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Em Asheville, Carolina do Norte, o distrito River Arts floresce

Mais de 140 estúdios funcionam no distrito de River Arts em Asheville, como o Curve Studios - Rebecca D"Angelo/The New York Times
Mais de 140 estúdios funcionam no distrito de River Arts em Asheville, como o Curve Studios Imagem: Rebecca D'Angelo/The New York Times

INGRID K. WILLIAMS

New York Times Syndicate

23/04/2011 08h00

Em uma recente tarde de outono, um trem de carga enferrujado passava lentamente por um depósito de tijolos de três andares em mau estado em Asheville, Carolina do Norte, enquanto uma matilha de cães corria atrás uns dos outros em um terreno baldio. Mas dentro do prédio dilapidado, salas antes sujas agora são estúdios de artistas, respingados de tinta e incrustados de argila. E no andar inferior, um ex-espaço de depósito para porcos abatidos agora é lar da Wedge Brewing Company (125 B Roberts Street; 828-505-2792; wedgebrewing.com), uma microcervejaria que abriu em 2008 com uma variedade de cervejas na torneira e um pátio ensolarado.

O que começou com artistas ocupando depósitos abandonados, se transformou naquele que agora é conhecido como distrito River Arts, graças à sua proximidade do Rio French Broad, que corta esta cidade boêmia montanhesa.

“Há não muito tempo esta era uma área estritamente industrial”, disse Chall Gray, um morador de Asheville que é dono do Magnetic Field (372 Depot Street; 828-674-2036; themagneticfield.com), um espaço de performance multiuso com bar e café, que abriu no início de dezembro no histórico e recém reformado Glen Rock Hotel. As coisas estão mudando “rapidamente e em grande escala”, ele disse. Agora a área conta com uma aglomeração de pintores, ceramistas, ferreiros e artistas de todos os tipos.

“É algo já consumado”, disse Constance Williams, presidente do distrito River Arts e uma artista local do Curve Studios (6, 9, 12 Riverside Drive; 828-388-3526; curvestudiosnc.com). Há cinco anos, menos de 50 artistas trabalhavam no distrito. Hoje, são mais de 140 estúdios em atividade espalhados por 16 prédios, a maioria aberto ao público.

Em contraste com o estereótipo do artista isolado, colecionadores de arte e turistas caminham pelos estúdios, conversam com os artistas que estão trabalhando e compram peças antes mesmo de estarem concluídas.

“Para muitos artistas, leva um tempo para se acostumarem”, disse Williams. “Mas você pode ver como sua pintura afeta os clientes, as emoções e reações que provocam.”

À medida que continua crescendo o interesse nesta cena de arte, novas empresas estão abrindo em um ritmo rápido. Williams citou os estúdios ousadamente pintados dirigidos pela Pink Dog Creative, que foram abertos em outubro, e outro novo estúdio onde David C. Stewart, um pintor local renomado, se estabeleceu em novembro.

Mas arte não é a única atração do distrito. Na 12 Bones Smokehouse (5 Riverside Drive; 828-253-4499; 12bones.com), turistas, estudantes e até mesmo políticos – o presidente Obama é um cliente que já retornou – esperam na fila, que frequentemente sai pela porta e segue estacionamento adentro, pela famosa costeleta baby back (de carne suína) do restaurante, acompanhadas de molhos de morango com pimenta habanero, mirtilo com pimenta chipotle ou mole para churrasco.

Proprietários de negócios locais, como Tom Montgomery do 12 Bones, reconhecem que ainda há dificuldades. “O bairro ainda precisa melhorar muito”, ele disse, citando alguns problemas persistentes com criminalidade, como pichações e arrombamentos.

Ainda assim, por volta das 16h, quando os estúdios encerram suas atividades, os artistas e moradores barbados seguem para a Wedge para beber cerveja no pátio. Cercados por esculturas feitas de sucata industrial reaproveitada, ela é um ponto de encontro adequado para o distrito River Arts. E após algumas rodadas de Iron Rail IPA ou da Community Porter com aroma de caramelo, as arestas ásperas do bairro se desfazem na neblina do entardecer.