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Vale do Paraopeba é opção de passeio para visitantes do Inhotim

Marcel Vincenti

Do UOL, do Vale do Paraopeba (MG)*

22/04/2013 08h04

Famoso por suas cidades históricas, montanhas, igrejas e culinária, o Estado de Minas Gerais esconde, a apenas 50 quilômetros de Belo Horizonte, um lugar que reúne todas essas qualidades. Trata-se do Vale do Paraopeba, região que, apesar de abrigar o famoso Instituto Inhotim, é ainda pouco explorada pelos turistas.

Espraiado em uma área verde e montanhosa, e tendo como ponto central a cidade de Brumadinho (município onde está Inhotim), o vale possui cenário eclético e capaz de oferecer uma enorme variedade de passeios para o forasteiro. A vila de Piedade do Paraopeba, por exemplo, situada à sombra da Serra da Moeda, é tão antiga como muitos símbolos históricos de Minas Gerais, como as cidades de Ouro Preto e Mariana. Sua igreja matriz foi erguida por missionários jesuítas em 1713, e em seu altar destaca-se uma imagem de madeira de Nossa Senhora da Piedade que foi trazida de Portugal em 1731. 

Cercado por ruas de ladrilho e belas casas antigas, o templo tem como vizinha a igreja Nossa Senhora do Rosário, de fachada mais modesta, mas de igual importância cultural. O prédio foi construído por escravos que não podiam frequentar a igreja matriz e é, hoje, um dos principais cartões-postais do vilarejo.

A mineração sempre foi muito forte na região e, ainda no século 18, colonos portugueses montaram, no fundo do vale, uma fazenda para cunhar moedas ilegalmente e depois transportá-las para toda a colônia. A iniciativa virou referência histórica e deu origem ao nome do município de Moeda, um dos lugares mais interessantes de todo o Paraopeba.

As ruínas desse empreendimento altamente ilegal (na época considerado crime de lesa-majestade) são hoje atrativos turísticos da cidade: o visitante pode caminhar pelas trilhas por onde eram transportadas as moedas e entrar nos fortes que faziam a proteção das fundições. Também pode conhecer a bela estação ferroviária de Moeda, erigida em 1919 e hoje usada como Biblioteca Municipal, além de provar um dos melhores doces-de-leite da região, vendidos, a preços modestos, pela Doces Antunes, logo ao lado dos trilhos.     

Casa grande, senzala e alambique     

Nas proximidades de Moeda está uma das mais instrutivas atrações do Vale do Paraopeba: o Museu do Escravo, localizado no município de Belo Monte. Inaugurado no dia 13 de maio de 1988, no centenário da assinatura da Lei Áurea, o lugar está instalado em um edifício de arquitetura colonial e abriga mais de 3.000 peças relacionadas ao período da escravidão.

  • Marcel Vincenti/UOL

    Vaqueiro conduz seus bois por trilha do Vale do Paraopeba: região exibe lindas paisagens rurais

Uma réplica de um pelourinho é encontrada no pátio central da casa e, nas salas circundantes, estão espalhados objetos usados no trabalho, no aprisionamento e no castigo dos escravos. Chama a atenção o requinte de crueldade empregado em alguns instrumentos de tortura, como palmatórias, grilhões e cintos de castidade. A instituição também tem um extenso acervo de arte sacra.

O museu, vale ressaltar, serve de introdução para a Fazenda dos Martins, outro passeio imperdível. Construída na segunda metade do século 18, e tombado pelo IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais), a edificação principal da fazenda, feita de alvenaria e pau-a-pique, exibe um ambiente típico de casa grande: salões amplos, varandas apoiadas em esteios e um escada adornada com bela cantaria. Ao fundo, se localizam as ruínas das senzalas.

Instituto Inhotim

Localizado em uma belíssima área verde de 100 hectares no município de Brumadinho, e dono de um acervo de arte contemporânea com mais de 500 obras, o Instituto Inhotim é hoje o grande chamariz do turismo no Vale do Paraopeba. E com toda a razão: o visitante deve reservar pelo menos dois dias para passear pelo instituto, que integra à sua natureza abundante trabalhos de artistas como Hélio Oiticica, Cildo Meireles e Chris Burden.

