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Arborizada e cheia de novas atrações, Toronto, no Canadá, se destaca pela diversidade

Sarah Wildman

New York Times Syndicate

14/12/2012 08h01

Alguma coisa está rolando em Toronto: enquanto outras cidades reclamam da crise econômica e dos efeitos colaterais da globalização, boutiques e restaurantes são inaugurados ali toda semana e os bairros de imigrantes ainda se destacam tanto linguística quanto gastronomicamente. Sua diversidade cultural e urbanidade não têm limites, embora jamais possa ser considerada uma selva urbana: Toronto é arborizada e tem inúmeros parques. Difícil imaginar cidade melhor para se explorar no verão.

Sexta-feira

16h - Rumo ao mercado
Toronto é um verdadeiro paraíso gastronômico, mas o mercado de que todo mundo fala é o Kensington, que na verdade é uma série de cafés, barracas de frutas orgânicas e bares na periferia do mar de lojas de Chinatown, onde se fala mandarim e cantonês. A partir daí, circule pelo mercado. Dê uma espiada nos livros e apetrechos de cozinha da Good Egg (267 Augusta Ave.; 416-593-4663; goodegg.ca), depois experimente o muffin vegano na Urban Herbivore (64 Oxford St.; 416-927-1231; fressenrestaurant.com; 2,44 dólares canadenses, praticamente equivalente ao norte-americano) ou tome um café no Sublime Cafe (219 Augusta Ave.; 416-732-0431; thesublimecafe.com), onde também funciona uma loja de discos de soul. Dali, caminhe até Bellevue Park para admirar a belíssima sinagoga bizantina Revival Kiever (25 Bellevue Ave.; 416-593-9702; kievershul.com), construída pelos judeus ucranianos em 1927, quando a área era o bairro dos imigrantes judeus.

19h - Hora do aperitivo
Mate a sede com uma Augusta Ale (5,50 dólares) no Thirsty & Miserable (197 Baldwin St.; 647-607-0134,), inaugurado em fevereiro, onde antes havia um bar punk. O clima permanece nas paredes vermelhas e nas fotos de ídolos do movimento. Se preferir, experimente a pale ale Duggans No. 9 (6,75 dólares) no Embassy Bar, que fica na esquina (223 Augusta Ave.; 416-591-1132), num ambiente tranquilo e lotado de amantes da boa música, de The Cure às baladas dos anos 60, passando pelo reggae.

20h30 - Nutrindo o paladar
A Queen Street West recentemente testemunhou uma explosão de restaurantes, todos servindo uma comida excelente e mais ou menos na mesma decoração moderninha-rústica, com lâmpadas incandescentes e piso de madeira. Um dos mais vanguardistas é o Ursa (924 Queen Street West; 416-536-8963; ursa-restaurant.com). O salão – de madeira escura e clima acolhedor – serve pratos como cogumelos exóticos em caldo de xerez (13 dólares) e lombo de porco na salmoura com purê de tupinambo, lentilhas e couve (24 dólares); o tofu é feito lá mesmo. Um dos sócios do Ursa vem do popular Terroni (720 Queen Street West, 416-504-1992; terroni.com), famoso pelas pizzas integrais e o ravióli caseiro; nos fundos, o deque fica lotado de gente bonita. 

  • J. Adam Huggi­ns/The New York Times­

    Em Chinatown, o turista encontra lojas onde se falam mandarim e cantonês

23h30 - Dançar e beber
O cenário da música indie de Toronto ferve depois das onze. No Poetry Jazz Cafe (244 Augusta Ave.; 416-599-5299; poetryjazzcafe.com), os destaques são um pátio isolado nos fundos, apresentações de bandas de jazz ao vivo e DJs. No Dakota Tavern, uma casa subterrânea (249 Ossington Ave.; 416-850-4579; thedakotatavern.com) que oferece shows dos mais variados, de country a new folk (o couvert fica geralmente entre 5 e 10 dólares).

Sábado

10h - Abrindo os olhos
O brunch é um esporte urbano em Toronto e, às vezes, é quase impossível achar uma vaguinha. Vale experimentar o Beaver (1192 Queen Street West; 416-537-2768; beavertoronto.ca), ao menos pelo coquetel French 75 (pepino, limão, gim e prosecco, 6, 75 dólares), o Bloody Caesar (parecido com o bloody mary, só que leva caldo de mexilhão) e o garçom bigodudo que parece ter saído de "Portlandia". Você pode também subir a College Street para provar o sanduíche challah de queijo cheddar grelhado com ovo frito e catchup caseiro na Aunties and Uncles (74 Lippincott St.; 416-324-1375; auntiesanduncles.ca, café da manhã para dois sai por 25 dólares).

Meio-dia - Por dentro e por fora
Embora o Royal Ontario Museum, com a nova ala Daniel Libeskind, seja um dos favoritos do público, a Galeria de Arte de Ontario (317 Dundas Street West; 416-979-6648; ago.net; 25 dólares), reprojetada por Frank Gehry, também impressiona. A grande atração deste verão é a exposição Picasso, com tesouros do Musée National Picasso de Paris. Ao final da mostra, deixe um tempinho para tomar um café no átrio, cuja luminosidade, combinada à madeira clara, é encantadora.

