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Noite de Dubai tem lado 'ocidental pop' com balada e shows de rock

Seth Sherwood

New York Times Syndicate

20/04/2015 14h04

É impossível ignorar Dubai; como seus líderes e construtoras locais gostam de alardear, a cidade-Estado do Golfo Pérsico tem o prédio mais alto do mundo (o Burj Khalifa), o hotel mais alto do mundo (o JW Marriott Marquis Dubai), a maior ilha artificial do mundo (a Palm Jumeirah) e o maior shopping center do mundo (o Dubai Mall).

O que talvez se perca na bravata é a verdade, bem mais impressionante, de que esse antigo fim de mundo nos Emirados Árabes Unidos se tornou uma metrópole etnicamente diversificada. A população mundial se mistura no recém-inaugurado Corniche, à beira-mar, nas praias públicas bem cuidadas, metrôs e bondinhos modernos – sendo que esse último foi inaugurado no ano passado – e nas centenas de restaurantes árabes-persas-indianos-paquistaneses-filipinos-franceses-japoneses-chineses-britânicos, simples ou mais sofisticados.

E agora Dubai está finalmente desenvolvendo um lado artístico alternativo, com uma área onde o número de galerias não para de crescer e onde se instalaram os estilistas independentes ambiciosos, vários cafés orgânicos e casas noturnas de classe internacional.

SEXTA-FEIRA

17h - Direto para o topo
Visitar o Burj Khalifa – com seus mais de 160 andares e 828 metros de altura – é como pegar um avião. Basta fazer a reserva dos ingressos on-line (de 125 a 200 dirhams ou de US$35 a US$55, com o dólar a 3,60 dirhams), imprimir em um dos quiosques eletrônicos do Dubai Mall, aguardar na fila, passar pela revista e entrar em um compartimento confinado de metal – o elevador de alta velocidade que arranca de repente e o deixa no deque de observação do 124º andar. Melhor conhecer o perfil da cidade à noite – suas rodovias cheias de vida, seus prédios altíssimos, o deserto – para ter uma boa ideia das ambições verticais de crescimento de Dubai.

O brilho (e o glamour) continuam no 40 Kong, um ponto de observação de 40 andares que se ergue sobre a cidade cujo balcão brilha em tons laranja, as mesas baixas, em branco, e os pilares parecem pegar fogo nas jaula - Celia Peterson/The New York Times - Celia Peterson/The New York Times
O brilho é a marca do 40 Kong, um lugar boêmio que oferece linda visão de Dubai
Imagem: Celia Peterson/The New York Times

20h - Um colosso chamado Rhodes
A evolução da culinária britânica – que de piada mundial passou a opção gastronômica valorizada – se deve muito a Gary Rhodes, chef com direito a programa de TV, autor de livro de receitas e restaurante estrelado pelo guia Michelin que abriu o tão aguardado Rhodes W1 no ano passado. Dentro de seu interior descolado – minimalista, em branco, com iluminação suave – garçons jovens e simpáticos (às vezes mais animados que experientes) servem versões modernas dos clássicos daquele país, como o Welsh (torrada coberta com molho de queijo), a rabada e as almôndegas de miúdos no molho. Altamente recomendados são o mushy peas (tipo de um purê seco de ervilha) sobre o qual é servido o tempurá de ostra e a barriga de porco com legumes de inverno, pedaços de maçã no mel e salada verde com queijo blue. Jantar de três pratos para duas pessoas, sem vinho, sai por 600 dirhams.

22h30 - Dubai's Got Talent
Decisões musicais são complicadas: quer ouvir um grupo de trovadores vestidos a caráter, tocando clássicos árabes com uma orquestra? Ou uma banda disco cantando os sucessos de Donna Summer? Um crooner caprichando na ópera italiana e uma versão própria de "We Are the Champions"? Tudo isso e muito mais, de homenagens ao reggae a canções populares egípcias, há de tudo, ao vivo e em volume bem alto, na casa de shows conhecida como MusicHall, na famosa ilha Palm Jumeirah. Vários artistas oferecem shows curtos e animados ao longo da noite, levando o público, bem-vestido e eclético, à loucura. Reserve um lugar ou mesa no bar e deguste uma dose ou duas de Chivas Regal (1.200 dirhams pela garrafa) ou um coquetel Spiced Pisang (rum com especiarias, rum envelhecido, Pisang Ambon, Midori, banana; 95 dirhams) logo que chegar.

