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Você sempre sonhou em conhecer Carmelo, a Toscana uruguaia, e nem sabia

Foto da ponte de Carmelo, a toscana uruguaia  - Divulgação
Foto da ponte de Carmelo, a toscana uruguaia Imagem: Divulgação

Fabiano Alcântara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/09/2017 04h00

Já faz tempo que os argentinos descobriram Carmelo, no Uruguai. Sempre que eles querem um gostinho de como era a Itália no tempo dos bisavós, eles atravessam o rio da Prata. A paisagem tem vinhedos, florestas e construções históricas. É possível ouvir os pássaros, cruzar estradas de terra e ver estrelas.

Cachorros mansos passeiam livremente, dispostos a fazer amizade. Turistas do mundo todo chegam em busca de tranquilidade, vinho e comida. Tudo começou a mudar, principalmente no que diz respeito à presença de brasileiros, em 2014, após a repórter Danielle Pergament, do New York Times, ter se derretido sobre a cidadezinha de cerca de 20 mil habitantes. Na ocasião, ela disse que Carmelo era uma "Toscana em miniatura", em referência à região da Itália famosa pelos vinhos e gastronomia. A matéria foi traduzida por veículos do Brasil e logo os conterrâneos começaram a dar as caras.

Como chegar

O Centro da cidade, que fica a três horas da capital Montevidéu para quem for alugar carro ou pegar um ônibus no terminal Tres Cruces, tem cara de anos 1970. À tarde, tudo fecha e respeitam a "siesta". O Che Carmelo By Morgan, na Plaza Independencia, parece cenário de filme. É possível ir de bicicleta até a área rural, percorrendo uma distância de cinco quilômetros.

A praia fica lotada no verão, mas dentro dos parâmetros uruguaios de "lotado". Na baixa temporada, é pura paz. E o que mais se busca neste tipo de viagem, uma ode ao "slow traveling" e ao "slow living"? Aperte o modo des-pa-ci-to e aproveite. 

Vinhos: as lições que Carmelo pode dar

Vinhos e a gastronomia encantam os visitantes da pequena cidade - Divulgação - Divulgação
Vinhos e a gastronomia encantam os visitantes da pequena cidade
Imagem: Divulgação

Enólogo de duas bodegas que fazem vinhos premiados, Campotinto e El Legado, Daniel Cis, dá dicas sobre o que uma pessoa interessada em vinhos deveria prestar atenção na viagem.

"Descobrir as diferenças de cada vinícola. Existem muitos estilos e fazem vinhos muito personalizados. O melhor é a atenção das vinícolas. Sempre há uma pessoa muito envolvida com o vinho, os visitantes são servidos pelos proprietários da adega, vinicultor ou sommelier, por exemplo. Desta maneira, se conhece muito de cada lugar", aponta.

Filho de um vinicultor local, Cis mais tarde estudou na França. "Nasci em uma bodega e vivi lá até me casar. Desde muito jovem, sempre acompanhei meu pai e o ajudei em todas as trabalhos", lembra. Em relação à experiência na Europa, ele diz que o ajudou em nível "técnico e sentimental". "Vinho é paixão e amor", resume.

Na Campotinto, a comida é feita com ingredientes locais. De acordo com o enólogo, há uma preocupação especial de fazer um vinho que "converse" com os pratos servidos.

A El Legado tem um dono cuja simpatia destaca-se mesmo entre os bodegueiros, sempre muito acolhedores, Bernardo Marzuca. Além de fazer um tour completo e contar a história do seu pequeno negócio, criado para manter "o legado" do pai e pensando nos filhos, ele faz questão de postar fotos de todos os visitantes com o país de origem. Ultimamente, lê-se bastante "Brasil".

No mesmo bairro de Colonia Estrella, margeando a igreja de São Roque, está outro pequeno produtor, o Almacen De La Capilla, de Diego Vecchio. Em uma sala convertida em espécie de museu, há uma série de objetos antigos, entre eles artefatos para produzir vinhos e uma máquina de escrever. Imaginar as cartas, recibos e contratos escritos por ela nos leva a viajar pelas histórias de diferentes gerações.

Em Carmelo, lugares e tempos se misturam. Você está preparado para dias de calmaria em meio à natureza e uma maratona etílica e gastronômica? Se disser que sim, sempre sonhou em conhecer Carmelo e nem ao menos sabia.