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Cidade flutuante: veja como funciona o maior navio de cruzeiro do mundo

Marcel Vincenti

Colaboração para o UOL

14/04/2017 04h00

Se fosse transportado para o século 21, o Titanic teria chances de ser chamado de “barquinho”, com sua capacidade de 3.327 pessoas e seus 269,1 metros de comprimento. Os transatlânticos de hoje levam milhares de passageiros a mais e são dezenas de metros maiores do que embarcação que “nem Deus poderia afundar”. 

O maior deles, atualmente, é o Harmony of the Seas, uma verdadeira cidade flutuante: seu interior comporta mais de 8.880 pessoas (6.780 hóspedes e pelo menos 2.100 tripulantes), número superior ao da população de vários municípios brasileiros (como Águas da Prata, em São Paulo, que, segundo o IBGE, tem 7.584 moradores).

O Harmony poderia transportar a população de uma pequena cidade brasileira - Divulgação/Royal Caribbean - Divulgação/Royal Caribbean
O Harmony poderia transportar a população de uma pequena cidade brasileira
Imagem: Divulgação/Royal Caribbean

Esse, porém, está longe de ser o único dado superlativo do navio: toda a operação do Harmony of the Seas envolve números assustadores, desde o tamanho da sua estrutura até a quantidade de perucas que são usadas em seus espetáculos teatrais.

Abaixo, conheça os detalhes deste gigante dos mares e veja algumas comparações curiosas feitas pelo UOL com a empresa dona do navio, a Royal Caribbean.

Maior do que a torre Eiffel

O Harmony of the Seas tem 361,7 metros de comprimento. Isso significa que, se fosse colocado na vertical, o navio ficaria quase 38 metros maior do que a torre Eiffel, em Paris (que tem 324 metros de altura). Já na horizontal, a altura dos 18 deques (ou andares) da embarcação se equivale ao tamanho da torre de Pisa, na Itália: 56 metros.

Por essa estrutura, se espalham 2.747 cabines. Trata-se da dimensão de muitos dos hotéis gigantescos de Las Vegas: o Planet Hollywood Resort & Casino, por exemplo, tem 2.567 quartos. Para servir tantos hóspedes nas viagens (atualmente, entre os Estados Unidos e o Caribe), o Harmony of the Seas emprega gente do mundo inteiro: seus cerca de 2.100 tripulantes são de mais de 75 países, como Filipinas, Austrália e Brasil. Entre eles, há sete mergulhadores (para shows realizados nas piscinas), dois equilibristas e dezenas de atores (que usam mais de 40 perucas para o espetáculo “Grease”, encenado no teatro a bordo). Há também dois robôs que fazem e servem drinques em um dos bares.

Há mais de 75 nacionalidades entre o staff do Harmony, que inclui garçons, cozinheiros e atores de teatro - Divulgação/Royal Caribbean - Divulgação/Royal Caribbean
Há mais de 75 nacionalidades entre o staff do Harmony, que inclui garçons, cozinheiros e atores de teatro
Imagem: Divulgação/Royal Caribbean

E como proporcionar divertimento nos dias de calor? Que tal começar por 2,1 milhões de litros de água, que abastecem as 23 piscinas, hidromassagens e toboáguas que existem na embarcação? Na área de entretenimento, se destaca o tobogã The Ultimate Abyss, com 30 metros de altura (o equivalente a um prédio de dez andares), que proporciona uma descida que atravessa dez deques do transatlântico.

Do alto, é possível ver uma área verde que toma conta de um dos espaços ao ar livre do Harmony of the Seas: trata-se do Central Park, com um total de 10.587 plantas -- cuidadas por uma equipe de três jardineiros -- e 52 árvores, algumas com mais de seis metros de altura.

E a Royal Caribbean ainda se gaba de ter mais obras de arte a bordo desta embarcação (11.252) do que o número de quadros que existe no museu do Louvre (aproximadamente 7.500).

Alimentando um exército

E como alimentar todos os ocupantes do Harmony of the Seas? Em um cruzeiro de uma semana, são consumidos 350 toneladas de cubos de gelo, 5 mil dúzias de ovos e mais de uma tonelada de salmão.

Restaurante do chef britânico Jamie Oliver, no Harmony of the Seas - Divulgação/Royal Caribbean - Divulgação/Royal Caribbean
Restaurante do chef britânico Jamie Oliver, no Harmony of the Seas
Imagem: Divulgação/Royal Caribbean

Dos cerca de 2.100 tripulantes, pelo menos 1.050 estão dedicados aos serviços de comidas e bebidas -- 250 deles são cozinheiros. As refeições são servidas em mais de 15 locais de alimentação, que vão desde cafés informais até restaurantes refinados, como o Jamie's Italian, do chef britânico Jamie Oliver. O navio tem, ainda, 28 bares, que servem 127 diferentes tipos de drinques.

Harmony x Titanic

Inaugurado em 1912 como o maior navio de sua época, o Titanic tinha capacidade para 2.453 hóspedes, cerca de três vezes menos que a do atual maior navio de cruzeiros do mundo (6.780 hóspedes). O mesmo se aplica ao número de cabines: 840 acomodações contra 2.747 do Harmony.

Já seu comprimento, de 261,9 metros, monstruoso para o começo do século 20, é 92 metros menor que o da embarcação da Royal Caribbean. A mesma disparidade se aplica na largura: 66,4 metros do Harmony (que levou 32 meses para ser construído) contra 28 metros do Titanic (26 meses de construção). E, enquanto o Harmony tem 23 piscinas, hidromassagens e toboáguas, o Titanic tinha a bordo apenas uma piscina aquecida para passageiros da primeira classe.

Uma das piscinas do navio Harmony of the Seas - Divulgação/Royal Caribbean - Divulgação/Royal Caribbean
Uma das piscinas do navio Harmony of the Seas
Imagem: Divulgação/Royal Caribbean

É normal que os cruzeiros tenham mudado significativamente nos últimos 105 anos. "Antigamente, navios de passageiros eram, acima de tudo, meios de transporte", diz Bud Darr, vice-presidente para Assuntos Técnicos e Regulatórios da Cruise Lines International Association (CLIA), principal associação de empresas de cruzeiros do mundo. "Hoje, as embarcações viraram um destino turístico por si só, com entretenimento constante e atrações como paredes de escalada, teatro e até carrinhos de bate-bate. Boa parte das férias dos passageiros é passada a bordo, por isso a necessidade de haver muito mais opções de diversão nos navios".

Em abril de 2018, a Royal Caribbean promete inaugurar o Symphony of the Seas, que terá 28 cabines a mais do que o Harmony of the Seas e será, segundo a empresa, o maior navio de cruzeiro do mundo. As viagens da embarcação estarão concentradas na Europa e no Caribe.