14h - Pausa verde
O luxuriante Trinity Bellwoods Park, entre a Queen Street West e a Dundas Street West, fica lotado de moradores bem vestidos, cães, crianças e praticantes de ioga. Respire fundo e caminhe uma quadra para chegar ao Museu Canadense de Arte Contemporânea (952 Queen Street West; 416-395-0067; mocca.ca), uma galeria em estilo galpão, excelente para quem aprecia fotos grandes.

15h - Só nas comprinhas
A região da Ossington Street oferece opções incríveis. A I Miss You (63 Ossington Ave.; 416-916-7021) tem vestidos de noite da Chanel dos anos 80 por 800 dólares, vestidos de seda à la Peggy Olson do fim dos anos 50 (85 dólares), bolsas de todos os tamanhos e preços e muito mais. A Penny Arcade Vintage (1177 Dundas Street West; 647-346-1386; pennyarcadevintage.com) combina o antigo e o novo, como a lingerie fabulosa e as roupas de banho no estilo dos anos 50 da Minnow (140 dólares). Nas lojas perto de Parkdale há mais opções de estilistas locais. A Made You Look (1273 Queen Street West; 416-516-9595; madeyoulook.ca) oferece joias criadas por artesãos canadenses. A Future Of Frances Watson (1390 Queen Street West; 416-531-8892; thefutureoffranceswatson.blogspot.com) vende maiôs tomara-que-caia com cara vintage da Insight (160 dólares) e calças de brim japonês de cintura alta por 130 dólares.

  • J. Adam Huggi­ns/The New York Times­

    Fachada do Royal Ontar­io Museu­m, em Toronto

18h - Para matar a sede
Volte a Ossington e confira a Cervejaria Bellwoods (124 Ossington Ave.; 416-535-4586; bellwoodsbrewery.com). A antiga mecânica foi caiada e ganhou detalhes de madeira escura, incluindo o longo balcão, as mesas rústicas e o pequeno mezanino. Com apenas 40 lugares, é um espaço intimista apesar do pé direito alto (a cerveja é feita ali mesmo). Experimente a Farmhouse Saison (7,50 dólares) e os pratinhos de picles de ruibarbo, cenoura e couve-de-bruxelas (5 dólares).

21h - Tudo fresco
Tom Thai praticou sua técnica de fusion em vários restaurantes de Toronto antes de abrir sua própria casa - e o resultado (excelente) pode ser conferido no minúsculo salão do Foxley Bistro (207 Ossington Ave.; 416-534-8520) a preços bem acessíveis. Experimente as inúmeras opções de ceviche, grandes o suficiente para serem divididas – sargo com yuzu e shizo (15 dólares), truta selvagem com maçã e gengibre (15 dólares) – e o robalo ao forno com verduras e óleo de trufa branca (22 dólares).

23h30 - Beber e saborear
A rua principal do bairro português, a Dundas Street West, continua portuguesa com certeza durante o dia; o farmacêutico conversa no sotaque inconfundível da terrinha, assim como as velhinhas entre si... mas, à noite, a região fica lotada de beberrões de toda a cidade. A oeste da Avenida Ossington ficam o Communist's Daughter e o Red Light, para os jovenzinhos. Já o Cocktail Bar (923 Dundas Street West; 416-792-7511; theblackhoof.com), mais para leste, é para os adultos, com o interior discretamente iluminado, teto de estanho, paredes de azulejos e uma lista ousada de coquetéis (experimente o refrescante Lavender Hound, feito de gim com infusão de lavanda, limão e suco de grapefruit, 9 dólares). A dona é Jen Agg, a quem também pertencem o Black Hoof, um restaurante especializado em carnes, e o Hoof Raw Bar, que oferece frutos do mar, ambos convenientemente situados do outro lado da rua.

  • J. Adam Huggi­ns/The New York Times­

    O cenário da música indie de Toronto ferve depois das onze. O Dakota Tavern, uma casa subterrânea, oferece shows dos mais variados, de country a new folk

Domingo

10h - Para acordar
Um café e um pãozinho de frutas vermelhas são uma boa opção do Ella's Uncle (916 Dundas Street West, 416-703-8881, ellasuncle.com), uma portinha em Little Portugal que oferece um espresso soberbo. Se tiver tempo, espere uma das mesas disputadas do The County General (936 Queen Street West, 416-531-4477, thecountygeneral.ca) para saborear um delicioso croque monsieur (15 dólares).

Meio-dia - Para fazer a digestão
Do The Beaches no leste ao High Park no oeste, as opções de passeios ao ar livre são inúmeras, mas tire algumas horas pra fazer o que os moradores fazem: pegue o barco para conferir as ilhotas ao largo da cidade. Vá ao Ferry (9 Queen Quay West; 416-397-2628; toronto.ca/parks/island; saídas a cada 30 minutos, das 8h00 às 23h45; 7 dólares) e pegue o Toronto Skyline. Na praia, você pode alugar bicicletas, jogar vôlei ou só ficar à toa.

Se você for
O Hotel Ocho (195 Spadina Ave.; 416-593-0885; hotelocho.com; diárias a partir de 171 dólares), uma antiga fábrica de tecidos de 1902 no centro de Chinatown, é obra da famosa equipe do Design38. O bar, o lounge, restaurante e café atraem a população local.

Os 37 quartos do Gladstone Hotel (1214 Queen Street West; 416-531-4635; gladstonehotel.com, diárias a partir de 165 dólares) são verdadeiras obras de arte: nos dois primeiros andares há várias exposições e cada quarto é projetado por um artista. O brunch de domingo fica lotado de crianças.