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Viaje pela cultura e a história da charmosíssima Québec, no Canadá

Noah Rosenberg

New York Times Syndicate

13/04/2012 07h00

Québec é uma cidade de contrastes encantadores, mas virtualmente perfeitos; muros de fortificações centenárias levam a restaurantes chiques com cozinha aberta e ruas de paralelepípedos dão lugar a ciclovias e instituições de arte inovadoras. A encantadora capital francófona da província de Québec, e uma das cidades mais antigas da América do Norte, Québec passou por uma grande reforma antes de seu 400º aniversário em 2008. Talvez mais significativo do que os novos hotéis-butique, parques revitalizados e centros culturais resplandecentes, tenha sido a atenção que a cidade finalmente recebeu e que continua a guiá-la à frente. Québec, um centro histórico, cultural e culinário ao lado do Rio Saint Lawrence, saiu da longa sombra projetada por sua vizinha sempre popular, Montreal.



Sexta-feira

15h - Clássicos, bem preparados
Quando se trata de culinária, Québec pode muito bem ser a Paris do Ocidente, com sua amálgama sem limites de pratos tradicionais franceses, naturais quebequenses e inovadores do produtor à mesa. É melhor começar pelo básico. Em uma rua estreita e sinuosa na Velha Québec, o Café Chez Temporel (25, rue Couillard; 418-694-1813) é um café francês deliciosamente clássico, com janelas feitas para permitir a observação das pessoas. O ponto com 36 anos toca uma mistura agradável de música folk e francesa - uma trilha sonora adorável para comer o croissant perfeito (2 dólares canadenses, quase o mesmo em dólares americanos), uma fatia de quiche lorraine com salada (8,75 dólares) e um café ao leite (2,75 dólares) juntamente com os moradores locais.

16h - Escale os muros
Sinta a história com seus pés enquanto caminha pela Velha Québec, um Patrimônio da Humanidade da Unesco com ruas livres de carros, monumentos altos e casas do século 17. Você pode pegar um desvio pelo opulento saguão e passarela ao lado do penhasco do hotel Fairmont Le Château Frontenac, mas para uma perspectiva realmente sem igual da história e geografia da cidade, é preciso se esforçar um pouco. Suba a escadaria na esquina da Rue Saint-Louis e Côte de la Citadelle e então suba o muro largo e coberto de capim da fortificação que cerca a cidade velha. Caminhe na direção norte sobre o muro (um dos muros de defesa mais intactos da América do Norte), entre os canhões e pessoas tomando banho de sol, passeando com cachorro ou andando de mãos dadas. Desça na Rue Saint-Jean.

18h30 - Chocolate, livros e cerveja
Com seus prédios de tijolos coloridos e butiques, bares e restaurantes elegantes, a íngreme Rue Saint-Jean, além da cidade velha, livra-se de seu tom turístico e se transforma no chique bairro Saint-Jean-Baptiste. Pare no Choco-Musée Érico (634, Rue Saint-Jean; 418-524-2122; chocomusee.com) para uma aula de história do cacau e saborear um suave chocolate amanteigado com recheio de noz-pecã e caramelo salgado. Então manuseie os clássicos e futuros clássicos entre os livros usados na Librairie Saint-Jean-Baptiste (565, rue Saint-Jean; 581-999-095; librairiesjb.com), uma livraria, loja de café e bar de cerveja. Finalmente, mate sua sede no terraço cheio de arte do Bar Le Sacrilège (447, rue Saint-Jean; 418-649-1985; lesacrilege.net), com 13 cervejas locais e uma cidra na torneira.

20h30 - Jantar movido pelo vinho
“É tudo motivado pelo vinho”, disse o garçom-sommelier do Le Moine Échanson (585, Rue Saint-Jean; 418-524-7832; lemoineechanson.com), enquanto pratos de crème brûlée au foie gras e confit de pato ao estilo catalão saíam da cozinha neste pequeno restaurante aberto há cinco anos. O cardápio de pequenos pratos sazonais muda quatro vezes ao ano, dependendo da seleção de vinhos orgânicos e naturais em estoque. Um jantar para dois, incluindo vinho, sai por cerca de 120 dólares. Para uma alternativa caseira, siga para o La Cuisine (205, Rue Saint-Vallier Est; 418-523-3387; barlacuisine.com), um bar e restaurante decorado como se fosse um apartamento de estudante universitário retrô. Os móveis antigos estão à venda e a cozinha é aberta, com um fogão com décadas de idade e dois micro-ondas preparando comida caseira quebequense como croque monsieur e casseroles. Jantar para dois, com cerveja local, sai por cerca de 30 dólares, incluindo DJ ao vivo, clientela descolada, Nintendo e outras diversões.

23h - Cabaré quebequense
Para uma noitada artisticamente inspirada, há o Le Cercle (228, Rue Saint-Joseph Est; 418-948-8648; le-cercle.ca), um elegante espaço industrial-moderno nascido de uma fusão em 2009 entre um bar de vinho e um espaço de performance adjacente. Ele oferece música independente, rock, dance e folk ao vivo, assim como filmes, shows humorísticos e teatro (a entrada varia de franca a 25 dólares). O ponto também conta com arte local e projeções de vídeo, uma adega com duas mil garrafas de vinho e uma cozinha, ideal para lanches de fim de noite, que serve pratos como mexilhões defumados.

