Topo

Maioria dos estrangeiros acha difícil fazer amizade com alemães

Alemanha ficou em 36º lugar em ranking de 68 países - iStock
Alemanha ficou em 36º lugar em ranking de 68 países Imagem: iStock

Jennifer Wagner

Da Deutsche Welle

07/09/2018 14h37

Com bons empregos, a Alemanha atrai muitos trabalhadores estrangeiros, mas grande parte deles não se sente bem-vinda no país, diz estudo.

A frieza dos alemães e a dificuldade de fazer amizades com eles estão entre os maiores desafios enfrentados por estrangeiros que vivem na Alemanha, aponta a pesquisa Expat Insider, divulgada nesta quinta-feira (6) pela InterNations, uma plataforma online para pessoas que vivem e trabalham no exterior.

Veja também

Há anos os expatriados entrevistados reclamam da frieza dos alemães, mas desta vez a Alemanha ficou numa posição particularmente baixa no ranking: em 36º lugar entre 68 países analisados. Apenas quatro anos atrás, em 2014, a Alemanha apareceu em 12º lugar.

"Cinquenta e seis por cento das pessoas que participaram do estudo na Alemanha acham difícil fazer amizade com os locais", diz Malte Zeeck, cofundador da InterNations.

Segundo Zeeck, nos países analisados como um todo, apenas 36% dos entrevistados disseram ter enfrentado problemas para fazer amigos em sua nova comunidade. O debate público sobre imigração provavelmente não ajudou as pessoas a se sentirem bem-vindas, disse à DW.

Nem mesmo a reputação da Alemanha como um bom local para os negócios, que oferece empregos seguros e tem uma economia aquecida, foi capaz de neutralizar essa impressão.

"A Alemanha é um local muito atraente para os trabalhadores estrangeiros", disse Marcel Fratzscher, diretor do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica (DIW, na sigla e alemão), de Berlim.

De acordo com Fratzscher, nos últimos dez anos, cerca de 300 mil trabalhadores de outros países da União Europeia (UE) se mudaram para a Alemanha a cada ano em busca de trabalho, "porque a Alemanha oferece bons empregos com boas opções de treinamento". E isso não deverá mudar tão cedo, diz Fratzscher.

Os trabalhadores estrangeiros são importantes para a Alemanha, que atualmente enfrenta escassez de mão de obra qualificada. De olho na mudança demográfica, a Alemanha deveria adotar uma atitude mais tolerante em relação aos estrangeiros, considera Fratzscher.

"Não haveria um boom econômico na Alemanha sem os milhões de pessoas de outros países europeus que migraram para o país nos últimos 15 anos", afirma.

Trabalhadores altamente qualificados podem optar por qualquer lugar do mundo e só escolherão a Alemanha se, além de encontrarem bons empregos, forem aceitos, argumenta o especialista econômico. "Ainda colocamos muitos obstáculos no caminho deles", diz.

Brasil: segurança e instabilidade política

Outros dos países analisados no estudo foi o Brasil, onde "uma recepção calorosa não é suficiente para compensar grandes preocupações com segurança e um mercado de trabalho enfraquecido", diz o relatório da InterNations.

O Brasil ficou entre os quatro últimos colocados no ranking geral e em último lugar na subcategoria Segurança, com 56% dos entrevistados se sentindo pessoalmente ameaçados. Antes de se mudarem para o país, 59% dos expatriados consideram a segurança pessoal como uma possível desvantagem do Brasil.

Além da segurança, o cenário político atual também preocupa: 65% dos estrangeiros veem a instabilidade política de modo negativo.

Apesar dos problemas, 71% dos entrevistados ainda se dizem contentes em geral com suas vidas no Brasil, com a maioria elogiando as condições climáticas no país.

Para o estudo foram questionados mais de 18 mil expatriados em 187 países foram questionados sobre sua experiência de viver em um país estrangeiro. Na Alemanha foram mais de 1.600, enquanto na Groenlândia houve apenas um entrevistado. No final, 68 países entraram no ranking.

Bahrein ocupa o primeiro lugar na pesquisa de 2018. O país faz com que as pessoas se sintam bem-vindas, e as condições de trabalho são favoráveis. Expatriados também se sentem bem em Taiwan, que ocupa o segundo lugar por sua qualidade de vida.

Nas últimas quatro posições do ranking aparecem, além do Brasil (65º lugar), Índia (66º), Arábia Saudita (67º) e Kuwait (68º).