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Guerras e desastres estão colocando estes tesouros turísticos em perigo

Marcel Vincenti

Colaboração para o UOL

03/09/2018 04h00

O mundo está cheio de lugares que poderiam ser destinos turísticos de primeira grandeza, mas que, por causa de guerras, desastres naturais ou negligência, se encontram sob perigo ou seriamente danificados. 

Na Síria, por exemplo, fica o incrível sítio arqueológico de Palmira, que foi parcialmente destruído pelo Estado Islâmico e, atualmente, é um território onde quase nenhum turista se arriscaria a pisar. Já a Itália abriga o centro urbano histórico de Amatrice, atingido por um terremoto em 2016 e que, até hoje, está com sua linda estrutura medieval prejudicada pelo abalo sísmico.

E há muitos outros cartões-postais sob risco ou devastados ao redor do globo. Conheça sete deles. 

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Palmira, Síria

Sítio arqueológico de Palmira, na Síria - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Antes de sua guerra começar, em 2011, a Síria era um país pouco frequentado por turistas, mas que oferecia paisagens fantásticas para os visitantes. 

Um destes locais é o sítio arqueológico de Palmira, situado em um oásis a cerca de 250 quilômetros de Damasco e que, na época em que o Império Romano dominava a região, foi um dos principais entrepostos comerciais entre a Ásia e o mar Mediterrâneo. 

Trata-se de um lugar que teve enormes riquezas e que deixou, como legado para o presente, construções como um anfiteatro e um conjunto magnífico de colunas romanas, além de ter sua paisagem composta pelo Qala'at ibn Mann, um castelo posterior aos romanos (do século 16) que se destaca em cima de uma colina. 

Durante a guerra síria, porém, Palmira caiu sob o domínio do Estado Islâmico, que destruiu parte de sua estrutura, dinamitando, por exemplo, o templo do deus Baalshamin (associado às chuvas). Hoje, o sítio arqueológico está novamente controlado pelo governo de Bashar al-Asad, que trabalha para restaurá-lo. Entretanto, seu futuro, no meio do conflito armado que continua devastando o território sírio, é incerto.

Baalbek, Líbano

Templo de Baco, no sítio arqueológico de Baalbek, no Líbano - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Outro destino histórico que se encontra afetado pelas tensões da guerra síria é Baalbek, um dos mais bem preservados sítios arqueológicos da época do Império Romano no planeta (e que é considerado Patrimônio Mundial pela Unesco). 

O local abriga templos gigantescos, como as edificações dedicadas a Júpiter e Baco (esta segunda aparece na foto acima, com mais de 30 metros de altura e uma história que remonta ao século 2 a.C.), e é um prato cheio para quem gosta de lugares com arquitetura antiga. 

Muitos governos no mundo, entretanto, consideram perigoso para um estrangeiro ir até lá hoje, visto que Baalbek fica perto da fronteira síria. O ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, por exemplo, diz que viagens não essenciais à região devem ser evitadas (nos últimos anos, inclusive, morteiros vindo da Síria chegaram a cair na área). 

Leptis Magna, Líbia

Sítio arqueológico de Leptis Magna, na Líbia - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

A Líbia ainda vive uma situação de caos e conflitos armados surgida após o início da guerra civil que, em 2011, causou a queda e a morte de seu então presidente, Muammar Gaddafi. 

No meio deste ambiente violento, existe um sítio arqueológico fantástico chamado Leptis Magna (considerado Patrimônio Mundial pela Unesco) e que exibe, perto do mar Mediterrâneo, templos, um anfiteatro e vias cercadas por colunas construídas pelo Império Romano e que ainda se encontram em ótimo estado de conservação. 

Porém, entidades de grande importância no mundo, como o governo do Reino Unido, fazem uma análise preocupante sobre a dura realidade que ainda existe por lá: "A situação de segurança da Líbia continua frágil e pode se deteriorar rapidamente com confrontos armados", informa o ministério das Relações Exteriores britânico. "Há grande probabilidade de que ataques terroristas sejam realizados na Líbia".

