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Até R$ 30 mil: maior cruzeiro do Brasil tem tirolesa e ponte transparente

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Imagem: Divulgação

Talyta Vespa*

Do UOL Viagem

14/01/2019 04h00

Maior navio a navegar pela costa brasileira, com capacidade para até 5.300 passageiros, o Seaview é a aposta da MSC para as temporadas de verão de 2019 e 2020. Os roteiros da embarcação vão se alternar entre a costa brasileira e Mar Mediterrâneo, passando por ilhas da França, Espanha e Itália. Quando chegar o verão por aqui, ele vem. Quando o calor se intensificar do lado de lá, ele vai. 

Como o lance é verão, o cruzeiro tem áreas de lazer que envolvem quatro piscinas, uma tirolesa, cinco toboáguas e um deck com vista 360º. São 11 tipos de cabines, 11 restaurantes, um monte de bares e um teatro com capacidade para mais de 900 pessoas.

O UOL Viagem conheceu o navio no trecho brasileiro de seu primeiro itinerário. A viagem começou em novembro, quando o navio saiu da Itália. Após chegar a Salvador, passou pelo Rio de Janeiro e aportou em Santos no começo de dezembro. 

Antes de contar tintim por tintim do que a gente viveu a bordo do gigante, vamos falar de valores: os pacotes para curtir o cruzeiro vão de R$ 4.500** o casal, valor de uma viagem de três dias pela costa brasileira, a R$ 30 mil**. O pacote mais caro envolve um roteiro de sete noites com serviço exclusivo e privativo, o Yatch Club do Seaview. 

Para quem não quer bagunça

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O Yatch Club é o serviço VIP do cruzeiro, destinado a hóspedes que preferem ficar longe da bagunça. Além de 86 cabines exclusivas localizadas na proa do navio - bem de frente para o mar --, os passageiros Yatch Club têm direito a um mordomo 24 horas por dia, piscina privativa, restaurante e deck aos quais só eles têm acesso.

São 70 acomodações de luxo, nove internas e cinco especiais para pessoas com mobilidade reduzida. No Yatch Club há duas suítes presidenciais, as Royal suítes, cada uma com uma banheira de hidromassagem privativa. Pelo deck, que é envolto por vidros que dão de cara para o mar, o silêncio predomina. O público do ambiente de luxo é, em sua maioria, casais acima de 50 anos que já viajam em cruzeiros com frequência, segundo o diretor de marketing da MSC, Eduardo Mariani. 

Dormir nas suítes privativas inclui algumas regalias que eu nem sabia que existiam. Os lençóis que revestem a cama são feitos de algodão egípcio e, antes de dormir, o hóspede pode escolher o tipo de travesseiro onde apoiará a cabeça naquela noite. Isso mesmo, tem um menu de travesseiros no quarto.  Tá bom para você?

Tirolesa, piso transparente e toboáguas

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Uma das novidades que o Seaview traz é a tirolesa de 105 metros que parte do topo do navio e cruza a embarcação de ponta a ponta. A experiência não é das mais divertidas, já que a atração promete um voo em alta velocidade, mas, na prática, faz a gente voar bem devagarzinho. 

Em compensação, os toboáguas que tomam conta da área de lazer das piscinas são bastante divertidos e atendem gostos diversificados. Dá para descer em uma boia, sozinho, em tubos abertos ou fechados. Dois deles saem da extensão do navio, sendo que, em um, as extremidades do tobogã são transparentes - e, de dentro, dá para ver o mar.

MSC - Divulgação - Divulgação
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Além das piscinas do Aquapark, que é onde ficam os toboáguas, outras quatro são espalhadas pelo Seaview. Em uma delas, a temperatura da água varia de acordo com o clima. Quando fica frio, ela esquenta e é coberta por um teto solar móvel. As hidromassagens, com temperatura de 37ºC, são espalhadas pelas áreas de lazer e estão quase sempre lotadas. Só consegui entrar quando o navio atracou no Rio de Janeiro e muitos passageiros desceram para turistar. 

Se você é clichê, como eu, vai gostar de saber que no Seaview tem uma ponte suspensa com piso transparente que faz você se sentir no Titanic. Chamada de Ponte dos Suspiros, ela fica na popa e dá para ver o rastro que o navio deixa no mar. Se você não suspirar de emoção, vai suspirar de medo. 

ponte dos suspiros - Divulgação - Divulgação
Ponte dos Suspiros
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Spa em alto mar

Por R$ 358**, o hóspede de um cruzeiro de sete noites tem livre acesso à área termal do Aurea SPA, um espaço relaxante completo. O tour começa com saunas secas, passa pelas saunas úmidas e hidromassagem. Há, ainda, uma sala de banho de sal a 30ºC e um espaço a -6ºC, cercado de gelo. 

Na porta de cada atração, há informações sobre a temperatura da sala e quanto tempo cada pessoa deve permanecer dentro dela. 

O SPA ainda conta com uma academia de 870m², 17 variedades de massagem (a mais simples, de 30 minutos, custa R$ 200**, enquanto a mais cara, com velas, R$ 338**), tratamentos faciais e corporais, cabeleireiro, serviços de manicure e de maquiagem. 

