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Maior cidade da Escócia, Glasgow tem cena musical e vida noturna vibrantes

Ondine Cohane

New York Times Syndicate

18/09/2014 06h00

Desde 2008, ano em que Glasgow ganhou a distinção de "cidade da música" da Unesco, essa metrópole industrial reinventada no oeste da Escócia só fez reforçar sua fama de centro cultural e de entretenimento.

Em qualquer noite da semana você pode caminhar pelo West End, perto da universidade, ou em Merchant City, no centro, para encontrar casas pulsando ao ritmo da música eletrônica, pubs onde se ouve a tradicional música gaélica, restaurantes sofisticados, dive bars e teatros alternativos, verdadeiro cadinho para todos os gostos.

Este ano -- junto com o referendo que vota a independência da Escócia -- Glasgow vem ganhando ainda mais destaque. A vida universitária vibrante que emana do lindíssimo campus da centenária Universidade de Glasgow, as belas coleções nos diversos museus, a concentração de lojinhas e verdadeiros tesouros vintage e as áreas verdes são apenas alguns charmes da cidade -- porque, no fundo, é o povo simpático, hospitaleiro e irreverente que cria um clima de bem-estar e a vontade de voltar.

SEXTA-FEIRA

13h - Chá e tradição
Se você ainda não conhece o nome Charles Rennie Mackintosh, com certeza o reconhecerá antes de ir embora de Glasgow. Arquiteto, decorador e artista excepcional, lotou a cidade com amostras de seu trabalho. Um deles, de 1904, o Willow Tea Rooms, é um bom exemplo dos espaços luminosos e arejados que criava, contraste perfeito para os dias nublados típicos da região. Pare apenas para uma xícara de chá e um scone ou, se preferir, para o serviço completo da tarde (12,95 libras ou US$19,50 com a libra a US$1,63) enquanto admira os frisos espelhados, as portas recobertas de prata e poltronas de espaldar alto também criadas por ele. Apesar do incêndio que danificou o prédio Mackintosh, na imponente Escola de Arte de Glasgow (seu interior está em obras), a algumas quadras dali, a nova excursão da instituição (9,75 libras/adulto) inclui uma olhada na fachada e em outros locais próximos que representam o universo em que ele morava e trabalhava.

18h - Um golinho de uísque
Às sextas, depois do trabalho, muita gente vai para o pub para tomar uma cerveja ou uma dose de uísque. Se quiser se juntar a eles uma boa pedida é o Pot Still, verdadeira instituição que data de 1857 e conhecida pelo alto astral, o longo balcão de madeira e os detalhes em art déco. A maior atração, no entanto, é a seleção de mais de 450 uísques de malte. Vá de clássicos como o Lagavulin (5,70 libras) ou Arran (3,80 libras).

Às sextas, depois do trabalho, muita gente em Glasgow vai para o pub para tomar uma cerveja ou uma dose de uísque. Se quiser se juntar a eles uma boa pedida é o Pot Still, verdadeira instituição que data de 1857 e conhecida pelo alto astral, o longo balcão de madeira e os detalhes em art déco - Chris Carmichael/The New York Times - Chris Carmichael/The New York Times
O pub Pot Still foi aberto em 1857 e é conhecido por sua decoração art déco
Imagem: Chris Carmichael/The New York Times

20h - Um restaurante especial
O programa culinário "Two Fat Ladies", transmitido pela BBC no final dos anos 90, foi um sucesso enorme, em grande parte graças às duas hilariantes apresentadoras. Clarissa Dickson Wright e Jennifer Paterson já morreram, mas seu legado permanece vivo em alguns restaurantes da cidade, incluindo o Two Fat Ladies at the Buttery, espaço decorado com lambris de madeira onde é possível degustar pratos surpreendentes como o pato defumado Gressingham com vinagrete de cereja e limão, filé mignon com colcannon de couve e pancetta e risoto de mexilhão. Jantar para duas pessoas, sem bebidas, sai por trinta libras.

22h30 - Curtindo a música
Glasgow tem fama (bem merecida) de exibir e cultivar o talento musical. The Verve, Oasis, Radiohead e Franz Ferdinand são apenas algumas das bandas que já tocaram no King Tut's Wah Wah Hut no início da carreira e ajudaram a tornar o espaço aconchegante, mas famoso, em um verdadeiro celeiro de revelações. Um pouco mais par abaixo, o Sub Club não só recebe bandas indie como Hot Chip e Optimo, como também toca dance music de vanguarda até as altas horas. Em 2006, montou uma pista "bodysonic", que faz com que a pessoa sinta a frequência da música através dos pés. Para se acabar de dançar.

SÁBADO

10h - Dose de cafeína
Talvez por causa da paixão local pela vida boêmia, de uns anos para cá os bons cafés vêm se espalhando pela cidade. Na Coffee, Chocolate and Tea, no West End, por exemplo, um torrefador Samiac vermelho é a fonte do excelente blend servido na casa, assim como a máquina de 1960 que prepara ótimos expressos e rendem até fila. Há também 40 tipos de chás, croissants frescos e chocolates caseiros.

