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Cidade Proibida abre ao turismo ala das imperatrizes e concubinas

Antonio Broto

De Pequim

14/05/2012 06h03

Dizem que a Cidade Proibida de Pequim, o antigo palácio imperial chinês, tem 9.999 aposentos, e muitos deles não podem ser visitados pelos turistas, mas quatro recintos que um dia serviram como residência das imperatrizes e concubinas acabaram ser abertos para o público.

Os quartos, após meia década de trabalhos de restauração, ficam ao leste dos principais aposentos do palácio (localizados no eixo central) e desde o início do mês foram abertos à visitação. Os recintos são um dos locais mais secretos da Cidade Proibida, pois nem o imperador podia frequentá-los.

Trata-se da ala das imperatrizes e concubinas, onde elas moravam e realizavam rituais religiosos, especialmente durante a dinastia Qing (1644-1911), a última das duas que fizeram da Cidade Proibida sua residência.

O mais espetacular dos novos recintos abertos ao público é o Huang Ji Dian, ou "Salão das Normas do Governo", construído em 1689 e que tem ao centro um enorme trono dourado, ladeado por duas figuras de elefantes.

O aposento, onde se respira uma tranquilidade que não existe nas outras partes do palácio, tomadas por turistas, é conhecido, entre outras coisas, por ser o lugar onde a imperatriz viúva Cixi, uma das figuras mais importantes de seu período, celebrou seu 70º aniversário, por volta de 1905.

Mais ao norte fica o Palácio da Longevidade Feliz (Le Shou Tang), construído em 1776 e onde Cixi morou. A imperatriz foi uma figura de destaque, pois durante quase meio século reinou nas sombras enquanto ocorriam as Guerras do Ópio e o assédio das potências europeias, que chegaram a invadir Pequim.

O lugar favorito dos turistas chineses se localiza ainda mais ao norte, no jardim que dá acesso a esta ala e onde se encontra um poço conhecido porque nele morreu afogada a concubina Zhen, a favorita do imperador, assassinada por Cixi para que não a ofuscasse.

A exibição destas áreas, até agora reservadas aos pesquisadores, faz parte da política de abertura do novo curador do palácio-museu imperial, Shan Jixiang, que deseja que os turistas possam visitar dois terços de toda a Cidade Proibida (até agora só metade dela é aberta ao público).

Muitos aposentos ainda fechados são armazéns, locais de estudo dos pesquisadores da China imperial ou áreas ainda não restauradas pelo museu, que há anos se encontra num delicado e longo processo de renovação que durará duas décadas.

Com a política de abertura, os administradores do palácio querem ganhar de novo o afeto dos pequineses, após um ano de 2011 repleto de críticas à gestão da Cidade Proibida. No ano passado, peças de uma exposição foram roubadas e uma valiosa porcelana imperial quebrou.

A Cidade Proibida foi durante quase 500 anos a residência dos imperadores, e muitas de suas áreas não podiam ser frequentadas pelos cidadãos chineses, que eram punidos até com a morte caso tentassem entrar no local. Em 1925, o último imperador chinês, Pu Yi, foi expulso do palácio, e 14 anos depois foi instaurada a república na China.

Visitada por 14 milhões de turistas no ano passado, a Cidade Imperial fica ao norte da famosa praça da Paz Celestial, e está incluída na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 1987.