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Conheça os segredos por trás dos banheiros dos aviões

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Imagem: Getty Images

Renê Castro

Colaboração para o UOL

03/08/2018 04h00

É impossível usar o banheiro de um avião e não se perguntar para onde vão o cocô e o xixi. Para os que estão levantando a hipótese de que tudo é literalmente jogado ao vento, saiba que a resposta já foi "sim" e, hoje, pode ser considerada quase "impossível". Quase. Explicamos:

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Até o final da década de 1970, a tecnologia utilizada nos banheiros poderia ser considerada da era medieval. Em resumo, era praticamente uma fossa a 10 mil pés de altura, com vazamentos de válvulas frequentes que, cedo ou tarde, deixavam escapar resíduos. A essa altura, a mistura congela e, ocasionalmente, pode se soltar da fuselagem e chegar até o seu quintal em pleno dia de churrasco com os amigos. Acredite, isso já aconteceu. Uma falha nesse sistema é muito improvável, mas, se ocorrer, as fezes podem, sim, vazar pela fuselagem do avião. 

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A saudosa Varig, por exemplo, atuava com a aeronave Lockheed Electra, que vinha equipada com lavatórios desenhados com o tanque de dejetos logo abaixo do vaso sanitário. Era a época dos banheiros de "água azul", produto químico que era acionado a cada descarga para eliminar o mau odor.

Outra característica do vaso era a borracha anti-splash, que, como o próprio sugere, tinha como principal atribuição manter os excrementos no fundo da estrutura. Só tinha um problema: aviões passam por turbulências. Imagine a cena quando essa borracha saia do lugar.

Felizmente, essa época escabrosa ficou na história. Isso porque em 1982 a Boeing passou a testar as descargas a vácuo. A solução deu tão certo que imediatamente foi adotada e está até hoje sendo utilizada pelas companhias aéreas.

Como funciona

Ao acionar o flush, uma válvula é ativada e a própria pressão do ar suga o lixo direto para um tanque, atualmente localizado na cauda da aeronave. A sujeira passa por canos embaixo do piso até chegar ao local.

Se a coisa apertar ainda com o avião no solo, não se desespere, pois há um motor que faz este serviço quando não há a pressão necessária.

Em ambos os casos poucos mililitros de desinfetante são disparados a cada utilização, garantindo o perfume do ambiente em quase todos os casos.

Após o pouso da aeronave, uma equipe técnica do aeroporto é responsável por esvaziar os tanques e descartar o conteúdo na rede de esgoto. Em um avião de grande porte, é possível retirar até 500 litros de material orgânico por voo.

Causas de entupimento

Nem é preciso dizer que o sanitário de um avião não dá conta do recado quando há um desajuste intestinal fora dos padrões. Em algumas situações extremas, é necessário fazer um pouso de emergência para salvar os passageiros do cheiro insuportável que uma pessoa pode deixar no banheiro.

Se você acha que esta situação é improvável, basta fazer uma rápida pesquisa na internet para encontrar casos parecidos. A frequência dos acontecimentos chega a assustar. Nunca duvide da capacidade humana de fazer você sabe o quê.

Outros abusos ocorrem quando os viajantes utilizam o vaso como lixo e despejam fraldas, absorventes, meias e alguns quilos de papel higiênico. Saiba que o pessoal da manutenção pode ter de remover os itens manualmente da tubulação, correndo o risco de tomar um banho nojento.

Quem também comete vacilos são os próprios comissários de bordo, que vez ou outra jogam pó de café no vaso. Falta de bom senso ou hábitos suspeitos?

O conselho é básico, mas, pelo visto, necessário: para ter uma viagem tranquila, não faça no avião o que você não faria na sua própria casa.