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Centro de treinamento israelense ensina turistas a atirar em terroristas

No Caliber 3, turistas seguram armas em treinamentos de contraterrorismo - Divulgação/Caliber 3
No Caliber 3, turistas seguram armas em treinamentos de contraterrorismo Imagem: Divulgação/Caliber 3

Marcel Vincenti

Colaboração para o UOL

08/06/2018 04h00

Ao visitar os territórios israelenses, viajantes têm a chance de conhecer o suposto local da crucificação de Jesus Cristo, de fazer uma prece no Muro das Lamentações e, também, aprender a atirar em agressores considerados terroristas.

Isso mesmo: localizado em uma área de colônias judaicas batizada de Gush Etzion, na Cisjordânia, o centro militar Caliber 3 tem um programa que ensina turistas a se defender de situações violentas que já ocorreram (e têm potencial para voltar a ocorrer) em Israel, em que pessoas foram atacadas (geralmente por causa das disputas territoriais que contrapõem israelenses e palestinos) com armas de fogo e facas em espaços públicos.

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O treinamento é ministrado por membros das Forças Armadas Israelenses e, em uma de suas etapas, ensina os turistas a empunhar rifles (as armas são apenas réplicas ou arminhas de paintball, mas possuem o formato parecido com o das originais) e a se posicionar corretamente na hora de atirar em alguém que os esteja atacando. 

No Caliber 3, o público também vê como cachorros impedem ataques contra civis israelenses - Divulgação/Caliber 3 - Divulgação/Caliber 3
No Caliber 3, o público também vê como cachorros impedem ataques contra civis israelenses
Imagem: Divulgação/Caliber 3

Depois, os visitantes com mais de 18 anos entram em um espaço onde se veem frente a frente por fotos de gente em postura ameaçadora, como se estivessem diante de agressores prontos para matá-los. Nesta hora, estes turistas maiores de idade usam armas de verdade (e têm que mostrar rapidez e precisão ao fazê-lo) para atirar contra os alvos que, segundo o Caliber 3, representam pessoas terroristas. 

Caso apresentem uma performance considerada insatisfatória, os participantes experimentam um pouco da disciplina militar: são ordenados a fazer flexões de braço no chão. 

Técnicas de krav magá também são ensinadas no Caliber 3: com este sistema de defesa pessoal israelense (que inclui técnicas de imobilização e golpes contundentes contra partes sensíveis do corpo humano), o público aprende as tirar facas da mão de potenciais assassinos e a depois golpeá-los.  

Técnicas de defesa pessoal também são ensinadas a turistas no Caliber 3 - Divulgação/Caliber 3 - Divulgação/Caliber 3
Técnicas de defesa pessoal também são ensinadas a turistas no Caliber 3
Imagem: Divulgação/Caliber 3

E há crianças de cinco anos de idade também participando de vários destes procedimentos, como o de defesa pessoal e da técnica para segurar armas. 

"Nós acreditamos que este tipo de educação deva começar desde a infância. Ensinar uma criança a reconhecer uma ameaça e a construir sua autoconfiança será vital para que ela possa se defender em etapas mais avançadas de sua vida", avalia Yael Gat, porta-voz do Caliber 3.  

Demonstrações profissionais

Em muitas das visitas ao Caliber 3, o público pode ainda ver de perto militares israelenses mostrando como eles lidariam com ataques terroristas, incluindo neutralização de homens-bomba e o uso de cachorros altamente treinados para atacar pessoas que estejam ameaçando civis com facas (os cães realmente partem para cima e mordem homens fingindo ser terroristas e usando roupas reforçadas, para que a pessoa não se machuque na demonstração).

O Caliber 3 fica em uma área de assentamentos judaicos na Cisjordânia - Divulgação/Caliber 3  - Divulgação/Caliber 3
O Caliber 3 fica em uma área de assentamentos judaicos na Cisjordânia
Imagem: Divulgação/Caliber 3

E há um ambiente com potencial para gerar muitos conflitos e controvérsias ao redor do Caliber 3: Gush Etzion (onde se localiza o centro de treinamento) fica na Cisjordânia, um território habitado majoritariamente por árabes palestinos e que não é reconhecido internacionalmente como parte de Israel. 

Os assentamentos judaicos que existem na área, por exemplo, que cresceram no local após Israel dominar a Cisjordânia depois da Guerra dos Seis Dias (em 1967), são considerados ilegais pelas Nações Unidas e, não raro, seus habitantes são atacados por palestinos que dizem que eles estão roubando suas terras.  

Haja treinamento de autodefesa para lidar com toda esta situação.