Locomover-se entre uma atração e outra, aliás, é uma das partes mais divertidas do passeio. Pelas trilhas de terra do Vale do Paraopeba, sempre tingidas por um romântico tom ocre, o visitante irá topar com vaqueiros conduzindo seu gado, vilarejos bucólicos, cachoeiras e um horizonte recheado de paisagens montanhosas.

E será de cima de uma montanha, conhecido como “Teto do Mundo”, que ele terá o ápice de suas visões. Situado a 1.450 metros sobre o nível do mar, o lugar serve de base para a prática de voo livre (é considerado uma das melhores rampas de decolagem da América do Sul) e possui um restaurante com vista para o vale, ideal para o almoço ou um café.

Para quem gosta de belas paisagens vale ainda visitar o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, na região do povoado de Casa Branca, que tem pelo menos quatro mirantes e muitas trilhas para os amantes das caminhadas. 

E a hora do descanso, quando chegar, pode ser dedicada a uma visita a uma das muitas destilarias que existem na região. Altamente recomendável, a cachaçaria Serra Morena mostra aos turistas, de maneira didática, como é feita sua cachaça artesanal e lhes permite conhecer os seus mais de oito mil barris de carvalho, todos armazenados em um típico ambiente de fazenda.

Circulando

As atrações do Vale do Paraopeba são muitas e estão espalhadas por uma área enorme, muitas vezes em lugares um tanto inacessíveis. A destilaria Serra Morena, as ruínas da fundição ilegal de moedas e a Fazenda dos Martins, por exemplo, estão literalmente embrenhadas no meio do mato. Já o distrito de Piedade do Paraopeba, os municípios de Moeda e Belo Vale e a rampa de voo livre se encontram perto da rodovia BR-040, à mão do motorista.

  • Marcel Vincenti/UOL

    Estação de trem de Moeda é uma das grandes atrações turísticas do Vale do Paraopeba

Caso o forasteiro queira visitar todas as atrações do vale (o que vale muito a pena), é altamente recomendável que contrate algumas das companhias de turismo que operam na região. Elas têm veículos e guias preparados para desbravar o terreno. A Happy Travel (www.hthappytravel.com) e a BrumaTur (www.brumatur.com.br) são duas das agências que realizam esse tipo de passeio.

Onde se hospedar

O Vale do Paraopeba tem fartura de boas opções de hospedagem. Caso o turista planeje visitar o Instituto Inhotim, vale a pena ficar na região central de Brumadinho. Os melhores (e mais dispendiosos) hotéis-fazenda e pousadas, porém, estão fora do perímetro urbano do município. 

Pousada Fazenda Nova Estância
Córrego do Feijão - Brumadinho
(31) 3346-5280
www.pousadafazendanovaestancia.com.br

Pousada Estalagem do Mirante
Av. Nair Martins Drumond, 1000 - Bairro Retiro do Chalé - Brumadinho 
(31) 3575-5061
www.estalagemdomirante.com.br

Pousada Nossa Fazendinha
Rodovia MG-040, km 48 - Brumadinho
(31) 3571-1104
www.nossafazendinha.com.br

Pousada Verde Folhas
Alameda Casa Branca, 170 – Casa Branca
(31) 3575-3129
www.verdefolhas.com.br

Pousada Vista da Serra
Alameda Casa Branca, 348– Casa Branca
(31) 3575-3264
www.vistadaserra.com.br

Voo livre

Para os que têm espírito de aventura, é obrigatória uma visita ao “Teto do Mundo”. A Escola Serra da Moeda realiza voos duplos com instrutor sobre uma das mais impressionantes paisagens do Vale do Paraopeba.

Escola Serra da Moeda
(31) 9977-7816 / (31) 3227-9542
www.escolaserradamoeda.com.br

*O jornalista Marcel Vincenti conheceu o Vale do Paraopeba com o apoio da empresa Siga La Vaca Turismo Rural