Heloísa Schürmann seleciona os lugares mais marcantes por onde já passou - a maioria quase intocados pelo homem, de natureza selvagem e muito tranqüilos.

Em todos esses anos, o primeiro "lugar favorito" que vem à cabeça de Schürmann é Moorea, na Polinésia Francesa, ilha que disputa com Bora Bora o título de mais bonita do mundo, segundo o guia da jornalista Patrícia Schultz "1.000 Lugares Para Conhecer Antes de Morrer" (recorde de vendas pelo ranking do jornal New York Times).

"Os nativos conseguiram manter a cultura local. Os hotéis não tomaram conta do lugar. Tem águas maravilhosas, limpas, de um azul turquesa incrível. Parece uma piscina! Você pode mergulhar de snorkel e ver raias, peixes coloridos. Além disso, os nativos são superamigos, acolhedores, te levam para a casa deles. Você assiste às danças típicas, aos rituais... Eu moraria lá de graça!", conta a velejadora.

Na lista de destinos imperdíveis de Schürmann, também consta a Patagônia, local que ainda preserva uma natureza selvagem da época pré-colombiana, com montanhas cobertas de neve, lagos de águas claras e limpas e florestas intactas. "Apesar de não gostar muito de frio, me fascina aquela beleza intocada, aquele silêncio. É um local bem inóspito. Nós ancoramos lá uma vez e ficamos três semanas sem ver ninguém", diz.

Heloísa destaca ainda a Ilha de Páscoa, que pertence ao Chile, no Oceano Pacífico. A Rapa Nui, descoberta pelo navegadores da Companhia das Índias Ocidentais da Holanda em 1722, é a mais remota ilha habitada no mundo - a 1.900 km da sua vizinha Pitcairn. Também chamada de "Umbigo do Mundo", é um museu de história natural e berço de tesouros arqueológicos. Lembrado por sua associação com as estátuas dos "Moai" (mais de 600 figuras de pedra, com 15m de altura e até 250 toneladas de peso, de aspecto sobrenatural e sem olhos), o local reserva mistérios nunca desvendados pelo homem. E isso é justamente o que mais atrai Schürmann.

"Enigmática, a ilha parece um imã. Os 'Moai' foram esculpidos no tufo de um vulcão, que é profundo e íngreme para se sair de dentro. Como foram transportados por mais de dez quilômetros em montanhas é realmente intrigante. Lá os nativos vão se energizar e pegar "manás" (força). Todas as estátuas olham para o oeste da ilha. Nenhuma para o mar. Além disso, de uma montanha, pude ver pela primeira vez a linha do horizonte completamente curva", explica.

Mais um "xodó" da navegadora, é a ilha Coco's Keeling, próxima a Indonésia, mas que pertence a Austrália (a 5 km da cidade de Perth). "É o sonho de todo navegador. Há choupanas com toda a infra-estrutura para quem veleja: lugar para lavar roupas, com mesas, churrasqueiras, entre outras coisas. Você pode fazer compras até em supermercados lá. É o ponto de encontro dos velejadores que vêm do oceano Índico e vão atravessar o Mediterrâneo. O mar é limpo, claro e azul turquesa".

Brasil

Entre os lugares que adora no Brasil, está a desconhecida praia dos Carneiros , no litoral sul de Pernambuco. "É muito linda. Quase deserta... Não pode divulgar, senão estragam a beleza do lugar", brinca. Fernando de Noronha e Florianópolis entram na lista também , com a ressalva de que "em Floripa tem muita gente", e ela prefere lugares mais sossegados.

Em Santa Catarina, Schürmann diz gostar bastante da Costa da Esmeralda, especialmente de Bombinhas, onde mantém o Instituto Kat Schürmann de preservação e educação ambiental. "Fazemos um trabalho de preservação ambiental e trabalhamos com escolas públicas e privadas. De dezembro a fevereiro, abrimos o instituto ao público para visitação. Tem exposição de fotos dos lugares que percorremos, peças de artesanato de vários países, trilhas. É um museu da família mesmo. O espaço tem 30.000 metros quadrados e foi doado por um empresário", explica.

Apesar de ter perdido sua filha Kat, 14 anos, há cinco meses, não lhe faltam entusiasmo, vontade de viver e determinação para realizar novos projetos.

A corajosa desbravadora de mares e novos horizontes também revelou por que manter o espírito desprendido é essencial para quem busca novas aventuras e quer aproveitar bem cada minuto da vida.

"Meu pai morreu quando eu tinha quatro anos. Nos meus 12, minha mãe decidiu casar de novo com um americano e teve que deixar tudo para trás e se mudar para os Estados Unidos com dois filhos. Ela sempre me ensinou que você só leva desta vida a experiência que você tem. Quando ficar velhinha deve ter boas histórias para contar, me dizia. Assim, aprendi a enfretar as situações novas de peito aberto", explica.