Topo

Cultura, cores vivas e paisagens fazem a fama de Quito, no Equador

Michelle Higgins

New York Times Syndicate

05/04/2012 07h00

Situada entre os picos cobertos de neve dos Andes, a capital do Equador há muito tempo é ignorada pelos viajantes a caminho do destino mais famoso do país, as Ilhas Galápagos. Mas os visitantes que evitam essa animada cidade histórica de cerca de dois milhões de habitantes não sabem o que estão perdendo. A 2.850 metros acima do nível do mar, na costa leste do vulcão Pichincha, Quito oferece vistas de tirar o fôlego em quase toda parte. Seu centro histórico, classificado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, é um dos maiores da América do Sul, com 40 capelas e igrejas coloniais, 16 conventos e mosteiros e praças pitorescas. Nos últimos anos, museus foram inaugurados; mansões foram reformadas; hotéis, restaurantes e cafés foram abertos e a segurança melhorou. E em 2011, em reconhecimento à rica mistura de patrimônio arquitetônico e tradições culturais de Quito, o Birô Internacional de Capitais Culturais escolheu a cidade como sua Capital Americana da Cultura.


Sexta-feira

17h30 - Pôr do sol na cidade
O Parque Itchimbía (Calle José María Aguirre N4-108 com Calle Concepción; 593-2-322-8470) oferece vistas panorâmicas, inclusive do centro histórico de Quito e, ao longe, da estátua alada da Virgem de Quito. Confira o Centro Cultural Itchimbía (593-2-258-4362; centrocultural-quito.com) em estilo art noveau. A estrutura de vidro e aço, importada de Hamburgo em 1889, ficava do outro lado da cidade até ser transferida para a colina de Itchimbía em 2004. Depois, desça até o observatório, onde você encontrará um restaurante da rede equatoriana Pim’s. Peça um drinque e encontre um lugar para sentar próximo de uma das lâmpadas de aquecimento no deck externo, para observar as luzes se acenderem na cidade abaixo.

19h30 - Com um toque latino
O Theatrum, Restaurante & Wine Bar (Teatro Nacional Sucre, Calle Manabi, entre Guayaquil e Flores; 593-2-257-1011; theatrum.com.ec), no segundo andar do Teatro Nacional, serve pratos mediterrâneos com um toque latino em um salão alto e abobadado, envolto por cortinas de veludo vermelho. O cardápio de degustação de cinco pratos (US$ 38 mais impostos; a moeda oficial no Equador é o dólar americano) inclui especiais como o polvo grelhado com azeitonas e feijão fava, ravióli de caranguejo e risoto de coelho, e um sorbet refrescante para limpar o paladar. O restaurante também providencia transporte gratuito de ida e volta para seu hotel.

22h - Festa na praça
Se a comida e a altitude não tiverem esgotado suas energias, vá até a Plaza Foch, no cruzamento das calles Reina Victoria e Mariscal Foch, no norte de Quito, onde os jovens se encontram antes de seguirem para as casas noturnas nas proximidades. A presença visível da polícia dá mais segurança para explorar as imediações, mas se você planeja cair na balada além do raio de três quadras das ruas Calama, Juan León Mera e Pinto, tome um táxi. Às sextas-feiras, você encontrará música ao vivo depois das 22 horas no Q, um restaurante e bar no térreo do hotel butique NU House (Calle Mariscal Foch E6-12 com Calle Reina Victoria; 593-2-255-7840; quitoq.com). Do outro lado da praça, La Boca del Lobo (Calle Calama 284 com Calle Reina Victoria; 593-2-252-7915; labocadellobo.com.ec) tem um lounge vermelho e um pátio envidraçado com candelabros elegantes, gaiolas de pássaros penduradas e revestimento no teto com iconografia religiosa. Ele serve uma seleção de aperitivos fritos para beliscar à meia-noite.

  • Kike Calvo/The New York Times

    Estátua alada da Virgem de Quito, na cidade do Equador


Sábado

3h - Altas horas
A maioria dos bares fecha às 3h da manhã. Uma opção para comer na madrugada é o Metro Café (Avenida Orellana, na esquina com Rábida; 593-2-255-2570), que prepara refeições 24 horas. Também é uma boa opção para o café da manhã, servindo panquecas e pratos gordurosos como ovos mexidos com cheddar, hash browns (batatas picadas e fritas) e bacon. Durante o dia, as famílias com crianças inquietas apreciarão o playground ao ar livre.

9h - Ar rarefeito
Tome o vertiginoso bondinho Teleférico até o mirante Cruz Loma, a cerca de quatro mil metros acima do nível do mar (Avenida Occidental com Avenida Fulgencio Araujo; 593-2-222-2996). Leve um gorro (as temperaturas caem à medida que você sobe até o topo) e pague pela linha expressa (US$ 8,50 para turistas, US$ 4,90 para moradores). No topo, caminhe pelas trilhas na natureza em meio à relva e compre chá de coca (US$ 2,25) na loja de chás que fica no alojamento na montanha, para ajudar a neutralizar o efeito da altitude elevada.

11h30 - Arte e arquitetura
La Capilla del Hombre (esquina da Calle Lorenzo Chávez EA18-143 com Calle Mariano Calvache; 593-2-244-8492; capilladelhombre.com), que significa “Capela do Homem”, é um impressionante complexo cultural concebido em 1985 por Oswaldo Guayasamín, um dos maiores artistas do Equador, em homenagem à resistência do povo latino-americano. O museu de três andares, no bairro Bellavista, abriga de uma sequência de comovente de pinturas, murais e esculturas que captam as misérias e vitórias das pessoas que lutam contra a opressão política.

