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Iêda Marques

Fotógrafa sugere roteiro cultural pelas festas populares da Chapada Diamantina

Da Redação
Para visitar a Chapada Diamantina, o viajante tem de pensar num circuito cultural, além das belezas naturais. A dica é da fotógrafa baiana Iêda Marques, que mora na região, no município de Boninal.

O porquê de um passeio cultural pelas cidades do semi-árido tem fundamento no trabalho que ela produz. Iêda coordena a Associação de Cultura Popular Quebra Côco e faz fotografias sobre o povo da Chapada Diamantina e seus costumes.

Comprometida com a preservação da riqueza cultural da região, a fotógrafa explica que o incentivo ao turismo do semi-árido nordestino pode ajudar a desenvolver uma visão menos caricata do sertanejo. "Nós do Nordeste não somos apenas os miseráveis, os pobrezinhos... Temos nossa visão de mundo, nossa estética, nossa espiritualidade e formas de expressar a arte", diz.

O roteiro que Marques sugere é baseado nas datas comemorativas das festas populares, principalmente as religiosas. De dezembro a janeiro, há os giros dos grupos de Reis. "Os cantadores de reisado fazem rondas geralmente de 25 de dezembro a 6 de janeiro. Mas existem várias datas, e o turista deve checar com as prefeituras de cada município da Chapada Diamantina. De 13 de dezembro a 20 de janeiro, por exemplo, há o grupo de reis do Munhugú, em Boninal", conta.

No São João, há um grupo de batuques, na cidade de Seabra, que faz música acompanhado de um bumba-meu-boi - "diferente do boi do Maranhão e de Pernambuco, porque sai correndo atrás das pessoas".

Segundo Iêda, na Semana Santa, os eventos populares imperdíveis são a queimação do Judas em praça pública e a Lamentação das Almas, quando pessoas enroladas em lençóis saem em procissão na sexta-feira para rezar pelas almas, cantando. "Em Xique-xique do Igatú existe uma 'lamentação' famosa", diz.

A fotógrafa também indica a festa do Divino de Andaraí, que ocorre entre maio e junho. "A data varia de acordo com o Carnaval. É após a quarentena que se encerra com a Páscoa. O evento é uma procissão, uma caminhada com a bandeira do Divino".

Para Iêda, este contato com o povo nordestino já é um atrativo em si na viagem. "Todo mundo é muito carinhoso, muito afetuoso... O desconfiado sertanejo, quando perde a desconfiança, vira logo um doce. E também é muito solidário. Para viver na dureza tem de se aprender com a solidariedade".

Marques também recomenda uma visita a Barreiras, município localizado a oeste da Chapada Diamantina. "A congada de Angical, vizinha a Barreiras, é muito boa. Também tem a roda de São Gonçalo, festa em Santa Rita de Cássia, que é uma cantoria, com dança coreografada".

Ainda a oeste Chapada Diamantina, em direção à Bacia do rio São Francisco, há há belezas naturais pouco conhecidas, ensina Iêda. "Existem várias grutas, cachoeiras e rios... Tem o rio das Ondas, onde você desce de bóia nas corredeiras. A cachoeira do Redondo reúne três quedas, uma do lado da outra, e a água é cristalina (no rio de Janeiro). Há coisas lindas nos rios Grande, das Fêmeas, das Almas, Branco", finaliza.