Aí você pensa: mas quem vai gastar dinheiro para cortar o cabelo e fazer maquiagem em um cruzeiro? Um monte de gente. Não vi o salão vazio nenhuma vez. O corte custa R$ 127**.

SPA - Divulgação - Divulgação
Banho de Sal no SPA
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Gastronomia de ponta, mas só para quem pagar

Os pacotes de viagem incluem todas as refeições nos dois buffets, que funcionam 22 horas por dia. Os restaurantes à la carte, que também são dois, só abrem para o jantar (e lotam). Por isso, é preciso fazer reserva de mesa via aplicativo ou pelos painéis de informação que ficam espalhados pela embarcação.

Nos buffets, a variedade de comidas é grande, mas só as massas salvam -- nada inesperado para uma empresa italiana. O molho vermelho também se sai bem. O restante deixa a desejar, assim como nos espaços à la carte. Entrada, prato principal e sobremesa se mostraram pouco atraentes. No primeiro dia da viagem escolhi um estrogonofe que mais parecia um picadinho. Não era ruim, mas não era estrogonofe.

Mas a má impressão mudou ao conhecer dois dos restaurantes temáticos do navio: a churrascaria Butcher's Cut e o Asian Market, restaurante de teppanyaki e comida japonesa idealizado pelo chef Roy Yamaguchi. Fui surpreendida!

Eu não sou fã de carne vermelha, mas a costeleta de cordeiro que comi na churrascaria foi a melhor carne que já comi na vida. Dividi o prato, muito bem servido, com uma colega -- três costeletas para cada. O sabor explodiu na boca, dava vontade de passar o resto da vida comendo. Há várias opções de corte, do mais tradicional, como o filé mignon, até o bisão. Para acompanhar minhas costeletas, purê de batata e quatro molhos. Cada prato, com acompanhamento, custa em torno de R$ 258**. 

O Asian Market também foi uma grata surpresa. Provei o menu do teppanyaki, prato típico do Japão. A cozinha é um espetáculo à parte: os hóspedes se sentam no balcão enquanto, no centro, os chefs dão um show enquanto preparam os pratos. É uma opção de jantar com bagunça, não é recomendada para quem quer sossego.

Durante a experiência, saboreamos quatro tipos de comida: abrimos com dois sushis e duas fatias de sashimi; da chapa, vieram salmão com legumes, camarões com bastante alho, yakimeshi (arroz japonês com ovo, salsinha, ervilha e outros ingredientes) e, para finalizar, filé mignon com abobrinha e berinjela. Tudo muito saboroso, dava para sentir o gosto de cada ingrediente que passou por aquela chapa. 

Resumindo: comi tanto que nem consegui provar a sobremesa, um sorvete de chá verde. Ouvi dos colegas que era refrescante. O menu no Asian Market custa R$ 224**.

O terceiro restaurante temático é o de frutos do mar, Ocean Cay, com menu idealizado pelo chef Michelin Ramón Freixa. O festival de frutos do mar vale R$ 137. 

A impressão que passa é que o Seaview até sabe cozinhar. Mas só para quem paga (a mais).

Festas à beira da piscina e balada para o 'after'

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Teatro Odeon tem capacidade para mais de 900 pessoas
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Quem conseguir se mexer depois de comer tanto tem algumas opções de festa. A programação conta com alguns eventos à beira da piscina, perto dos bares. Com música, os hóspedes podem curtir o calor ao ar livre, só que não dá para virar a noite. As festas acabam cedo para evitar barulho e incômodo a quem já decidiu dormir. 

Quem quiser varar a noite pode recorrer à discoteca Garage, que só fecha por volta das 5h. O espaço não é dos maiores, mas não o vi lotado nenhuma vez. Toda a decoração da danceteria tem a cara dos anos 80 - tem até um possante bem oitentista enfeitando o salão. Lá dentro, há outro bar. Aos cansados, como eu, acho importante dizer que há poltronas dentro da balada.

Ainda na área do entretenimento, o Seaview tem um teatro com capacidade para 900 pessoas. O Odeon abriga um espetáculo por noite, o mesmo show acontece em três horários diferentes. Minha expectativa foi alta em relação à apresentação -- que a MSC garante ser padrão Broadway -- e me frustrei. Não são ruins, mas estão longe da Broadway. 

Quatro músicos fazem algumas interpretações de voz -- não tem banda, o que dá menos andamento para os shows musicais. As atrações de malabarismos e danças já animam mais, enchem os olhos e arrancam aplausos da plateia, que preenchia quase todas as cadeiras todas as noites.

Do lado da disco, tem uma sala só de jogos: um simulador de corrida XD mega divertido, duas pistas de boliche e joguinhos de máquina. Para os adultos, os jogos são outros: o cassino, que só funciona quando o navio está em alto mar e tem estrutura profissional. Ganhei 10 euros para gastar lá. Perdi tudo. 

*A repórter viajou a convite da MSC
**Preços consultados em dezembro de 2018 e sujeitos a alteração

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado anteriormente, os valores dentro do navio durante a temporada brasileira são cobrados em dólar, não em euros. O texto foi corrigido.