Topo

No mar Jônico, ilha grega Zakynthos revela paisagens deslumbrantes

Tatiana Babadobulos

Do UOL, na Grécia

29/04/2014 18h23

Se você perguntar a um grego, ele não vai saber quantas ilhas existem em seu litoral, formado pelos mares Mediterrâneo, Jônico e Egeu. Se são três mil, ou mais de 1.400, tal como os livros escolares adotaram, tanto faz. O que ele sabe, com certeza, é que deve-se escolher uma (ou várias) entre as mais de 150 habitadas para passar as férias de verão.

Para os turistas que procuram a Grécia, nada mais natural que conhecer a capital, Atenas, e toda a sua história composta por construções de mais de 2.500 anos. Depois, hora de seguir a tradição grega, viajar para alguma das ilhas do país e aproveitar.

Para chegar a Zakynthos (ou Zante), a terceira maior ilha no mar Jônico, é preciso pegar um ferry boat que sai do porto de Kyllini, a cerca de 300 km a oeste de Atenas. A travessia dura uma hora e o ferry tem estrutura de navio, com restaurantes e lanchonetes, além de cabines para quem prefere descansar de verdade.

Até Kyllini, pela estrada, há duas opções, sendo que uma é mais curta, mas não quer dizer que leva-se menos tempo. Isso porque há trechos bem complicados e estreitos (e, vale dizer,  um pouco perigosos). No entanto, a paisagem repleta de oliveiras é fantástica. As oliveiras, aliás, estão por toda a parte. Não é à toa que a Grécia é um dos maiores produtores de azeite do mundo e a marca Minerva, por exemplo, existe desde 1904.

Ao contrário de Mikonos e Santorini, ilhas Cíclades que ficam no mar Egeu, Zakynthos não é formada por casinhas brancas com janelas e portas pintadas de azul (as cores da bandeira grega, em uma nítida manifestação contra os turcos). Zante tem influências italianas por sua proximidade, mas também porque foi a Itália que protegeu a ilha do domínio Otomano. Além dos italianos, são os ingleses que mais visitam a ilha. E, embora a moeda oficial do país seja o euro (apesar da crise, a Grécia se mantém na zona do Euro), alguns estabelecimentos aceitam a libra.

Ao contrário de qualquer outro país da Europa, a Grécia é avessa ao uso do cartão de crédito, principalmente nas ilhas. Por isso, antes de se sentar à mesa, confira se ele será aceito no restaurante, tenha sempre dinheiro em espécie na carteira e usufrua dos caixas eletrônicos.

Se Mikonos é uma ilha de hábitos noturnos, Zakynthos aposta principalmente nas águas azuis do seu litoral para atrair turistas. E não é brincadeira - principalmente por conta do fundo do mar ser de calcário, a água é extremamente azul e cristalina. Já a temperatura, mesmo no alto verão, não chega a ser quente, tal como é no mar do Caribe, mas é uma ótima pedida dar um mergulho refrescante.

Por falar em mergulho, os turistas que apreciam a prática podem explorar o mar grego de forma autônoma (com o uso de equipamento apropriado) ou praticando o snorkeling. Ainda que existam equipamentos de mergulho para comprar ou alugar na ilha, a dica é levar sua própria máscara e snorkel – afinal, é muito mais higiênico e garantido.

Uma vez na ilha, caso você ainda não tenha feito reserva em hotel, pousada ou estúdio (quarto para quatro a seis pessoas com mini-cozinha e banheiro), não se desespere. No momento em que a Grécia enfrenta a pior crise econômica que se tem notícias, os gregos estão à procura de turistas e fazem (quase) tudo para ficar com eles.

Portanto, ainda no porto, o que não vão faltar são pessoas querendo conquistar o cliente, oferecendo diversas opções de hospedagem, com os mais variados preços. Há também um serviço de apoio ao turista, só que pouco eficiente. O funcionário, embora fale inglês, não possui muitas informações sobre locais e preços; apenas uma lista com telefones de pousadas e hotéis para que o próprio cliente vá atrás e faça a negociação (aliás, pechinche sempre!).

Um dos locais interessantes para se hospedar é na praia de Planos, localizada a 15 minutos do centro. Ainda que não seja a melhor, o centrinho tem serviços, lojas, restaurantes e supermercados. E como está próxima das outras praias, se locomover para o sul ou para o norte é simples.

A partir de Planos, escolha qualquer outra para curtir o sol. E, vale lembrar, no verão ele é 100% presente e quente. As temperaturas chegam a 40º C, mas a brisa do mar ajuda a aliviar o calorão - diferentemente de Atenas, onde as temperaturas também são elevadas, mas não há o vento para refrescar.

