Topo

Em Roma, do ladinho do Papa, loja esconde museu do terror e atrai famosos

Duda Leite

Do UOL, em Roma (Itália)

27/05/2015 20h32

Ir a Roma e não ver o Papa, tudo bem. Pecado mesmo é visitar a capital italiana e não conhecer uma singular loja dos horrores capaz de atrair clientes célebres. Localizada próxima ao Vaticano (na simpática Via dei Gracchi, 260), a loja Profondo Rosso foi fundada pelo mestre do cinema de terror italiano Dario Argento, em 1989.

O local é um simpático e assustador ponto de encontro para fãs de terror e de cinema em geral. Entre os famosos que passaram por lá estão os diretores norte-americanos Tim Burton e Eli Roth e o rock star Alice Cooper.

A loja é totalmente dedicada ao universo do terror, da fantasia e do cinema “giallo”, um estilo de filmes de terror tipicamente italiano, surgido nos anos 1970. “Giallo” em italiano significa “amarelo”, mas a partir dos anos 1930, o termo começou a ser usado para descrever uma série livros de mistério publicados na Itália, invariavelmente com capas amarelas.

No início dos anos 1960, a expressão tornou-se o termo oficial para definir um gênero específico de filmes de terror que surgiu após o sucesso “Olhos Diabólicos” (ou “La Ragazza che Sapeva Troppo”, título original),  longa de 1963 do mestre Mario Bava.

Os “Giallos” possuem algumas características em comum: o assassino quase sempre está de luvas e mata suas vítimas - sempre mulheres lindas e glamourosas - usando algum objeto cortante. Os títulos são longos e exóticos e geralmente fazem referência a algum tipo de animal, como “O Pássaro das Plumas de Cristal” (1969) e “O Gato de Nove Caudas” (1971), ambos de Dario Argento, “Sete Mortes no Olho de um Gato” (1973) e “O Ventre Negro da Tarântula” (1971).

Na Profondo Rosso você pode encontrar DVDs de filmes raros, discos, pôsteres, camisetas, fotos e objetos bizarros - de máscaras do Darth Vader a um kitHarry Potter. Perfeito para montar seu look para o próximo Halloween! 

Em Roma, loja esconde museu do terror e atrai famosos - Duda Leite/UOL - Duda Leite/UOL
Recriação do cenário do filme "Terror na Ópera"
Imagem: Duda Leite/UOL

O local também possui uma vasta coleção de livros dedicados ao cinema de terror, muitos deles publicados por uma editora própria, totalmente dedicada ao gênero.

Quem comanda a loja hoje em dia é o diretor, roteirista e crítico de cinema Luigi Cozzi, conhecido por filmes cultuados como “Paganini Horror” e “Alien - O Monstro Assassino” (“Contamination”, no título original), ao lado de sua esposa Gioia Sasso.

Além da loja em si, a Profondo Rosso também abriga o assustador "Museo Degli Orrori di Dario Argento", ou seja: um museu dos horrores totalmente dedicado ao universo dos filmes de Dario Argento.

Descendo uma pequena escada para o que parece ser um autêntico calabouço, é possível encontrar no museu objetos como assustadores bonecos usados em “Prelúdio para Matar” - cujo título original, “Profondo Rosso”, dá nome à loja - e “Demons - Filhos das Trevas” (de Lamberto Bava, filho do mestre Mario Bava), além de uma reconstituição do cenário de “Terror na Ópera”, outro clássico de Dario. Estão lá também uma réplica do “Monstro da Lagoa Negra” (1954), de Jack Arnold, e até um Moai da Ilha de Páscoa. “Eu gosto de objetos exóticos em geral”, explica Luigi Cozzi.

Em maio de 2015, o passeio pelo Museu custava cinco euros, mas, dependendo do bom humor de Cozzi, pode até sair de graça. É que ele adora receber fãs de todas as partes do mundo e tem uma ligação especial com o Brasil.

Ele já veio duas vezes ao Brasil a convite do Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, o Fantaspoa, em 2010 e em 2013. Cozzi recebe os fãs na loja pessoalmente e adora contar histórias sobre cinema. Curiosamente, um dos seus filmes favoritos é a comédia romântica “Bonequinha de Luxo”, estrelada por Audrey Hepburn.

O cineasta, que assina seus filmes lançados no mercado americano como Lewis Coates, atualmente está finalizando seu novo trabalho como diretor: “Blood on Méliès Moon”, um “giallo” sobre a origem do cinema que envolve Georges Méliès, os irmãos Lumière e Louis Augustin Le Prince. Este último teria inventado o cinema sete anos antes dos irmãos Lumière e desapareceu misteriosamente num trem em 16 de setembro de 1890. Le Prince nunca foi encontrado e o filme tenta decifrar o que teria acontecido com ele.

Depois da visita ao universo gótico da Profondo Rosso, se você ainda estiver sentindo medo (ou culpa, por ter entrado no mundo dos "giallos"), fique tranquilo: o Vaticano é logo ali.

Mais informações: www.profondorossostore.com