SÁBADO

Meio-dia - Brunch boêmio
O estilo galpão-chic já chegou a Dubai graças ao Tom & Serg, restaurante da dupla australiana-espanhola de mesmo nome, um espaço neo-industrial de pé-direito alto, encanamento exposto e lâmpadas pendentes. O cardápio é longo e internacional, incluindo opções como ovos Benedict com carne seca (49 dirhams) e burritos (59 dirhams) para o brunch e atum frito com soba (51 dirhams) e caranho (69 dirhams) com acompanhamentos de influência do Oriente Médio, como purê de berinjela e pilaf com pistache. A seguir, dê uma espiada no balcão de sobremesas para escolher entre o pudim de pão, o bolo de cenoura e muitas outras delícias caseiras.

O restaurante Qbara funde o Oriente e o Ocidente em seu sofisticado cardápio - Celia Peterson/The New York Times - Celia Peterson/The New York Times
O restaurante Qbara funde o Oriente e o Ocidente em seu sofisticado cardápio
Imagem: Celia Peterson/The New York Times

14h - Rua da arte
Assim como os estúdios de Hollywood, cada galpão da Avenida Alserkal – um distrito de artes fechado que abriga mais de vinte galerias que está passando por uma reforma imensa – é uma janela para um universo fascinante. O Museu Particular Salsali, espaço elegante decorado com cadeiras dos anos 50 e um mini cinema, exibe principalmente artistas iranianos e do Oriente Médio. A Grey Noise, que expõe em feiras internacionais como a Frieze e a Art Basel, apresenta projetos altamente conceituais; já o Gulf Photo Plus, mais acessível, reúne mostras fotográficas internacionais. Para se inspirar, vá ao A4, espaço que funciona como café, lounge, biblioteca, cinema, boutique e incubador de ideias. Um café latte sair por 20 dirhams.

17h - Salto alto e smoothie
Mega shopping centers? Que nada. Deixe de lado as catedrais de consumo gigantescas e superlotadas e vá dar uma volta pela Jumeirah Beach Road, onde estão as boutiques independentes. Entre na Closet, parte de um pequeno grupo que segue a nova tendência da consignação em Dubai, se quiser comprar um par de Jimmy Choo em couro vermelho (600 dirhams) e uma echarpe floral descolada da Marc Jacobs (200 dirhams) por uma fração do preço no varejo. Já se sua opção for bules de chá de prata étnico-chic (315 dirhams), almofadas bordadas (350 dirhams) e edições da Taschen, a francesa Comptoir 102 tem isso tudo, mais sucos frescos, smoothies, cafés e chás. Dividindo uma mansão, a Bambah oferece criações em alta costura de Maha Abdul Rasheed – principalmente vestidos de noite glamurosos que lembram a época de ouro de Hollywood – enquanto a Zoo Concept oferece acessórios kitsch e novidades (alguma das senhoras estaria interessada em uma clutch de plástico transparente com a bandeira nacional?) escolhidos pelo irmão de Rasheed, Hussein.

20h - Uma festa para o paladar
Prepare-se para a descrição: o Qbara funde, de forma inovadora, o Oriente e o Ocidente, o novo e o tradicional em um cardápio árabe-levantino-persa-otomano em um salão de dois andares, de iluminação suave, de inspiração moura chic. Mais rápido do que se estivesse em um tapete voador, a cozinha vai levá-lo a Yerevan passando por Aleppo (uma mistura doce-salgada de basterma (carne seca armênia) com pêssegos ácidos e queijo halloumi) e Marrakesh (carne de codorna envolta em folhas de parreira grelhadas com especiarias marroquinas), com paradas em Istambul (manjar turco de frutas vermelhas coberto com chocolate e sorvete de rosas) ou Shiraz (sorbet de pera). A extensa carta de vinhos, com safras dos EUA e da Síria, inclui um rosé mineral adorável, seco e leve, do Chateau Massaya, no Líbano (65 dirhams/copo). Jantar com três pratos para dois, sem bebidas, fica por aproximadamente 700 dirhams.