  • Tatianna Babadobulos/UOL

    O acesso a Shipwreck Bay, praia onde há um navio naufragado, só é feito por mar, e não dá para perder

Ao sul, a praia de Vassilikos é uma boa pedida para se esticar e tomar sol, bem como aproveitar as pedras para ver os peixinhos no entorno. A Taverna Bel Mare disponibiliza espreguiçadeiras para quem quer desfrutar da deliciosa cozinha. Ao lado, está a bela praia de Gerakas que tem ao longo da faixa de areia locais demarcados que servem para proteger os ovos das tartarugas Caretta caretta.

No cardápio

A maioria das praias de Zakynthos possui boa estrutura, o que significa que o turista que ocupar uma das cadeiras aconchegantes embaixo dos charmosos guarda-sóis vai desembolsar de 6 a 8 euros, mas terá direito ao serviço dos quiosques próximos, que servem bebidas e lanches.

Uma das boas pedidas é o frappé: café grego (bem forte) e gelado. Pode ser me galla ou horis galla, ou seja, com ou sem leite. Nos restaurantes, os cardápios são internacionais, mas há muitos que servem a típica (e farta) comida grega. Para começar, o pão árabe, que eles chamam de pita, com tzatziki, uma espécie de patê preparado com iogurte, alho, cebola e bastante azeite. A salada grega, ou horiatiki, é bastante consumida e leva pepino, tomate, queijo feta (feito com leite coalhado de cabra e ovelha), cebola roxa, azeitona e, claro, muito azeite. Também servem como entrada as keftedes, que são bolinhas de carne.

Como prato principal, mussaká (lasanha com berinjela), pastitio (macarrão ao forno) e toda sorte de frutos do mar: lagosta, lula, polvo, peixes. Se preferir o “fast food” grego, o souvlaki é o famoso churrasquinho grego, que pode ser de carne de porco ou frango, servido no espeto. Já o gyros pita é o churrasco grego servido no pão pita em forma de cone e ainda leva tzatziki, tomate, cebola e batatas-fritas. Outra dica é pedir o vinho da casa, que além de ser o mais barato, são sempre deliciosos.

Em direção ao norte, tenha como destino as Blue Caves, cavernas e arcos esculpidos pela erosão que resultam em uma paisagem única, e vá parando sempre que der vontade para fotografar, apreciar o visual, tomar um banho de mar e relaxar. A não ser que você pretenda voltar no dia seguinte, só pare quando chegar ao porto Vromi Bay, pois é lá que você vai pegar um barco para ir a Navagio e conhecer a mais bela de todas as praias, que tem um azul turquesa sem igual. Ao falar com o capitão do tal barco, não hesite em pechinchar, pois o valor de 12 euros pode cair para 8 euros por pessoa. No centro de Zakynthos há agentes de viagens vendendo passeios de escunas que duram o dia todo e custam a partir de 18 euros por pessoa.

Ao nordeste da ilha há a vista panorâmica do mar, incluindo um deque de observação, onde os turistas se aglomeram e disputam um espaço para desfrutar da paisagem. O acesso a Shipwreck Bay, praia onde há um navio naufragado, só é feito por mar, e não dá para perder. A praia, ao contrário das nossas, não têm areia, pois são formadas por restos marinhos, conchas etc. Por isso, as papetes são muito bem-vindas para proteger os pés durante a caminhada.

Quem procura agito noturno, o destino é Laganas. Na rua principal, adolescentes (a maioria de origem britânica) disputam espaço nas dezenas de boates e bares com música ao vivo e show de dança. Se fosse no Brasil, lembraria Porto Seguro em época de formatura do Ensino Médio. No entanto, se você busca sossego, Zakynthos também oferece. Na praia de Planos, há restaurantes e pubs servindo diversos tipos de cerveja, inclusive a grega Mythos. O Ouzo, bebida a base de anis (e muito, muito forte), também é bastante consumido.

No caminho de volta, pare para almoçar. Uma dica é a Taverna Porto Limnionas, em Agios Leon, que fica em uma montanha debruçada no mar. A vista da varanda é uma imensidão azul. O cardápio é formado principalmente por frutos do mar e comida grega, é claro, sempre com preços que não alcançam 15 euros por pessoa. E, antes de ir embora, faça um passeio a pé pelo local, desça a montanha e verá que muitos visitantes ainda dão um mergulho de despedida. Depois de comer como um verdadeiro deus grego, só a contemplação já é uma recompensa.