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Turistas inveteradas dão dicas para mulheres que querem viajar sozinhas

Marcel Vincenti

Do UOL, em São Paulo

08/03/2013 10h05

Viagens precisam de planejamento e, se feitas por mulheres desacompanhadas, algumas considerações extras. Como as turistas são recebidas em países que estabelecem diferenças pronunciadas entre os sexos? É seguro viajar sozinha em determinadas cidades ou regiões? Em quais lugares do mundo não faz a mínima diferença se você é homem, mulher, casada ou solteira?

Para ajudar as leitoras que sonham em desbravar o mundo em voos solo ou ao lado de amigas, o UOL Viagem conversou com três viajantes profissionais e experientes: a escritora Martha Medeiros (autora do livro “Um Lugar na Janela: Relatos de Viagem”), a jornalista Mari Campos (autora de diversos guias de turismo e criadora do blog “Pelo Mundo”) e a jornalista e ex-diretora da MTV Cássia Dian (que acaba de retornar de uma viagem de volta ao mundo que passou por 12 países). Todas elas deram sugestões sobre como as mulheres podem viajar sem sofrer qualquer tipo de transtorno. 

Confira, abaixo, as dicas dessas experts para que sua viagem ocorra da melhor maneira possível:

Quais são os destinos mais indicados para mulheres que viajam sozinhas?
“Eu indicaria as grandes metrópoles, como Nova York, Londres, Paris, Lisboa e Madri”, diz Martha Medeiros. “São lugares seguros e movimentados, em que uma pessoa sozinha não se sente isolada. E para as mulheres que gostam de fazer compras, é uma mão na roda”. Mari Campos, por sua vez, acha que mulheres sem experiência de viagem devem começar por destinos fáceis de explorar. "Um ótimo lugar para começar é o próprio Brasil", indica ela. “Nosso país não é lá muito amistoso com os viajantes independentes. Falta muito em infraestrutura, transporte e qualidade de serviço em algumas regiões. Mas estamos carecas de conhecer o comportamento brasileiro, é nossa casa, nossa língua”. Fora do Brasil, Mari, a exemplo do Martha Medeiros, recomenda lugares como Paris e Londres, além de cidades universitárias europeias, como Salamanca (Espanha) e Montpellier (França), onde, segundo ela, é possível gastar pouco e fazer novas amizades.

Há destino não recomendados para turistas solitárias?
“Não acho aconselhável ir para lugares em que os costumes locais estabelecem diferenças severas entre mulheres e homens, como os países islâmicos. Deixaria para visitar esses lugares acompanhada”, afirma Martha Medeiros. “Também não iria para um local muito romântico, para não me sentir um peixe fora d´água. Lugares idílicos são perfeitos para se estar a dois – estando sozinha, pode ficar tedioso e pintar uma sensação de deslocamento”. Já Cássia Dian não recomenda de maneira nenhuma a Índia. “Os indianos têm um comportamento muito estranho com turistas estrangeiras”, conta ela. “Me sentia mal pois eles me encaravam de uma maneira incômoda. E, se você estabelece contato visual com eles, parece que a situação piora”. Mari Campos, por outro lado, acha que “não existe um lugar do mundo que não seja apropriado para uma mulher viajando sozinha”. “O que existe são lugares que exigem maiores precauções durante a viagem, como os países árabes” diz ela. “Nesses lugares, a gente tem que planejar bem o itinerário, se vestir de maneira discreta e não sair flanando por aí, já que vamos chamar muita atenção pelo simples fato de sermos ocidentais. Mas eu já visitei Jordânia, Dubai e Marrocos sozinha, e acabo de voltar do Egito, e recomendo todos eles. Foram viagens maravilhosas”.

O Brasil é um ambiente seguro para mulheres viajantes?
“Em qualquer destino turístico do país, sempre vai haver um assédio típico brasileiro, mas que não é agressivo”, afirma Cássia. “Nunca fui desrespeitada em minhas viagens pelo país. Mas sempre temos ficar ligadas na questão da segurança”. Martha Medeiros segue a mesma linha: “Escolhendo os grandes centros urbanos ou destinos turísticos com boa infraestrutura, não vejo problema. De qualquer forma, seguro morreu de velho: à noite, é recomendável não ficar na rua sozinha até tarde, nem se vestir de forma muito ousada para não passar o recado errado”. Para viagens nacionais, Mari Campos tem um conselho: “No Brasil, ficamos tão relaxadas por estarmos em casa, que acabamos dando bobeira aqui e ali”, afirma. “Então eu não ostento joias na rua, não ando com minha câmera pendurada no pescoço e nunca abro mapas no meio da rua. Baixo sempre mapas do destino no meu celular antes da viagem, e os consulto dentro de algum café ou restaurante”.

Quais são os destinos imperdíveis para mulheres que estão viajando pelo mundo?
Mari Campos: “Costumo dizer que meu país preferido é a Itália, minha cidade preferida é Paris e meu continente preferido é a África. Uma baita salada, né? Mas são lugares dos quais nunca me canso, que sempre me encantam, me excitam, me surpreendem. Vou a Paris no mínimo uma vez ao ano e sou muito, muito feliz só de chegar na cidade, esteja sozinha (como acontece na maioria das vezes) ou acompanhada”.

Martha Medeiros: “Estando sozinha, prefiro ir para uma grande metrópole, com vida cultural mais intensa. Minha preferida no mundo é Londres, pela sua diversidade cultural, pelo respeito à individualidade, pela beleza, pelos parques, pelos museus, pelo seu espírito vanguardista e monárquico ao mesmo tempo, uma contradição estimulante. Inclusive estou indo para lá daqui a poucos meses para estudar inglês. Já aluguei um estúdio e vou passar esse tempo totalmente by myself”.

Cássia Dian: “Morei recentemente na Espanha e adorei o país. É um lugar com cidades lindas e uma cultura maravilhosa. Além disso tem o idioma: lá, nós brasileiros nos comunicamos com muita facilidade. Mas as turistas devem ficar atentas: há muitos batedores de carteira em pontos turísticos movimentados de Madri e Barcelona”.

Que lugares são ideais para mulheres que querem fazer balada e conhecer novas pessoas? E quais são adequados para descansar e esquecer do mundo?
“Para conhecer gente e fazer festa, indicaria Salamanca, na Espanha”, diz Mari Campos. “Acho que não existe lugar no mundo mais fácil para se enturmar que lá. E, como é cidade universitária, tem mais bares e baladas que qualquer outro tipo de estabelecimento na cidade. E é um lugar barato. Lá, é possível entrar em festas barra libre (open bar) com cerveja e sangria liberadas por 5 ou 6 euros por pessoa”. Martha Medeiros, por sua vez, indica Fernando de Noronha para turistas que querem se desligar do mundo e relaxar.