13h - O sabor da costa
Faça uma pausa para o almoço no pátio arborizado do La Chillangua Verde Esmeralda (esquina da Calle Zaldumbie N25-165 com Toledo; 593-2-222-5313), que é especializado em cozinha equatoriana costeira, incluindo ceviches saborosos (de US$ 6 por uma pequena lula a US$ 16 por uma lagosta grande) e camarones encocadas, um prato rico de frutos do mar preparado com leite de coco.

15h - Folclore e compras
A Folclore Olga Fisch (Avenida Colón E10-53 com Avenida Caamaño; 593-2-254-1315; olgafisch.com) é uma butique com uma seleção de arte indígena e equatoriana, incluindo tapeçarias tecidas à mão, joias de prata, chapéus de palha e cerâmica. É uma parada obrigatória para os compradores. O pequeno museu no andar de cima exibe artefatos pré-colombianos e arte pós-colonial. Depois, aperfeiçoe sua habilidade de pechinchar no parque El Ejido, uma curta corrida de táxi, onde artesãos vestidos em trajes indígenas alinham suas bancas no extremo norte na maioria dos fins de semana para vender joias feitas à mão, lenços de alpaca, flautas de madeira e outros artesanatos. Perto dali, o Mercado Artesanal La Mariscal (Calle Jorge Washington, entre Reina Victoria e Juan León Mera) tem aproximadamente mais cem bancas de souvenires semelhantes.

20h - Acima das nuvens
Segure-se para uma viagem trepidante por uma estrada esburacada de cascalho até a Hacienda Rumiloma (no final da Obispo de la Madrid; 593-2-320-0953; haciendarumiloma.com), a mais de três mil metros nas encostas do vulcão Pichincha, literalmente acima das nuvens. Vale a pena fazer o trajeto desgastante para um jantar romântico com vista para a cidade. Decorado com uma mistura de lustres Baccarat, divisórias feitas de placas grossas de madeira e cadeiras antigas estofadas, o restaurante oferece um ambiente rústico, luxuoso, com um fogão a lenha em um canto e um piano de cauda em outro. Especialidades como os camarões Rumiloma, de influência asiática (US$ 20), e o saboroso cordeiro La Cantera (US$ 22), são servidas em travessas pesadas de metal. Desça até o pub irlandês para tomar uma bebida após o jantar junto à lareira (há também suítes de luxo, com lareiras, a partir de US$ 305).

  • Kike Calvo/The New York Times

    A Folclore Olga Fisch, em Quito, é uma butique com uma seleção de arte indígena e equatoriana


Domingo

10h - Café da manhã suíço
Pegue um quitute na delicatessen/padaria Swiss Corner’s (esquina da Avenida de Los Shyris, N38-41, e El Telégrafo; 592-2-280-5360) ou sentar-se em seu alegre restaurante ao lado para degustar iogurte e parfaits de frutas ou ovos e hash browns. Preços de US$ 3 a US$ 10.

11h - Cidade Velha
As ruas de paralelepípedos do centro histórico de Quito ficam fechadas para os carros das 8h às 14h aos domingos, uma oportunidade ideal para explorar. Comece pela Basílica del Voto Nacional (Calle Carchi 122 com Venezuela; 593-2-228-9428), a maior catedral gótica do Equador, adornada com gárgulas inspirados nas iguanas, pumas e tartarugas de Galápagos do país. Em seguida, siga pela Calle García Moreno até a Plaza de la Independencia, a praça principal de Quito, cercada pela Catedral, pelo Palácio Presidencial, a casa do arcebispo e a prefeitura. Faça uma pausa no café do Plaza Grande Hotel (Calle García Moreno com Calle Chile; 888-790-5264; plazagrandequito.com) e peça uma xícara do cremoso chocolate quente equatoriano (US$ 5). Continuando pela Calle García Moreno, você passará pela La Compañía de Jesús, com seu altar folheado a ouro. Entrada: US$ 2. Na Calle Sucre, suba até a Plaza San Francisco, dominada por uma igreja e convento, onde músicos se reúnem e os moradores locais caem espontaneamente na dança. Depois, vá até o calçadão La Ronda (também conhecida como Calle Morales), onde as varandas são decoradas com flores e bandeiras, as crianças brincam de amarelinha e restaurantes minúsculos servem especialidades da cozinha equatoriana.


O básico


Táxis (normalmente de US$ 2 a US$ 6) são recomendados para se locomover, especialmente à noite. Ou alugue uma minivan com ar-condicionado e motorista, por cerca de US$ 130 por um dia de 14 horas (das 8h às 22h), na JL Turismo, jlturismoecuador.com.

Na Cidade Velha, o Hotel Patio Andaluz (García Moreno N6-52, entre Mejia e Olmedo; 593-2-228-0830; hotelpatioandaluz.com) tem 32 quartos elegantes com móveis em estilo antigo. Diárias a partir de US$ 200.

A Casa Gangotena, uma mansão histórica com vista para a Plaza San Francisco, na Cidade Velha de Quito (Calle Bolivar 541; casagangotena.com), oferece 33 quartos com tetos de estanho pintados, móveis antigos e banheiros de mármore. Diárias a partir de US$ 425, com café da manhã. As diárias dos oito quartos com vista para a praça custam US$ 550. (Tradução: George El Khouri Andolfato)