  • Michael Kirby Smith/The New York Times

    Manuseie os clássicos e futuros clássicos entre os livros usados na Librairie Saint-Jean-Baptiste, uma livraria, loja de café e bar de cerveja, em Quebéc, no Canadá


Sábado

11h - Revival indie
Comece seu dia no bairro de Saint-Roche, onde a decadência urbana resultou em uma valorização causada pela mistura de investimento do governo e artistas e empreendedores pioneiros. Coma algo no Bistrot Le Clocher Penché (203 Rue Saint-Joseph Est, 418-640-0597, clocherpenche.ca), um bistrô cujo nome é uma homenagem à “torre inclinada” do outro lado da rua. A morcela, o ovo de três minutos e a pera pochê sobre uma massa folhada (17 dólares, café e parfait de iogurte incluídos) são excelentes. Então siga para a Boutique Lucia F (422, Rue Caron; 418-648-9785) próxima, uma loja de roupas vintage, com quase nenhum item custando acima de 100 dólares. Descendo a Rue Saint-Joseph fica a Morgan Bridge (367, Rue du Pont; 418-529-1682, morganbridge.ca), uma galeria de arte de rua e humorística de Québec e Montreal que vende camisetas, música e livros de autoria local. Para uma alternativa de alta cultura, visite La Chambre Blanche (185, Rue Christophe-Colomb Est; 418-529-2715; chambreblanche.qc.ca), uma coletividade de arte que exibe obras de seus atuais artistas residentes internacionais e portfólios daqueles que passaram por lá desde 1982.

15h - Cerveja hiperlocal
La Barberie (310, Rue Saint-Roch; 418-522-4373; labarberie.com), no bairro de Saint-Roch, é uma das melhores e mais amadas dentre o crescente número de microcervejarias da cidade, com um pátio ao ar livre recentemente ampliado. A cooperativa produz de 30 a 50 cervejas por ano, variando da saborosa India Pale Ale até variedades com sabor de sangria, chardonnay e chá. Para a experiência completa, peça um carrossel de 16 dólares com 150 ml de cada uma das oito diferentes cervejas na torneira.

20h - Lugar disputado
O Bistro B (1144 Avenue Cartier; 418-614-5444; bistrob.ca), o novo restaurante elegantemente moderno, porém alegremente comunal, de François Blais - o chef astro do rock que abriu o Panache, um dos restaurantes mais renomados da cidade - tem comida, decoração e serviço soberbos. O cardápio muda diariamente, mas não tem como errar pedindo o tartare du jour e o peito de pato, que em uma noite recente foi servido em um molho de vinho branco com purê de abóbora-cheirosa e brócolis roxo. Para sobremesa, experimente o cheesecake, carregado de chocolate, com um toque de sorbet de framboesa. Jantar para dois, com vinho, custa cerca de 130 dólares. É recomendado fazer reserva.

22h30 - Veja a cena
Na próxima Grande Allée, um trecho de casas noturnas exerce uma forte atração gravitacional de carros exóticos, celebridades e dançarinas acrobáticas penduradas nos tetos. Experimente o Savini Resto-Bar Vinotèque (680, Grande-Allée Est; 418-647-4747; savini.ca, sem couvert) ou o Maurice Nightclub (575, Grande-Allée Est; 418-647-2000; mauricenightclub.com, de gratuito a US$ 5). Dê um pulo no Chez Ashton (640 Grande-Allée Est; 418-522-3449; chez-ashton.com) para um poutine de fim de noite (batatas fritas mergulhadas em molho de carne e coalhada) como faria qualquer bom baladeiro quebequense.

  • Michael Kirby Smith/The New York Times

    Vista do rio Saint-Lawrence e do Fairmont Le Château Frontenac, em Quebéc, no Canadá


Domingo

9h30 - Ao mercado
Antiguidades, arte e bugigangas. Isso é a Rue Saint-Paul, no bairro de Vieux Port. Mas essas palavras colidem inteligentemente na Machin Chouette (225, Rue Saint-Paul; 418-525-9898; machinchouette.com), ou “máquina adorável” em francês. A loja de design vende peças feitas à mão, como um abajur feito com um antigo triciclo (620 dólares). Para criatividade culinária, atravesse a rua até Le Marché du Vieux-Port (160, Quai Saint-André; 418-692-2517; marchevieuxport.com), um amplo mercado onde chefs e turistas percorrem bancas de peixes e frutos do mar, carnes, queijos, hortifrutis e massas locais.

12h - Ao longo da costa
Quebec talvez seja mais bem sentida sobre duas rodas. Por 18 dólares por duas horas, alugue uma bicicleta híbrida no Vieux Port na Vélo Passe-Sport Plein Air (80, Rue Quai Saint-André; 418-296-3643; velopasse-sport.com). Percorra os caminhos ao longo do rio até a Baie de Beauport, um parque recreativo com aluguel de caiaques, pedalinhos e veleiros. De lá, prossiga até Parc Linéaire, uma rede de ciclovias e pistas de caminhada que acompanham o Saint Charles, um afluente do Rio Saint Lawrence, passando por jardins e crianças empinando pipas - um final perfeito para o dia.


O básico


O elegante hotel Auberge Saint-Antoine (8, Rue Saint-Antoine; 888-692-2211; saint-antoine.com) com 95 quartos, entre Vieux Port e a Velha Québec, é construído ao redor de uma fortificação com canhões. Seu saguão e quartos, com preços a partir de 169 dólares canadenses, exibem artefatos locais como moedas e balas de canhão. O hotel também conta com o respeitado restaurante Panache. Os quartos incluem Wi-Fi gratuito, acesso a um centro de fitness e cinema próprio.

E, é claro, há o Fairmont Le Château Frontenac (1, Rue des Carrières; 866-540-4460; fairmont.com/frontenac), um palácio de 618 quartos no topo de Velha Québec que abriu como hotel em 1893. Quartos duplos a partir de 199 dólares canadenses. (Tradução: George El Khouri Andolfato)