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Viajar de bicicleta é possível: veja 4 dicas para se planejar

Estrada Real, a maior rota turística do país. O caminho velho tem 600 quilômetros de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Na foto, o trecho entre o distrito e Bandeirinhas e Tiradentes - Divulgação/André Schetino
Estrada Real, a maior rota turística do país. O caminho velho tem 600 quilômetros de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Na foto, o trecho entre o distrito e Bandeirinhas e Tiradentes
Imagem: Divulgação/André Schetino

Marcelo Testoni

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/04/2017 04h00

O Brasil tem quase 1,7 milhão de quilômetros de estradas para se percorrer. As rotas passam por 26 estados, 71 parques nacionais, e abrange uma paisagem diversificada que reflete a vasta imensidão do país. André Schetino, ciclista experiente e autor de "Pedalando na Modernidade: a bicicleta e o ciclismo na transição do século 19 para o 20", argumenta que as “magrelas” são o melhor meio de se conhecer pessoas e novos lugares e observa que viajar sobre duas rodas é mais divertido do que de carro ou motocicleta - para não mencionar seus benefícios para a saúde e o meio ambiente. Embora os argumentos de um experiente viajante sejam inspiradores, são necessários certos cuidados e dicas, para evitar contratempos e curtir a sensação de liberdade, com segurança. 

1 - Pesquise. Tem até app para viagem de ciclistas

Qual o caminho? Onde vou dormir? Quanto dinheiro devo levar? Há uma série de sites e páginas no Facebook que reúnem, em detalhes, informações para os cicloviajantes novatos. "Até Onde Deu para Ir de Bicicleta" e "Olinto", por exemplo, fornecem dicas e vídeos para quem quer criar seu próprio roteiro de viagem, além de mapas com pontos de parada e trajetos de ida e volta demarcados. Usar o Google Maps e a rede social de hospedagem Warm Showers, uma versão gratuita do Airbnb para ciclistas, também é recomendável.

“No Maps dá para traçar um circuito bonito e tranquilo, fugindo de rodovias pavimentadas”, afirma Schetino. Na carteira, ele leva apenas o cartão do banco e pouco dinheiro, para comer em áreas rurais e se precaver de emergências.

2 - Tem certeza que você precisa de tudo isso na mochila? 

“Você não precisa de metade das coisas que pretende colocar na mochila”, afirma a jornalista Adriana Marmo, que há dois anos e meio trocou o carro pela bicicleta e já desbravou o Brasil, de Norte a Sul. Segundo ela, leve nas bolsas laterais da bicicleta, também conhecidas por alforjes, petiscos, capa de chuva, nécessaire com medicamentos básicos e itens de higiene pessoal, poucas peças de roupas versáteis e discretas e ferramentas para regular freios e marchas ou fazer pequenos reparos na bike. Inclua no kit mecânico uma gancheira reserva --pecinha de metal que serve para conectar o passador de marchas traseiras ao quadro da bicicleta.

3 - Estude um pouco sobre mecânica da bicicleta

Não é preciso curso para se tornar um cicloviajante, porém, é preciso ter noções básicas de ciclismo e mecânica, até mesmo para saber escolher o tipo certo de bicicleta e adquirir autonomia, caso um pneu estoure ou uma corrente arrebente. Adriana conta que tem um modelo híbrido, que é resistente tanto para trilhas de terra, como asfalto. Já Schetino, pela questão do conforto, indica as mountain bikes, com adaptação de bagageiro traseiro ou dianteiro. Se for viajar de avião ou ônibus de viagem e quiser levar a bicicleta, é importante saber desmontá-la. Tire os pedais, vire o guidão e embale com plástico ou despache em caixas bem amarradas.

4 - Não é preciso ser atleta. É só respeitar o limite do seu corpo

Durante uma cicloviagem você é submetido a um esforço grande: equilibra a bicicleta carregada, pedala por longas horas, escala subidas, e tudo isso mesmo fazendo uma velocidade baixa. No entanto, não é preciso ser um atleta para encarar o desafio. A jornalista Adriana revela que o condicionamento do corpo é feito na própria bike, durante o percurso, sem pressa nem visando alcançar metas.

“O importante é tentar, fazer pequenas pausas, de duas em duas horas, para se alimentar e contemplar a paisagem, e respeitar seus limites”, comenta. O descanso também é importante e isso tem a ver com seguir horários. Tudo vai depender do terreno e da temperatura, orienta Schetino. “No caso de locais muito quentes, prefiro pedalar bem de manhãzinha, descansar na hora do almoço e seguir no fim da tarde. Em outras localidades e com clima mais ameno, gosto de sair bem cedo e chegar à tarde no local de destino”, afirma.