Em Dubai, tudo brilha sobre a recém-inaugurada filial do Pacha, o megaclube com sede em Ibiza. As luzes são vermelho vivo; a cúpula, com um detalhe trompe-l'oeil que imita o céu, é azul; e os canos de água Meduse, futuristas, brilham em vários tons - Celia Peterson/The New York Times - Celia Peterson/The New York Times
Em Dubai, tudo brilha sobre a recém-inaugurada filial da casa noturna Pacha
Imagem: Celia Peterson/The New York Times

23h - Siga o brilho
Os telhados estão pegando fogo em Dubai, graças aos bares de cobertura que se espalham pela cidade. Tudo brilha sobre a recém-inaugurada filial do Pacha, o megaclube com sede em Ibiza. As luzes são vermelho vivo; a cúpula, com um detalhe trompe-l'oeil que imita o céu, é azul; os canos de água Meduse, futuristas, brilham em vários tons. Ali ao lado, no icônico hotel Burj Al Arab, em forma de vela, o que impera é o branco. E você também estaria brilhando depois de alguns martínis Iberian Cherry Rosé (com vodca, tomate e alecrim; 75 dirhams). O brilho (e o glamour) continuam no 40 Kong, um ponto de observação de 40 andares que se ergue sobre a cidade cujo balcão brilha em tons laranja, as mesas baixas, em branco, e os pilares parecem pegar fogo nas jaulas. O coquetel Kong (bourbon, licor de baunilha, calda Orgeat, suco de limão, hortelã e cerveja de gengibre; 90 dirhams) é campeão.

DOMINGO

10h - Domingo na praia
O recurso natural mais abundante em Dubai – a areia – é de graça e está pronta para ser explorada nas praias públicas imensas e bem cuidadas do emirado. Kite Beach, espremida atrás do restaurante Le Wazawan, em Jumeirah Beach Road, atrai os jovens descolados do mundo todo, além de jovens profissionais, famílias e hipsters com suas areias douradas, águas tranquilas, áreas reservadas para o vôlei, clima tranquilo e vários quiosques de comidinhas. No almoço, siga o pessoal de roupa de banho e o cheirinho do bife wagyu grelhado e entre no SALT, dois trailers Airstream, um ao lado do outro, que conquistaram um verdadeiro séquito graças a seus minibúrgueres (dois por 35 dirhams) cobertos com queijo derretido e fatias de pimenta jalapeño.

Meio-dia - Especiarias e ouro
Guarde uma moeda de um dirham para atravessar o Riacho Dubai – que na verdade é um rio caudaloso – em um dos barcos antigos de madeira, os "abras" que saem da margem, perto do mercado de tecidos. A bordo dele, passará pelos antigos navios dhow, no melhor estilo Simbad, antes de chegar ao bairro operário iraniano-indiano-paquistanês de Deira. Do outro lado da rua, o bazar chamado Souk El-Kabeer abriga uma variedade de lojas que vendem de tudo, desde especiarias a narguilés e tábuas de passar. A algumas quadras dali, as vitrines do Gold Souk brilham com a variedade de anéis, colares, pingentes, broches e outras peças em ouro 24 quilates. Apesar dos excessos, o bairro mantém um clima tradicional simples e lembra a Dubai de outrora, antes dos arranha-céus, hotéis sete estrelas e esquemas de dominação mundial.

Barquinhos cruzam uma das muitas paisagens de Dubai - Celia Peterson/The New York Times - Celia Peterson/The New York Times
Barquinhos cruzam uma das muitas paisagens de Dubai
Imagem: Celia Peterson/The New York Times

ONDE FICAR

Em meio às lojas e galerias da região histórica, a Orient Guest House (Al Fahidi, orientguesthouse.com) ocupa uma casa com um pátio em estilo Velho Mundo com onze quartos decorados com móveis e tecidos árabes tradicionais. Diárias a partir de 300 dirhams.

Inaugurado em 2014 na ilha Palm Jumeirah, o Waldorf-Astoria Dubai Palm Jumeirah (Crescent East; Plot C-34; ar.hilton.com/en) é um complexo palaciano de 319 quartos. Diárias dos quartos duplos a partir de 920 dirhams (baixa estação de verão) ou 1.525 (alta estação).