UOL Viagem

Nova York

Chocolate quente vai aquecer o inverno de Nova York

SETH KUGEL
New York Times Syndicate



Paul Burnett/NYT

O Jacques Torres Chocolate de Upper West Side

Nós não praticamos esportes de inverno muito bem em Manhattan. Apesar de a patinação ser gratuita no Bryant Park e acompanhada de vistas bacanas no Central Park e os obstinados fãs de neve encontrarem formas de praticar esqui cross-country, hóquei e raquete de neve, poucas pessoas chegam a Nova York tendo esporte em mente.

Mas há uma parte do ritual de esporte na neve na qual a cidade se sobressai: a parte em que você volta para dentro com vontade de tomar chocolate quente. A julgar pela atual proliferação de casas elegantes servindo xícaras de chocolate a US$ 5, os nova-iorquinos não precisam de uma desculpa pós-esqui para a indulgência. O pós-lama de neve derretida é motivo suficiente.

A típica xícara "new age" não envolve muito cacau quente (feito a partir de sementes de cacau moídas com grande parte da manteiga de cacau removida), mas chocolate de verdade, com leite, talvez algum creme e ocasionalmente alguns condimentos misturados de forma acertada.

Um dos chocolates quentes mais celebrados da cidade pode ser encontrado no City Bakery, perto da Union Square, onde por US$ 4,50 você recebe uma xícara fumegante do que é essencialmente um sopa bisque de chocolate. Por 50 centavos adicionais é acrescentado um grande marshmallow caseiro. (Também é oferecida uma "dose" menor de chocolate quente por US$ 2, ou misturado com café como um mocha. Em fevereiro eles adicionam um segundo estilo de chocolate quente a cada dia.) Diferentemente de outros pontos, o City Bakery é uma parada para café da manhã ou almoço (ocasionalmente atingindo uma lotação enlouquecedora), com pratos gordos como macarrão com queijo e pratos magros como o bufê de salada.

Também no lado gordo das coisas estão as lojas da Jacques Torres Chocolate, que agora são três com sua recente abertura no Upper West Side. Especialmente boa é sua versão Wicked (perigosa), com uma pitada de pimenta-ancho e chipotle cortando a doçura.

Algumas pessoas -e por algumas quero dizer qualquer pessoa que já ficou acordada até o amanhecer na Espanha- percebem que chocolate quente espesso casaria idealmente com churros, bastões de massa frita com açúcar e canela, para embeber. Felizmente, lanchonetes de tapas são lugares comuns atualmente, o que é bom, apesar de freqüentemente serem minúsculas e lotadas, o que é ruim. O Boqueria, o campeão do tapa chique, serve uma sobremesa de quatro churros quentes oleosos e uma xícara de chocolate derretido que é líquido o suficiente para derramar, mas espesso o suficiente para aderir ao seu churro. O Bar Jamon serve churros maiores (e mais frios e mais secos) e seu chocolate mais espesso (e condimentado); se puder casar o churro do primeiro com o chocolate do segundo, será ótimo. Há também o Five Points por seu celebrado brunch de churros e chocolate, mas apenas entre as 11h30 e 15h, e apenas aos fins de semana.

Para o desalento do público do quanto mais espesso melhor, algumas pessoas preferem seu chocolate quente firmemente na categoria líquido. Perto da City Bakery se encontra a pouca notada lanchonete venezuelana de massas e sanduíches Tisserie, que serve chocolate venezuelano (aquilo que está sendo preparado perto do café) batido com leite até se tornar totalmente líquido. Além da procedência do chocolate, as poucas outras revelações venezuelanas: o sotaque dos funcionários e a bebida de caldo de cana e limão chamada papelón con limón.

Um problema com a febre de chocolate atualmente é que, assim como o vinho, você fica sob pressão para descrever o sabor e a sensação com linguagem elegante. Mas, mesmo aqueles que descartam palavras como "complexo" em prol do "hmmmm" à moda antiga, podem dizer que há algo diferente em sua xícara no La Maison du Chocolat, no Rockefeller Center e no Upper East Side. Primeiro, o preço, US$ 8, predisporá você a buscar desesperadamente por uma justificativa. Mas, mesmo se fosse gratuito, a mistura escura de Caracas é inegavelmente complexa e seu sabor sempre muda mesmo para o paladar menos discriminatório. (Em um contraste infeliz à sua complexidade, estão as garrafas térmicas estilo bufê do qual é tirado, que podem lembrar a você o café descafeinado do escritório.)

Perto da loja da La Maison du Chocolat fica a Vosges, que além de seu tradicional Parisienne serve um Aztec Elixir que vem com pimenta-ancho e chipotle e -uma surpresa para aqueles que não lêem as letras miúdas- pedaços de farinha de milho para uma textura mais grossa. O chocolate branco quente tem um sabor de murta limão e lavanda.

A Vosges também é encontrada no SoHo, onde divide o status de chocolate esnobe com o ambiente com candelabro elegante do MarieBelle's Cacao Bar, no fundo da loja da MarieBelle. Antes vamos deixar claro: este não é um local para entrar ensopado de guerra de bolas de neve e nem tirar suas botas. No cardápio, nenhum "elixir" extravagante, mas um foco na origem do grão e no percentual de cacau no chocolate (variando de 60% a 75%) e na escolha de chocolate com água ou com leite.

Há apenas um lado escuro em toda esta loucura de chocolate escuro: uma tendência de um injusto sentimento anticacau entre os sofisticados. Por algum motivo, à medida que os connoisseurs de chocolate e donos de lojas buscam descrever o que há de ótimo no verdadeiro chocolate quente, comparado ao horrível cacau de sua juventude, eles sempre atacam o Swiss Miss em vez da Nestlé ou da Hershey's. Por exemplo: "Eca, isto tem gosto de Swiss Miss" ou "Nosso chocolate não tem nada a ver com Swiss Miss". Mas eles também deixam de fora importante informação sobre o preço. Em média o chocolate quente elegante de Nova York custa cerca de US$ 5; o chocolate em pó Swiss Miss custa cerca US$ 3 por um pacote de 16, e você pode prepará-lo no quarto do hotel.

Marshmallow? Chipotle?



Onde tomar


City Bakery - West 18th Street, 3, (212) 366-1414; www.thecitybakery.com.

Jacques Torres Chocolate - Hudson Street, 350, e Amsterdam Avenue, 285 (com 73rd Street), (212) 414-2462; Water Street, 66, Brooklyn, (718) 875-9772; www.jacquestorres.com.

Tisserie - Broadway, 857 (com 17th Street), (212) 463-0850; www.tisserie.com.

Boqueria - West 19th Street, 125, (212) 255-4160; www.boquerianyc.com.

Bar Jamon - East 17th Street, 125, (212) 253-2773; www.mariobatali.com.

Five Points - Great Jones Street, 31, (212) 253-5700; www.fivepointsrestaurant.com.

La Maison du Chocolat - Madison Avenue, 1018, com 78th Street, (212) 744-7117; Rockefeller Plaza, 30 (212) 265-9404; www.lamaisonduchocolat.com.

MarieBelle - Broome Street, 484; (212) 925-6999; Madison Avenue 762 com 65th Street; (212) 249-4585; www.mariebelle.com.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Atualizado em Setembro de 2011
  • - Guia de Viagem
  • UOL Viagem
Compartilhe
Imprimir
Comunicar erro