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Bang Krachao é área verde ao lado da agitação de Bancoc

Ceil Miller Bouchet

New York Times Syndicate

12/10/2013 08h29

Palmeiras, mamoeiros, templos budistas, jiboias enormes e quilômetros de trilhas serpenteando pela selva: bem-vindos a Bang Krachao, área protegida pelo governo tailandês cercada pelo poderoso rio Chao Phraya.

Esse tesouro verdejante é ainda mais magnífico por estar tão pertinho de Bancoc, na outra margem do rio. Na verdade, Solim, o centro financeiro da capital tailandesa, fica a menos de dez quilômetros do famoso "pulmão verde" da cidade -- e a diferença não poderia ser mais drástica.

"É incrível que o pessoal de Bancoc venha tão pouco para cá", diz Paul Mueller, engenheiro norte-americano que há pouco tempo começou a promover passeios de bicicleta usando uma frota de magrelas que compra de ferros-velhos e reforma. Como muitos outros, ele geralmente vai para Bancoc de balsa (são cerca de cinco minutos) e lá utiliza o Skytrain, serviço de transporte público.

  • Landry Dunand/The New York Times

    Em Bang Krachao, turistas passeiam entre árvores, templos budistas e jiboias enormes

Mueller acredita que muita gente evite a área verde porque "os tailandeses adoram carro e vir para cá dirigindo é complicado porque só tem uma estrada". Apesar disso, o estilo de vida bucólico começa a ganhar outros ares nesse oásis que, na verdade, é uma ilha artificial, com um canal construído de um dos lados.

Bang Krachao está se integrando ao tempo presente graças ao crescimento do turismo e o surgimento de novos estabelecimentos (hotéis boutique, cafés) ao lado dos antigos (barraquinhas de comida, feiras livres). Mas não é por isso que o "mai pen rai" ("sem problema", em tailandês) deve ser esquecido, segundo explica Mueller. O clima tranquilo de Bang Krachao atrai um número cada vez maior de visitantes.

Entre as novidades está o Bangkok Tree House, o hotel boutique estiloso e ecologicamente correto que Joey Tulyanond, filho de um diplomata tailandês, inaugurou no ano passado. Recentemente ele começou a oferecer aulas de culinária para os hóspedes que sonham em preparar os pratos locais em sua cozinha espaçosa -- e logo ao lado os chalés de um resort estão em construção.

Os visitantes também podem ter aulas de culinária (e confecção de incensos) no Herbal Joss Stick Home, a cinco minutos de bicicleta do hotel.

O ciclismo, aliás, é o grande atrativo de Bang Krachao, onde a maioria das pessoas se movimenta nas magrelas ou vespas. O Nai Baan Kafe, recém-inaugurado, se tornou parada obrigatória de reabastecimento entre pedaladas.

Há pouco tempo fiz uma excursão com Mueller. O ar da selva, cheio de sons, tinha cheiro de folhas em decomposição. Enquanto passeávamos por vilarejos cheios de casinhas de madeira à sombra das palmeiras, ele me confessou que não tinha medo da falta de parapeito nas partes mais altas das trilhas, nem das aranhas, nem mesmo da cobra que viu no meio do caminho, mas sim dos cocos que despencam das palmeiras, sem aviso. Esses, sim, quase o fazem morrer de susto.

Sua ansiedade, porém, desapareceu no clima tranquilo da feira flutuante de fim de semana de Bang Namphueng. Depois de atravessar uma ponte de madeira, vi uma dezena de barquinhos ao longo do canal fazendo companhia para as inúmeras barraquinhas nas margens que serviam arroz frito e curry para os clientes sentados em banquinhos plásticos ou as que vendiam frutas, legumes e doces pelas ruas.

Um monge budista aspergiu água benta em um pedestre; crianças brincavam enquanto os pais cantavam em um karaokê e faziam piquenique perto de um templo colorido. Conforme fomos deixando a feira para trás, Mueller apontou para o estacionamento recém-asfaltado.

"A feira está crescendo. Tem mais gente da cidade aqui nos fins de semana", conta. Agora seu medo é outro: os engarrafamentos. "Não queremos que Bancoc venha para cá!"