11h - Cenário artístico
Cercado por um dos parques mais belos da cidade (Glasgow, em gaélico, significa "o querido lugar verde"), o Museu e Galeria de Arte Kelvingrove fica em um prédio de tijolos vermelhos formidável, construído em 1901. Só o teto em azul e dourado, as luminárias pendentes art déco e o piso de mármore já valem a visita, enriquecida por uma coleção impressionante que inclui o polêmico Salvador Dalí "Cristo de São João na Cruz". Ali perto, dentro da Universidade de Glasgow, o Museu & Galeria Hunterian contém a casa remontada de Charles Rennie Mackintosh e Margaret Macdonald Mackintosh. Não perca o passeio guiado, que destaca seu requintado estilo natural, no qual cada andar representa parte de uma planta; o guia também ressalta a época mais difícil da vida do casal, quando os trabalhos começaram a escassear. Antes de sair, dê uma olhada na belíssima coleção, que inclui diversos Whistlers.

Glasgow tem fama (bem merecida) de exibir e cultivar o talento musical. O Sub Club (na foto) não só recebe bandas indie como Hot Chip e Optimo, como também toca dance music de vanguarda até as altas horas - Chris Carmichael/The New York Times - Chris Carmichael/The New York Times
Em Glasgow, o Sub Club recebe bandas indie como Hot Chip e Optimo
Imagem: Chris Carmichael/The New York Times

13h - Hora da boquinha
A Escócia é famosa pela fartura e qualidade de seus frutos do mar -- e o Crabshakk é a introdução perfeita às ostras gorduchas e peixes saborosos do país, que incluem lagostins vermelhos (o almoço sai por cerca de vinte libras). Vale também parar no bar do Rogano, em Exchange Square, local favorito dos corretores e financistas, que comemoram ali seus negócios com taças de champanhe e uma dúzia de ostras (19 libras) em um espaço que lembra muito a decoração art déco dos cruzeiros dos anos 30.

15h - Compras únicas
Além de todas as grifes -- da Top Shop a Mulberry -- são as lojinhas de Glasgow que destacam o espírito comercial independente escocês. A Starry Starry Night, por exemplo, oferece verdadeiros tesouros vintage como cartolas e vestidos de baile; a Timorous Beasties, pertinho dali, na Great Western Road, oferece papéis de parede e tecidos lindos. A Monorail, do outro lado da cidade, é parada obrigatória para os fãs do vinil e para quem quer descobrir as novidades do cenário musical local, afinal artistas como Mogwai e Young Marble Giants foram alguns nomes descobertos ali.

17h - Chova ou faça sol
Se chover -- ou não -- uma visita ao Grosvenor Cinema, na Ashton Lane, vale muito a pena. As poltronas são de couro e os sofás, aconchegantes, há cerveja e vinho para acompanhar a pipoca e, entre os filmes, há sucessos atuais, clássicos e obras da BBC como "Rei Lear". Ingresso: 9,70 libras. Há até sessões para crianças entre um e dois anos ("Toddler Time") e os ainda mais novinhos ("Watch With Baby"). Se preferir ficar ao ar livre, o jardim Botânico de Glasgow (entrada gratuita), também no West End, com sua combinação de jardins bem arrumados, pequenos bosques e estufas, é um verdadeiro oásis verde.

20h - Prazeres gastronômicos
Os jovens chefs da cidade criaram uma nova geração de restaurantes pequenos e criativos quem enfatizam o excelente movimento gastronômico escocês e internacional. O aconchegante Number 16, no West End, oferece em seu cardápio sazonal opções como sardinhas fritas com favas, tupinambo, aspargo e molho de toranja e a deliciosa salada de figo, ruibarbo, feta e cuscuz israelense com agrião, vinagrete e dukkah (jantar para dois, sem vinho, sai por cerca de 50 libras). O recém-inaugurado Hanoi Bike Club oferece pratos da culinária vietnamita em um espaço estiloso que recebe os clientes até bem mais tarde. Não deixe de provar o tofu caseiro (jantar para dois, com dois pratos, sem vinho, sai por trinta libras).

DOMINGO

10h - De olho no lago
A apenas 50 minutos de trem, o Loch Lomond atrai turistas e moradores às suas margens por causa da combinação típica escocesa de colinas verdejantes, céus amplos e água límpida. De Balloch, faça uma corrida curta de táxi para conhecer vilarejos como Luss, onde é possível fazer passeios de barco às ilhotas do lago e/ou caminhadas ao longo das margens.

13h - Almoço de domingo
O restaurante de Martin Wishart, detentor de uma estrela do guia Michelin, fica dentro da Cameron House e, de uns anos para cá, se tornou visita obrigatória. O menu degustação de 28,50 libras e três pratos do fim de semana é a melhor maneira de apreciar as criações de um dos chefs mais famosos do país a um preço camarada.