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Com mar azul-turquesa, Anguilla atrai endinheirados em busca de sossego

Baz Driesinger

New York Times Syndicate

02/03/2015 19h54

Anguilla não tem direito de ser fabulosa: a ilha caribenha, território britânico a 11 km ao norte de St. Maarten/St. Martin, é uma sujeirinha no radar, apenas 90 km quadrados com direito a seis semáforos. É plana, árida e o setor de turismo só surgiu há vinte anos, pois até a década de 60, grande parte dela ainda não tinha nem energia, nem serviço telefônico.

No entanto, hoje abriga alguns dos resorts mais chiques da região, restaurantes impecáveis e praias paradisíacas. Tem mansões de arquitetura belíssima, como as de Altamer, que ganharam nomes de pedras preciosas, e atrai celebridades como Kevin Bacon e Jimmy Buffett, uma versão britânica de St. Barts, mas sem a pretensão.

O estilo local é um paradoxo perfeito, o da elegância chique, despojada e descalça. Não há cruzeiros, cassinos nem hotéis imensos, mas há um cenário musical rico, liderado por cantores/compositores como Omari Banks e Ruel Richardson, que pode ser conferido durante o festival anual de reggae Moonsplash.

E parece que a cada temporada o quesito deslumbramento se firma: os lançamentos de luxo já incluem o hotel Malliouhana, reinaugurado no fim de 2014 depois de uma reforma de três anos, e a seguir vêm o Zemi Beach Resort & Spa, resort opulento de 115 suítes, e o Reef by CuisinArt, hotel boutique abastecido por um campo solar de 1,61 hectares.

SEXTA-FEIRA

13h30 - Direto ao ponto
Anguilla tem 33 praias tão absurdamente maravilhosas que até dá para duvidar de que sejam reais. Como a água pode ser tão azul e a areia, tão branquinha e macia? Comece levando a toalha para a mais badalada de todas: Shoal Bay East, um trecho de 3,2 km cujo destaque é "o ponto", ou seja, uma curva que deixa a paisagem ainda mais deslumbrante (e cuja foto vai fazer seus amigos desistirem de segui-lo nas redes sociais de tanta inveja).

Passeios de cavalo pela praia estão entre as atrações de Anguilla, no Caribe - Chris Carmi­chael/The New York Times - Chris Carmi­chael/The New York Times
Passeios de cavalo pela praia estão entre as atrações de Anguilla, no Caribe
Imagem: Chris Carmi­chael/The New York Times

16h30 - Hora do tratamento
O CuisinArt Golf Resort & Spa é famoso, é claro, por seus pratos, mas o chef Jasper Schneider agora oferece aulas de culinária usando as ervas, legumes e verduras da horta hidropônica da propriedade. O grande destaque, porém, é o palaciano Venus Spa, com opções (quase) infinitas e especiais. Aproveite a massagem Warmed Seashell (US$140 por 50 minutos; a moeda norte-americana é aceita em toda a ilha) ou o tratamento Healing Waters Sea Scrub & Soak (US$150 por 50 minutos), que usa a água e o sal locais como poderoso exfoliante.

18h - Coquetéis de fim de tarde
Quando o Viceroy Anguilla foi inaugurado, em 2009, parecia uma fatia de South Beach no Caribe, com todo o luxo e badalação que se espera da grife sofisticada. Você pode desfrutar de um pôr do sol mágico ao lado da piscina infinita do Sunset Lounge, que oferece uma coleção irresistível de runs envelhecidos e charutos cubanos (coquetéis especiais a US$15). Se tiver sorte, vai ouvir a banda local de R&B Omalie360, cujo vocalista não deixa nada a dever a Usher.

20h - Jantar clássico
Como uma das primeiras propriedades de luxo inauguradas na ilha, em 1988, Cap Juluca, com seus arcos greco-mouros compondo uma cena dramática contra o céu azul, poderia muito bem ser o símbolo do turismo de Anguilla. Seu restaurante, o Spice, foi reformado para se parecer com um lounge marroquino, com direito a sofás de plush de seda, decoração colorida e um cardápio com cores mediterrâneas e sabores locais, como as vieiras refogadas e o lagostim grelhado à moda da casa. (Jantar para dois sai, em média, por US$140, sem bebidas).

22h - Fim de noite
Sandy Ground é o que mais se assemelha a uma vida noturna em Anguilla. The Pumphouse é uma antiga fábrica de sal que se transformou em pub e casa de shows ao vivo; Johnno's Beach Stop é uma instituição local, conhecida pelas sessões de jazz aos domingos; durante a semana você vai achar pelo menos um ou outro notívago no Elvis' Beach Bar, onde um barco de quase 5 m serve de balcão e o novo cardápio, baseado na cozinha mexicana, derruba qualquer ressaca. Ah, sim, o lugar é supervisionado por ninguém menos que o próprio Elvis (difícil deixar de vê-lo com tantas correntes douradas no pescoço).

