Diversidade de sabores facilita a vida do turista que vai a Pequim
Grande parte dos hutongs de Pequim - as antigas vielas formadas entre as fileiras de casas - já sumiu do cenário da cidade para dar espaço a ruas e prédios novos, para grande desgosto dos conservacionistas; os que sobraram são valorizados por conseguirem manter o charme da vida residencial, com os corredores estreitos cheios de barraquinhas de legumes e verduras, carrinhos de kebab, lojinhas minúsculas e pátios escondidos ocupados por famílias que ali vivem há gerações.
Fachada da lanchonete Jamaica Me Crazy, que se tornou um das favoritas entre os jovens descolados de Pequim
Quase todos os que ficam entre o Templo Lama e a Torre do Tambor escaparam da demolição, mas também passaram por uma transformação dramática. Ao pessoal das antigas juntou-se um novo tipo de chinês, além de muitos expatriados em jeans justinhos, montados em bicicletas e fãs leais de restaurantes que trabalham com comidas produzidas localmente e de bares que servem drinques como o Pabst Blue Ribbon. Nessa região de Pequim, o hutong tradicional foi atropelado não por arranha-céus gigantescos, mas por uma sensibilidade que tem a cara do Brooklyn.
"Pequim é um lugar muito grande e monótono, mas para mim a área do Gulou é um oásis no meio do deserto", diz Hu Xiaodi, de 22 anos, referindo-se ao bairro que cerca a Torre do Tambor. Ela mora no hutong e gasta 40 minutos de bicicleta (ou uma hora de metrô) para chegar ao trabalho: "Cada dia é uma aventura". E ela é o público-alvo da Natooke (19-1 Wudaoying Hutong; 86-10-8402-6925; natooke.com), uma loja de bicicletas aberta desde 2009. Ali perto, a Serk (40-2 Beixinqiao San Tiao; 86-134-2647-4634; serk.cc), misto de loja de bicicletas, café e bar que abriu em junho passado, vende de tudo, desde bikes de US$ 240 até as especiais de competição de US$ 8 mil. As duas lojas organizam passeios pela cidade que, apesar de poluída, é uma das melhores para pedalar, por ser plana e de fácil circulação.
Para quem não anda sobre duas rodas, há uma infinidade de restaurantes novos: o Taco Bar (thetacobarbeijing@gmail.com), inaugurado em agosto de 2012 como boteco que serve pratos preparados por um chef taiwanês do Texas. "Nossa comida é simples", diz o dono Kin Hong, de 29 anos. "Conseguimos tirar o máximo os produtos que recebemos no dia a dia; usando ingredientes locais, conseguimos criar o mesmo resultado que teríamos na Cidade do México." O cardápio é limitado (alguns tacos macios e meia dúzia de acompanhamentos servidos com tequila ou sangria) e usa poucos ingredientes importados.
Em Andingmen Inner Street, entre um vendedor de patos e uma frutaria, a lanchonete Jamaica Me Crazy (1 Cheniandian Hutong; 86-010-6592-1254) oferece churrasco de frango à moda jamaicana, arroz refogado, rabada e "ackee and saltfish", o prato nacional da Jamaica, e se tornou um das favoritas entre os jovens descolados. Alguns hutongs ao sudoeste fica o Bar Beiluo Bread (70A Beiluoguxiang; 86-010-8408-3069), inaugurado em setembro último, e cujo cardápio inclui pão caseiro, massas (com ingredientes locais) e um dos melhores cafés da região.
O Mercante (4 Fangzhuanchang Hutong; 86-010-8402-5098) é, sem dúvida, o melhor italiano da cidade. Comandado por Omar Maseroli, de 36 anos, e a namorada, Yuan Yuan, de 31, pequinesa de nascimento, o restaurante (que só tem dez mesas) foi inaugurado há um ano e oferece massas frescas, embutidos, queijos e vinho da Reggio Emilia e Parma, no norte da Itália, cidades onde Maseroli viveu.
Talvez a grande diferença seja o recente influxo de bares. O Great Leap (6 DouJiao Hutong; 86-010-5717-1399; greatleapbrewing.com), cervejaria aberta por um norte-americano em 2010, foi o pioneiro no cenário das cervejas artesanais de Pequim. O Mao Mao Chong (12 Banchang Hutong; 86-138-1035-1522; maomaochongbeijing.com), que começou a onda dos coquetéis criativos nas vielas, é conhecido por suas bebidas com infusão de "mala", uma pimenta fortíssima. O Mai Bar (40 Beiluoguxiang; 86-138-1125-2641), estiloso, tem um pequeno pátio e oferece coquetéis tradicionais e modernos e muita cerveja importada.
Quem quiser curtir a noite nos hutongs sem se preocupar em beber pode passar a noite por lá. O Orchid (65 Baochao Hutong; 86-010-8404-4818; theorchidbeijing.com) é um hotel boutique charmoso de dez quartos e fica bem pertinho da Torre do Tambor.
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