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Conheça a história do Prêmio Nobel da Paz em um tour por Oslo

Marcel Vincenti

Do UOL, em Oslo (Noruega)*

09/10/2014 06h00

O Prêmio Nobel da Paz leva o sobrenome do inventor da dinamite e já foi entregue a líderes que passaram mais tempo envolvidos em conflitos armados do que estabelecendo o entendimento entre os povos, como Barack Obama, Menachem Begin e Yasser Arafat. 

Porém, apesar de suas polêmicas, a condecoração ainda é uma das mais prestigiadas láureas do mundo. Além de dar mais de US$ 1 milhão ao seu vencedor, o Nobel da Paz imprime relevância global a temas humanitários que, talvez sem ele, não chegariam aos ouvidos de boa parte da população da Terra. 

A sede do comitê do prêmio fica em Oslo, cidade norueguesa que, desde 2005, também abriga um museu que conta a história da premiação e realiza exposições sobre assuntos como liberdade de expressão, meio ambiente e conflitos armados. 

O local é um cenário perfeito para entrar em contato com toda a magnitude da condecoração -- à qual, neste ano, concorrem 278 candidatos indicados por diversas instituições políticas do mundo. Entre eles estão o papa Francisco, o presidente uruguaio José Mujica, a ativista paquistanesa pela educação Malala Yousafzai e o delator dos esquemas de espionagem da Agência de Segurança Nacional estadunidense, Edward Snowden. O anúncio do vencedor será feito nesta sexta-feira, 10 de outubro.

O museu se chama Nobel Peace Center e, em seu interior, os turistas podem conhecer, em exibições multimídia, as biografias de cada um dos mais de 100 vencedores do Nobel da Paz, entregue desde 1901.  

Estão lá as histórias, em vídeo, fotos e texto, de pessoas como o Dalai Lama (laureado em 1989 por causa de sua política de não-violência na tentativa de tornar o Tibete independente), Nelson Mandela (vencedor em 1993 por ajudar a África do Sul a sair do apartheid para a democracia) e Madre Teresa de Calcutá (premiada em 1979 por seu trabalho assistencial aos miseráveis da Índia).

O Noble Center exibe o trabalho corajoso da OPAQ, que trabalha para destruir arsenais de armas químicas em zonas de guerra - Marcel Vincenti/UOL - Marcel Vincenti/UOL
O Noble Center exibe o trabalho corajoso da OPAQ, que trabalha para destruir arsenais de armas químicas em zonas de guerra e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2013
Imagem: Marcel Vincenti/UOL

Barack Obama também ganha destaque. O atual presidente dos Estados Unidos foi condecorado em 2009, segundo a comissão do Nobel, “por seus esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”.

A escolha fez o aclamado jornalista britânico Robert Fisk, que cobre guerras no Oriente Médio há mais de três décadas, escrever à época: “pela primeira vez, o Nobel da Paz é entregue a um homem que não alcançou nada [em termos de promover a paz pelo mundo]. O prêmio foi dado na vaga esperança de que ele vá alcançar algo no futuro”.

Arriscando o pescoço

O Nobel da Paz não é dado apenas para pessoas. Durante sua história, ele já foi entregue a instituições como a Organização das Nações Unidas, Cruz Vermelha, Unicef, Anistia Internacional e Médicos Sem Fronteiras.

Em 2013, a láurea foi para a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que envia seus profissionais a lugares longínquos e conflagrados para ajudar na destruição de armas químicas.

Dentro do Nobel Peace Center, uma exposição fotográfica mostra, até o dia 23 de novembro de 2014, o arriscado trabalho dos colaboradores da OPAC: além de ter que lidar diretamente com artefatos explosivos de gás sarin e outras substâncias tóxicas, eles geralmente desenvolvem seu trabalho no meio de regiões em guerra (como aconteceu na Síria recentemente), correndo um grande risco de morrer do meio do fogo cruzado.

“São imagens que permitem ao público ter um contato próximo com heróis desconhecidos”, diz Bente Erichsen, diretor executivo do Nobel Peace Center.

Fachada do Grand, hotel de Oslo que hospeda todos os anos, em uma suíte especial, os vencedores do Nobel da Paz - Marcel Vincenti/UOL - Marcel Vincenti/UOL
O hotel Grand é responsável por hospedar os vencedores do Nobel da Paz em Oslo
Imagem: Marcel Vincenti/UOL

A história de Alfred Nobel também está lá. Nascido na Suécia, especialista em química e herdeiro de uma grande riqueza, ele decidiu, pouco antes de morrer, deixar parte de sua fortuna para a criação de um prêmio que fosse concedido a "pessoas que tenham conferido grandes benefícios para a humanidade". 

Hoje, os prêmios Nobel de Química, Física, Medicina, Economia e Literatura são entregues na cidade sueca de Estocolmo. Não existe um motivo oficial para o Nobel da Paz ter sido vinculado com Oslo. Uma das teorias é que, após a invenção da condecoração, a Suécia quis fazer um agrado à Noruega (nação que, à época, encontrava-se unificada, em posição de desvantagem política, com o reino sueco) e estabeleceu no país o comitê que decide o destinatário da premiação -- o comitê é hoje composto por cinco indivíduos, indicados pelo Parlamento norueguês.     

A cerimônia de entrega da láurea é realizada todos os dias 10 de dezembro (data da morte de Alfred Nobel) no lindo hall da prefeitura de Oslo -- que fica ao lado do Nobel Peace Center e, quase todos os dias do ano, é aberto ao público. A poucas quadras de distância também se localiza o tradicional hotel Grand, que possui um suíte especial para hospedar os vencedores do prêmio. 

A acomodação, ao qual o UOL Viagem teve acesso, é luxuosa, mas não é a maior do hotel. Seu grande atrativo, além da cama onde já repousaram algumas das principais sumidades políticas do planeta, está nos quadros que retratam estes líderes na suíte. Kofi Annan, Desmond Tutu e Obama são alguns dos retratos presentes. A diária do espaço custa cerca de 3.000 coroas (aproxidamente R$ 1.100).

SERVIÇO

Nobel Peace Center
Aberto de terça a sábado, das 10h às 18h.
Endereço: Rådhusplassen, Oslo
Mais informações: www.nobelpeacecenter.org

*O jornalista Marcel Vincenti viajou a Oslo a convite do escritório de representação norueguês Innovation Norway