Pare para mergulhar de snorkel em Little Bay, um dos sete parques marinhos que cercam em Anguilla e acene para os pelicanos guardando seus ninhos nos penhascos logo em frente. Volte para o barco, sirva-se de uma boa dose de rum Pyrat e admire as nuvens cor-de-rosa tomando conta do céu azul - Chris Carmi­chael/The New York Times - Chris Carmi­chael/The New York Times
Barquinho flutua em Little Bay, um dos cartões-postais de Anguilla
Imagem: Chris Carmi­chael/The New York Times

SÁBADO

9h30 - Explorando a história
Ao contrário do que os livros escolares dizem, o Caribe não foi "descoberto": os ameríndios viveram ali durante séculos. Saiba um pouco mais sobre eles conferindo os petróglifos taino que se encontram nas cavernas subterrâneas de coral e calcário da região. O guia Oliver Hodge oferece passeios informativos (264-772-4252; US$20 por pessoa) durante os quais você vai aprender a acabar com a dor de dente com uma erva chamada "ram goat", além de visitar o Parque Nacional Fountain Cavern, que pode ter sido um local sagrado de peregrinação. Se estiver com preguiça de caminhar, pode saber mais sobre os tainos (e apreciar outros artefatos, como fotos e selos antigos) no charmoso Heritage Collection Museum, em The Valley, capital da ilha (ingresso: US$5; crianças com menos de doze anos: US$3).

13h30 - Relaxando na praia
Em Anguilla, não passe a maior parte do seu dia só tomando sol na praia. Vale explorar Meads Bay, por exemplo, muito popular não só por causa de sua beleza intocada, mas também por causa dos hotéis badalados situados ali, incluindo o Frangipani Beach Resort. Almoce no Straw Hat (US$40 para dois), pois o cardápio oferece opções como ceviche de caranho e sanduíche de peixe apimentado, além do Reuben de pastrame e "o melhor bagel de Anguilla". Ao final da refeição, o melhor: desfrutar das espreguiçadeiras, perfeitas para a tarde.

16h - Todos a bordo
O pôr do sol é um espetáculo dramático em Anguilla, por isso vale a pena fazer um passeio de barco de fim de tarde com a Sea Pro Charters (US$350 para até quatro pessoas). Pare para mergulhar de snorkel em Little Bay, um dos sete parques marinhos que cercam a ilha e acene para os pelicanos guardando seus ninhos nos penhascos logo em frente. Volte para o barco, sirva-se de uma boa dose de rum Pyrat e admire as nuvens cor-de-rosa tomando conta do céu azul.

20h30 - Jantar especial
Entre os destaques gastronômicos da ilha, o Veya é tudo, menos espalhafatoso (prepare-se para pagar US$150 pelo jantar para dois, sem bebidas; o menu degustação de cinco pratos sai por US$95). Os deques de madeira e fontes no jardim dão ao restaurante um clima de casa na árvore e toda semana os clientes são brindados com apresentações ao vivo de nomes como Omari Banks, filho talentoso do ícone local Bankie Banx, responsável pelo Moonsplash, cuja música que parece uma mistura de Bob Marley e Bob Dylan. Os pratos, porém, nada têm de casual: carpaccio de moluscos com salada de chuchu, peito de pato curado na baunilha com molho de goiaba e charutos de camarão apimentados à marroquina.

Em Anguilla, almoce no Straw Hat: o cardápio oferece opções como ceviche de caranho e sanduíche de peixe apimentado, além do Reuben de pastrame e "o melhor bagel de Anguilla". Ao final da refeição, o melhor: desfrutar das espreguiçadeiras, perfeitas para a tarde - Chris Carmi­chael/The New York Times - Chris Carmi­chael/The New York Times
O Straw Hat é um dos melhores restaurantes de Anguilla, no Caribe
Imagem: Chris Carmi­chael/The New York Times

DOMINGO

8h - Passeio matinal
Pode ser o maior clichê romântico do mundo: um passeio a cavalo em uma praia deserta ao nascer do sol. Mas, e daí? Transforme a fantasia em realidade agendando o programa com a Seaside Stables (US$75 por uma hora para grupos).

Meio-dia - Paraíso em Scilly Cay
Vá a Island Harbour, uma aldeia de pescadores no extremo da ilha. Fique parado na doca e acene: um barquinho se adiantará para pegá-lo e levá-lo para passar uma tarde de domingo idílica em Scilly Cay. Verdadeira instituição de quase trinta anos, é uma ilhota onde você pode fazer quatro coisas: nadar nas águas calmas e rasas; ouvir reggae ao vivo; comer (lagosta, peixe, lagostim ou frango grelhados) e beber o famoso ponche de rum matador (lagosta/lagostim, US$75; frango, US$30). Reserve um tempinho para um papo animado com os donos, Sandra e Eudoxie Wallace, cujas histórias cheias de detalhes são tão picantes quanto o próprio Eudoxie (tendo um apelido como Belezura, o que esperar do cara?).

ACOMODAÇÕES

Cap Juluca é o hotel mais famoso, com 18 chalés espalhados por mais de 1,5 km de praia de areias brancas, uma piscina de 170 metros quadrados, duas quadras de tênis e quatro opções de bares/restaurantes (diárias a partir de US$595).

O novo CeBlue é o único clube privado de luxo de Anguilla. Localizado no topo de uma colina, com telhados azuis e piscinas imensas, as mansões sofisticadas dão um ar de St. Barts ao Caribe inglês. (Crocus Bay; 800-304-1484; ceblueanguilla.com; diárias a partir de US$1 mil para casas com três quartos. Estadia mínima de três dias).

"Anguilla acessível" é, na verdade, um paradoxo, mas há algumas exceções, como a Arawak Beach Inn, propriedade de 17 quartos fora do circuito turístico, na charmosa Ilha Harbour. (ArawakBeach.com; diárias a partir de US$195.)