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Diversidade de sabores facilita a vida do turista que vai a Pequim

Mitch Moxley

New York Times Syndicate

09/06/2013 13h10

Grande parte dos hutongs de Pequim - as antigas vielas formadas entre as fileiras de casas - já sumiu do cenário da cidade para dar espaço a ruas e prédios novos, para grande desgosto dos conservacionistas; os que sobraram são valorizados por conseguirem manter o charme da vida residencial, com os corredores estreitos cheios de barraquinhas de legumes e verduras, carrinhos de kebab, lojinhas minúsculas e pátios escondidos ocupados por famílias que ali vivem há gerações.

  • James Wasserman/The New York Times

    Fachada da lanchonete Jamaica Me Crazy, que se tornou um das favoritas entre os jovens descolados de Pequim

Quase todos os que ficam entre o Templo Lama e a Torre do Tambor escaparam da demolição, mas também passaram por uma transformação dramática. Ao pessoal das antigas juntou-se um novo tipo de chinês, além de muitos expatriados em jeans justinhos, montados em bicicletas e fãs leais de restaurantes que trabalham com comidas produzidas localmente e de bares que servem drinques como o Pabst Blue Ribbon. Nessa região de Pequim, o hutong tradicional foi atropelado não por arranha-céus gigantescos, mas por uma sensibilidade que tem a cara do Brooklyn.

"Pequim é um lugar muito grande e monótono, mas para mim a área do Gulou é um oásis no meio do deserto", diz Hu Xiaodi, de 22 anos, referindo-se ao bairro que cerca a Torre do Tambor. Ela mora no hutong e gasta 40 minutos de bicicleta (ou uma hora de metrô) para chegar ao trabalho: "Cada dia é uma aventura". E ela é o público-alvo da Natooke (19-1 Wudaoying Hutong; 86-10-8402-6925; natooke.com), uma loja de bicicletas aberta desde 2009. Ali perto, a Serk (40-2 Beixinqiao San Tiao; 86-134-2647-4634; serk.cc), misto de loja de bicicletas, café e bar que abriu em junho passado, vende de tudo, desde bikes de US$ 240 até as especiais de competição de US$ 8 mil. As duas lojas organizam passeios pela cidade que, apesar de poluída, é uma das melhores para pedalar, por ser plana e de fácil circulação.

Para quem não anda sobre duas rodas, há uma infinidade de restaurantes novos: o Taco Bar (thetacobarbeijing@gmail.com), inaugurado em agosto de 2012 como boteco que serve pratos preparados por um chef taiwanês do Texas. "Nossa comida é simples", diz o dono Kin Hong, de 29 anos. "Conseguimos tirar o máximo os produtos que recebemos no dia a dia; usando ingredientes locais, conseguimos criar o mesmo resultado que teríamos na Cidade do México." O cardápio é limitado (alguns tacos macios e meia dúzia de acompanhamentos servidos com tequila ou sangria) e usa poucos ingredientes importados.

 

Em Andingmen Inner Street, entre um vendedor de patos e uma frutaria, a lanchonete Jamaica Me Crazy (1 Cheniandian Hutong; 86-010-6592-1254) oferece churrasco de frango à moda jamaicana, arroz refogado, rabada e "ackee and saltfish", o prato nacional da Jamaica, e se tornou um das favoritas entre os jovens descolados. Alguns hutongs ao sudoeste fica o Bar Beiluo Bread (70A Beiluoguxiang; 86-010-8408-3069), inaugurado em setembro último, e cujo cardápio inclui pão caseiro, massas (com ingredientes locais) e um dos melhores cafés da região.

O Mercante (4 Fangzhuanchang Hutong; 86-010-8402-5098) é, sem dúvida, o melhor italiano da cidade. Comandado por Omar Maseroli, de 36 anos, e a namorada, Yuan Yuan, de 31, pequinesa de nascimento, o restaurante (que só tem dez mesas) foi inaugurado há um ano e oferece massas frescas, embutidos, queijos e vinho da Reggio Emilia e Parma, no norte da Itália, cidades onde Maseroli viveu.

Talvez a grande diferença seja o recente influxo de bares. O Great Leap (6 DouJiao Hutong; 86-010-5717-1399; greatleapbrewing.com), cervejaria aberta por um norte-americano em 2010, foi o pioneiro no cenário das cervejas artesanais de Pequim. O Mao Mao Chong (12 Banchang Hutong; 86-138-1035-1522; maomaochongbeijing.com), que começou a onda dos coquetéis criativos nas vielas, é conhecido por suas bebidas com infusão de "mala", uma pimenta fortíssima. O Mai Bar (40 Beiluoguxiang; 86-138-1125-2641), estiloso, tem um pequeno pátio e oferece coquetéis tradicionais e modernos e muita cerveja importada.

Quem quiser curtir a noite nos hutongs sem se preocupar em beber pode passar a noite por lá. O Orchid (65 Baochao Hutong; 86-010-8404-4818; theorchidbeijing.com) é um hotel boutique charmoso de dez quartos e fica bem pertinho da Torre do Tambor.