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Dinheiro é solução? EUA e China investiram muito, mas ficaram fora da Copa

Ashley Allen/Getty Images
Imagem: Ashley Allen/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

11/10/2017 15h21

A falha dos Estados Unidos em conseguir uma vaga na Copa do Mundo de 2018 caiu como um balde de água fria em uma país que ainda tenta estruturar e atrair alguma relevância para sua liga. Um dia após a derrota vexatória para Trinidad & Tobago, a estrutura do futebol foi alvo de críticas na imprensa norte-americana.

“Tem que mudar tudo de cima a baixo. Se você não mudar depois disso, então qual é o ponto?”, questionou o ex-atacante Taylor Twellman, em participação na “ESPN” dos Estados Unidos.

“A definição de insanidade é fazer a mesma coisa várias e várias vezes sem nenhum resultado. Você precisa mudar as coisas. Essa discussão precisa acontecer. Não é que mudará do dia para noite, mas é preciso ser discutido. Quantos desses tiveram uma grande pressão? Daqui a dois dias, estarão falando sobre isso? Não, porque acabou. Os jogadores americanos não estão preparados para pressão de verdade. É isso que precisa ser criado. Em outro caso, o que realmente estamos fazendo?”, continuou.

As críticas de Twellman vão de encontro com os investimentos feitos pela MLS e o pouco – ou nenhum – retorno alcançado até o momento. Nos últimos anos, nomes como David Beckham, Thierry Henry, Andre Pirlo e Kaká foram contratados pelos times norte-americanos.

Apesar do recente título da Copa Ouro, o desenvolvimento de atletas do próprio país ainda é visto como preocupação nos Estados Unidos. No início do ano, a Liga decidiu obrigar que uma parte dos recursos dos clubes fossem destinadas para a contratação de jogadores do próprio país, com salários mínimos de US$ 53 mil.

“A evolução do futebol nos Estados Unidos tem sido contínua por mais de 25 anos. Os homens jogaram sete Copas do Mundo consecutivas. As mulheres foram campeãs mundiais três vezes. A liga nacional tem estabilidade financeira. A base de fãs aumentou de 59 milhões para 79 milhões entre 2010 e 2016. Adolescentes começaram a tratar o futebol como seu esporte favorito. E, agora, essa curva ascendente foi interrompida (com a não classificação para a Copa)”, pontuou o New York Times em artigo publicado nesta quarta-feira.

A situação dos Estados Unidos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo fica ainda mais feia quando comparada com Panamá e Honduras. Com investimento muito menor, a primeira conseguiu vaga direta para o Mundial, enquanto a segunda irá para a repescagem.

China vive situação semelhante

Torcedores da China acompanham a partida contra o Qatar - AFP PHOTO / KARIM JAAFAR - AFP PHOTO / KARIM JAAFAR
Imagem: AFP PHOTO / KARIM JAAFAR

Em uma estratégia feroz para conseguir evoluir o futebol local, a China passou a investir pesado no futebol. Nos últimos anos, nomes fortes do esporte foram contratados por clubes chineses com salários muito acima do mercado.

Apenas para ficar entre os brasileiros, o Shanghai SIPG desembolsou 55 milhões de euros (R$ 207 milhões) para tirar Hulk do Zenit. O mesmo clube pagou 60 milhões de euros (R$ 212 milhões na cotação da época) para contratar o meia Oscar, que estava no Chelsea.

O alto investimento, contudo, não se transformava em uma evolução real no futebol chinês. Por causa disso, novas regras foram definidas para frear as contratações milionárias e tentar desenvolver os jogadores nacionais.

Agora, além de um teto de gastos, os clubes precisarão pagar um imposto de 100% sobre as contratações estrangeiras realizadas. Além disso, as equipes com dívidas são obrigadas a igualar os gastos em jogadores estrangeiros com um investimento em um fundo para a formação de jogadores locais. A medida faz com que as contratações internacionais custem o dobro do preço, já que todos os 16 clubes da primeira divisão apresentam prejuízos em seus balanços.

A mudança ainda não trouxe efeito para o futebol da seleção chinesa. Pela quarta vez consecutiva, o país ficou fora de uma Copa do Mundo. A China terminou apenas na quinta colocação do Grupo 1 das Eliminatórias da Ásia, atrás de seleções como a Síria e Uzbequistão.

Ligas recheadas com brasileiros também fracassam

Os investimentos são menores do que as duas últimas citadas, mas Ucrânia e Emirados Árabes também falharam em sua missão de conseguir uma vaga na Copa. O país asiático, recheado de brasileiros em sua Liga, nem chega a ser uma surpresa não participar da Copa – com uma seleção modesta, terminou apenas em quarto no Grupo 2 das Eliminatórias.

A Ucrânia, contudo, ficou fora em um grupo que teve a Islândia como primeira colocada e classificada direta para a Copa do Mundo. Terra do Shakhtar Donetsk, clube tradicionalmente composto por diversos brasileiros, os ucranianos não conseguiram nem sequer uma vaga na repescagem europeia.