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Além de não ser saudável, comida de avião pode te deixar gordo, diz livro

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

17/05/2017 21h38

Quando volta de viagem, você sempre percebe aquela dificuldade a mais para fechar a calça? A camisa ficou um pouco mais apertada depois daquele bate e volta para resolver algum assunto de negócios em outra cidade? Um professor da Universidade de Oxford afirma que a culpa pode ser da comida servida no avião.

Charles Spence diz em seu novo livro, intitulado "Gastrophysics: The New Science of Eating" (Gastrofísica: A Nova Ciência do Comer, em tradução livre), afirma que as refeições servidas na altitude não possuem apenas um gosto terrível, mas contam com bem mais calorias do que a versão servida em terra firme. E existe uma ciência por trás disso.

"A pressão de ar menor na cabine, o próprio ar seco e o ruído alto do motor contribuem para diminuir a nossa capacidade de saborear e cheirar comida e bebida da forma como realmente são", contou Spence ao Telegraph Travel. Consequentemente, segundo o especialista, isso faz com que o alimento que consumimos necessite de 20% a 30% a mais de açúcar e sal para fazê-lo ter o gosto que normalmente teria na nossa casa, por exemplo.

Mais obstáculos

Este é o principal motivo pelo qual o conceito de refeição saudável não combina com as comidas servidas dentro das aeronaves. E pode ficar pior: de acordo com o professor, existe um outro fator em jogo que conspira para nos fazer chegar ao nosso destino mais "gordinhos" do que gostaríamos: o tédio.

"Com não existe nada muito interessante para fazer durante o voo, o alimento torna-se uma distração atraente. E, ao ser oferecido gratuitamente, fica ainda mais difícil resistir", explicou para a publicação. Segundo o especialista, mesmo o entretenimento de bordo pode afetar nosso consumo, distraindo-nos de perceber o quanto nosso estômago já está cheio.

Em seu livro, o professor Spence cita uma pesquisa sugerindo que um cidadão britânico médio consome quase o dobro da quantidade de calorias recomendadas diariamente enquanto viajam até seu destino. "Estima-se que os ingleses consumam mais de 3.400 calorias entre o check-in no aeroporto e a chegada ao destino", escreveu.

Tentativas

Algumas companhias aéreas têm procurado maneiras inovadoras de fazer que a refeição servida tenha um gosto melhor na altitude, incluindo ingredientes como curry na receita, que ajudam a acionar nossas papilas gustativas. No entanto, e mais frequentemente, as empresas optam por colocar ainda mais açúcar e sal nos alimentos para realçar o sabor. "Nenhuma surpresa, portanto, que a comida servida não seja a mais saudável", disse Spence.

Gordon Ramsey, chefe de cozinha - Reprodução/Eonline - Reprodução/Eonline
Gordon Ramsey, chefe de cozinha
Imagem: Reprodução/Eonline

Outra tática utilizada é a de contratar os serviços de "chefs celebridades". No entanto, de acordo com o professor Spence, este é um esforço em grande parte fútil. "Eu ainda tenho que ver qualquer evidência para apoiar a alegação de que as intervenções desses chefs tornam os pratos mais saudáveis. Na verdade, essa participação apenas elevou de forma significativa a satisfação dos passageiros", ressalta.

Gordon Ramsay parece concordar. Depois de anos trabalhando para Singapore Airlines, o chef afirmou que nunca comeria esse tipo de refeição novamente. "Eu trabalhei para companhias aéreas por 10 anos, então sei onde esta comida foi e para onde ela vai, e quanto tempo demorou antes que subisse a bordo", disse ele à Refinery29. "De jeito algum como em aviões".