Com saltos ornamentais, atletas desafiam penhasco em atração de Acapulco

Representados até na logomarca do turismo na cidade, os praticantes de saltos ornamentais são uma atração à parte em Acapulco, no México. Eles posicionam-se nas rochas de um penhasco próximo à praça principal da cidade e homenageiam a Virgem Maria de Guadalupe, patrona do México e também protetora dos mergulhadores.

Os saltos lembrariam brincadeiras típicas de praia não fossem as características geográficas do local: os rapazes se projetam de bases (que têm entre 35 e 45 metros de altura) em direção a um fosso de dois metros de largura e quatro de profundidade. Para isso, praticam desde crianças, com a orientação da associação local. A entidade também treina meninas, embora nenhuma delas ainda tenha se profissionalizado.

Na noite de 12 de dezembro de 2014 acontece a comemoração anual, onde quase 70 clavadistas (termo espanhol para os esportistas) se apresentarão para o público, festejando 80 anos da atração.

O show atrai um grande número de visitantes na temporada e discute-se qual o melhor ponto ou horário para assistir. Logo ao chegar na praça de La Quebrada, passantes são abordados por um funcionário do hotel El Mirador, que reivindica ter a melhor vista e está instalado no mesmo morro que serve de trampolim aos atletas diariamente.

Do restaurante do hotel há duas opções de pacotes fechados para assistir ao espetáculo, com vista frontal para a cena: dois drinques ou menu completo, com as bebidas. Cobram o dobro do que os restaurantes tradicionais da Costera, embora os preços sejam compatíveis com os endereços mais requintados da cidade. 

O jantar pode ser uma distração a mais para quem prefere permanecer sentado, já que a preparação dos mergulhadores pode demorar um pouco entre um salto e outro. É preciso avaliar o momento exato em que a chegada das ondas aumenta a profundidade no local da queda. 

O acesso à área externa também é feito mediante ingresso cobrado pela associação dos mergulhadores. Próximo à portaria do acesso oficial há dois níveis de quiosques cobertos, com algumas cadeiras. Quase todos os espectadores, no entanto, descem as escadarias e procuram ficar o mais próximo possível do local dos saltos.

Se das varandas do restaurante e dos quiosques próximos à entrada observa-se um belo cenário da montanha e do mar, de perto a plateia vibra e preocupa-se com os mergulhos. Ninguém tira os olhos das silhuetas prestes a se jogar nos ares: os saltadores estendem o corpo, fecham-se em um rodopio e se posicionam de ponta-cabeça para a chegada na água. Tudo isso em poucos segundos.

No retorno à superfície, eles são aguardados por turistas, com expectativa satisfeita em 100%. Jamais ocorreu um acidente fatal entre os milhares de saltos testemunhados na Quebrada. Mesmo assim, os semblantes sérios daqueles que escolheram a profissão deixa claro que o risco os acompanha de forma permanente. Nenhum deles ri, brinca ou comemora. Agem como se tivessem um dever a cumprir, dando continuidade ao que faziam seus antecessores.

Alguns ajudam a sustentar as suas famílias com as gorjetas, que costumam ser mais generosas nas mãos dos que desejam tirar uma foto com o grupo. Lado a lado, algumas cicatrizes na pele tornam-se perceptíveis. Marcas "temporárias", de acordo com Genaro Sánchez Méndez, praticante de salto desde 1999. Diante do símbolo que seu ofício representa, talvez as lesões sejam mesmo passageiras.

Serviço
Clavadistas de la Quebrada
Plazoleta La Quebrada, Acapulco
Diariamente, às 13h30, 19h30, 21h30 e 22h30.
Mais informações: +52 744 483 1400