Resta esperar que Leptis Magna não seja destruída. 

Amatrice, Itália

26.ago.2016 - Cidade de Amatrice, na Itália, após ser atingida por um terremoto - Vigili del Fuoco via Reuters - Vigili del Fuoco via Reuters
Imagem: Vigili del Fuoco via Reuters

Em agosto de 2016, o lindo centro urbano histórico de Amatrice, na Itália, foi atingido por um terremoto que deixou centenas de mortos e danificou seriamente boa parte de sua estrutura. Em janeiro de 2017, um novo abalo sísmico causou mais destruição. 

Um dos locais devastados pelo desastre natural de 2016 foi o Hotel Roma, com uma história que remontava ao século 19 e que era considerado uma espécie de templo da famosa pasta all'amatriciana.

Estas tragédias fizeram a organização World Monuments Fund (WMF) colocar Amatrice entre lugares de importância mundial que merecem cuidados especiais nos dias de hoje. Diversas edificações deste centro urbano italiano (localizado a cerca de 150 quilômetros de Roma) estão sendo restauradas e estabilizadas, mas diversas construções locais ainda continuam com sua estrutura comprometida pelos terremotos (e ainda há lugares destruídos por todos os cantos). 

"A Itália é propensa a ter terremotos e é fundamental que haja prevenção para lidar com abalos sísmicos, com reestruturação de prédios históricos", diz a WMF. 

Maldivas

Além do "mar de estrelas", arquipélago das Maldivas tem paisagens paradisíacas - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

A República das Maldivas é um arquipélago no oceano Índico que abriga algumas das paisagens litorâneas mais lindas do mundo, com praias banhadas por um mar de água incrivelmente cristalina. 

Parte deste destino turístico de primeira grandeza, entretanto, se encontra em perigo: estudos científicos indicam que o aumento do nível do oceano causado pelo aquecimento global pode tornar inabitáveis diversas ilhas das Maldivas (que têm altitude média baixíssima, quase que no mesmo nível do mar).

Uma destas pesquisas foi divulgada em 2018 pela publicação Science Advances e afirma que este desastre pode acontecer até a metade do século 21. 

Outros destinos paradisíacos do planeta, como as ilhas Seychelles, também podem ser afetados pela mesma situação.

Veneza, Itália

Cidade de Veneza, na Itália - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Veneza é outro destino turístico que pode ser destruído por causa do aquecimento global e suas consequências. Cortada por canais, a cidade italiana tem chances de ser parcialmente submersa em menos de 100 anos, informa um estudo científico divulgado, em 2017, na publicação Quarternary International. 

A pesquisa indica que o nível do mar Mediterrâneo pode subir 140 centímetros antes de 2100, o que seria catastrófico para Veneza.

Este crescimento no nível do oceano ainda poderia afetar outros lindos destinos turísticos que ficam na mesma área marítima que Veneza, como o litoral da Croácia. 

Mercado coberto de Aleppo, Síria

Bazar de Aleppo, na Síria, em foto tirada em 2005 - Zeledi/creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.en - Zeledi/creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.en
Imagem: Zeledi/creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.en

Além de Palmira, a Síria tem um monumento histórico de extrema importância que foi destruído pela guerra que assola o país desde 2011: o famoso souk de Aleppo (visto na imagem acima, em foto tirada em 2005), um mercado coberto com centenas de anos que, antes do conflito, fascinava turistas com seus corredores quilométricos cobertos por lindas arcadas e cercados por lojas de joias, tecidos e especiarias do oriente. 

O local foi seriamente devastado com incêndios e explosões durante conflitos ocorridos entre o governo sírio e insurgentes e, hoje, é uma carcaça irreconhecível (mas que, para a entidade World Monuments Fund, que trabalha pela preservação de monumentos importantes ao redor do mundo, tem chances de voltar à sua forma original). 

Segundo a WMF, "empregar arquitetos e outros trabalhadores locais para reconstruir o souk de Aleppo será uma contribuição para a revitalização econômica da cidade, que é um dos locais continuamente habitados mais antigos do mundo".