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Conheça Edward Enninful, o primeiro editor-chefe da "Vogue" britânica

Edward Enninful com Michelle Obama - Instagram/@edward_enninful
Edward Enninful com Michelle Obama Imagem: Instagram/@edward_enninful

15/04/2017 15h36

A "Vogue" britânica, revista de moda que existe desde 1916, está com chefia nova. A publicação será dirigida, pela vez em sua história, por um homem negro.

O estilista Edward Enninful, de 45 anos, sucede Alexandra Shulman, editora-chefe que esteve no comando desde 1992.

Nos seus pouco mais de cem anos de existência, a "Vogue" britânica sempre teve mulheres brancas no comando: Elspeth Champcommunal (1916-1922), Dorothy Todd (1922-1926), Alison Settle (1926-1934), Elizabeth Penrose (1935-1939), Audrey Withers (1940-1960), Alisa Garland (1960-1964), Beatrix Miller (1964-1984), Anna Wintour (1985-1987), Elizabeth Tilberis (1988-1992) e Alexandra Shulman (1992-2017).

A "Vogue" americana, original entre as revistas da marca, nunca teve um homem como editor.

Até a mudança, anunciada no início da semana pelo presidente executivo da Condé Nast, Jonathan Newhouse, Enninful trabalhava como diretor na revista "W", outra publicação sobre moda e estilo que pertence ao mesmo grupo.

Após o anúncio, o designer Marc Jacobs comemorou no Twitter: "Parabéns para nosso amigo de longa data @Edward_Enninful, o novo editor da 'Vogue' britânica! Mal podemos esperar para ver o que você fará!"

Garoto prodígio

Natural de Gana, ele se mudou para Londres, onde passou a infância com sua família. Aos 16 anos, foi visto no trem pelo editor e estilista britânico Simon Foxton, que o abordou e disse que ele deveria virar modelo. Fez justamente isso.

Ainda na adolescência, Enninful decidiu que gostaria de trabalhar em uma revista. Logo antes de completar 18 anos, virou assistente de Beth Summers, editora de moda da revista britânica "i-D".

Apesar de ter que conciliar o trabalho na revista com a carreira de modelo e com a vida de estudante, ele tornou-se, aos 18 anos, o diretor de moda mais jovem da história da publicação.

Em 1998, ele passou a ser colaborador da "Vogue" italiana e, em 2005, começou a colaborar também com a "Vogue" americana, dirigida pela famosa Anna Wintour, que inspirou o livro e o filme "O Diabo Veste Prada".

'Edição negra'

Em 2008, Enninful foi um dos responsáveis pela "edição negra" da "Vogue" italiana, em que colaborava.

A edição exibiu apenas modelos negros e celebrava pessoas dessa etnia que atuavam na arte, na política e no entretenimento.

Foram feitas quatro capas para a edição, com as modelos Naomi Campbell (do Reino Unido), Liya Kebede (da Etiópia), Jourdan Dunn (do Reino Unido) e Sessilee Lopez (dos EUA).

A "edição negra" teve tanto sucesso que esgotou nas bancas do Reino Unido e dos EUA em 72 horas.

A "Vogue" italiana mandou rodar outras 60 mil cópias da revista: 30 mil para o mercado americano, 20 mil para a Itália e outras 10 mil para o Reino Unido.

A então editora-chefe da publicação, Franca Sozzani, disse em entrevista à revista americana "Time" que a edição foi inspirada pelo potencial inexplorado das modelos negras e pela candidatura do então candidato à Presidência dos EUA, Barack Obama.

Em 2011, Enninful foi trabalhar na revista "W", onde permaneceu até agora.

Visões políticas

Em sintonia com a editora-chefe da "Vogue" americana, Anna Wintour, Enninful se mostrou simpático ao ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

Quando seu sucessor, Donald Trump, tomou posse em janeiro, Enninful postou em seu perfil no Instagram uma foto sua com a ex-primeira-dama Michelle Obama.

A legenda dizia: "Adeus a @barackobama e @michelleobama44!! Obrigado por fazer a América ser linda. Vocês deixarão saudade".

Wintour, por sua vez, apoiou Obama publicamente e ajuda a arrecadar fundos para o Partido Democrata.

Quando ainda era primeira-dama, Michelle Obama inaugurou uma ala do Museu Metropolitano de Arte (MET) de Nova York que homenageia a editora da "Vogue" americana.

Dentro da área de moda, Enninful diz apoiar uma iniciativa de saúde de Wintour dentro do Conselho de Designers de Moda da América (CFDA), que argumenta pelo uso de modelos menos magras.

"Sou favorável a mulheres lindas e saudáveis. Cindy (Crawford), Naomi (Campbell)... Elas eram (tamanho) oito, dez (na medida do Reino Unido). Elas eram mulheres incríveis, não insetos magérrimos", disse em entrevista ao site Models.com, em 2010.

Nos padrões brasileiros, no entanto, Crawford vestiria tamanhos "P" durante sua carreira.

Prêmios

Ao longo da carreira, Enninful recebeu diversos prêmios por seu trabalho.

A homenagem mais recente veio da realiza britânica em outubro -- ele ganhou a medalha da Ordem do Império Britânico da princesa Anne.

O reconhecimento foi atribuído a seus esforços para tornar a indústria da moda mais diversa.

Em 2014, ele recebeu o Prêmio de Moda Britânico, a principal premiação do gênero no país e uma das mais importantes do mundo, na categoria Isabella Blow de criação de moda.