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Museu de tecnologia e cemitério são opções de passeios curiosos para se fazer em Cambridge

Freda Moon

New York Times Syndicate

28/01/2012 07h30

Quando as folhas caem e chega o frio do inverno, muitas cidades pequenas entram em uma hibernação prolongada. Mas Cambridge não perde o ritmo. Durante as Festas, as árvores são enfeitadas com luzes brancas, as produções locais de teatro celebram a estação. Uma cidade de livrarias e cafés, cinemas de arte e bares ecléticos, a República Popular de Cambridge trocou seu passado puritano por um presente dinâmico, cosmopolita.

Espalhada ao longo das margens arborizadas do Rio Charles, a cidade é uma densa coleção de grandes mansões em estilo federal e neoclássico e modestos bangalôs centenários, torres modernas de escritórios e dormitórios de tijolos. Apelidada de Margem Esquerda de Boston por causa de sua imagem boêmia, Cambridge é fácil de ser caricaturada, mas difícil de não gostar.

Sexta-feira

14h30 - Uma mente brilhante
Famoso por produzir diplomados brilhantes, inovações que mudam o mundo e trotes de cair o queixo, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) é um templo secular às ciências. O MIT Museum (265 Massachusetts Avenue; 617-253-5927; web.mit.edu/museum; ingresso, US$ 8,50), que foi ampliado em 2007 para incluir a nova Galeria Mark Epstein de Inovações de 465 metros quadrados, celebra a produção criativa e cultura excêntrica do instituto em exposições a respeito de tudo, de um robô emotivo e hologramas sensores de movimento até modelos de navios e câmeras Polaroid.

16h - Bem agasalhado
Pegue seu casaco e luvas e dê umas voltas pelo rinque em forma de ameba da Kendall Square Community Skating (300 Athenaeum Street; kendallsquare.org/play; entrada, US$ 5, US$ 1 para crianças; aluguel de patins, US$ 8 o par). O Frog Pond, do outro lado do Rio Charles, em Boston Common, é mais conhecido, mas a área de gelo comparavelmente mais humilde – cercada por prédios e árvores enfeitadas com luzes brancas – tem seu próprio charme. Para um vislumbre do pôr-do-sol na silhueta de Cambridge de cima da água, permaneça agasalhado e atravesse a pé a Ponte de Harvard, no extremo sudeste da Massachusetts Avenue.

19h - Paletó e gravata
Aqueça-se com um drinque à moda antiga no Cuchi Cuchi (795 Main Street; 617-864-2929; cuchicuchi.cc), um bar com tema da belle époque, com iluminação atmosférica, que serve coquetéis antigos como o Pendennis Club Cocktail (gim, brandy de damasco, suco de limão e Peychaud’s Bitters, US$ 10), tirado de um cardápio de 1928 de um clube masculino de Louisville, Kentucky. Para o jantar, não economize na refeição de vários pratos a preço fixo no Craigie on Main (853 Main Street; 617-497-5511; craigieonmain.com), onde os cidadãos endinheirados de Cambridge são tratados com a visão “locavore” (alimentos produzidos no local) do chef, Tony Maws, que conquistou o prêmio James Beard em 2011. O restaurante tem uma clientela de paletó e gravata (não obrigatórios) e preços equivalentes: o cardápio de degustação “Craigie Experience” com seis pratos custa US$ 95, enquanto o “Ultimate” com oito pratos custa US$ 115.

21h30 - Dos deuses e do sorvete
Afrouxe seu cinto para uma parada no Toscanini’s (899 Main Street; 617-491-5877; tosci.com), onde você encontrará um sorvete artesanal incrível, em sabores como açafrão salgado ou o robusto chocolate duplo (a partir de US$ 3,50). Depois, sente-se em uma das cadeiras como trono do River Gods (125 River Street; 617-576-1881; rivergodsonline.com), um bar onde os D.J.s tocam uma mistura esotérica de música, de pop francês dos anos 60 até funk de Bollywood, cercados por anjos dourados e bonecas de freiras em uma cena que não difere de uma festa na reitoria do Mundo Bizarro.

Sábado

9h - O lado ensolarado
Chegue cedo para pegar uma das sete mesas na Sofra Bakery and Cafe (1 Belmont Street; 617-661-3161; sofrabakery.com). Apesar da localização fora do caminho, na divisa com Belmont, este minúsculo restaurante-padaria do leste do Mediterrâneo fica lotado nos fins de semana, quando os moradores locais fazem fila para pratos exóticos, como um ovo pochê em um ninho delicado de massa folhada frita (US$ 9) ou o pão chato recheado como cafta (bolinhos de carne condimentados) de lentilha vermelha com molho de pimenta, e uma salada de raiz de aipo (US$ 7). Nos dias de inverno de céu claro, o sol entra pelas janelas da padaria e os clientes bebem café turco em pequenas xícaras. Amendoim doce (US$ 16) e chutney de tomate verde (US$ 10) podem servir como presentes deliciosos.

  • Jodi Hilton/The New York Times

    Antes de deixar a cidade, faça uma caminhada entre os túmulos históricos do Mount Auburn Cemetery, fundado em 1831

11h30 - Velha escola
A Classic Hahvahd Tour (1376 Massachusetts Avenue; harvardtour.com; US$10 por pessoa, US$ 20 por família) é um curso intensivo teatral de 70 minutos sobre a história de Harvard. Os alunos que atuam como guias representam o roteiro do passeio com timing humorístico e respondem as perguntas com paciência e sinceridade. Atualmente o passeio exclui o famoso Yard de Harvard, que foi convertido em acampamento dos membros do movimento Ocupe. Para o almoço, siga para o Alive and Kicking (269 Putnam Avenue; 617-876-0451) para o clássico sanduíche de lagosta da Nova Inglaterra – dois pedaços tostados de pão branco com gergelim recheados com pedaços generosos de lagosta fresca (US$ 13) – comido em um quiosque de peixe sem frescura. Um estacionamento convertido com mesas de piquenique, lâmpadas de aquecimento e recortes em madeira de peixes e gaivotas.

14h - A revolução vive
Caminhe ao longo da Massachusetts Avenue até a escadaria estreita, pintada de preto, da Revolution Books (1158 Massachusetts Avenue, segundo andar; 617-492-5443; revolutionbookscamb.org), uma livraria pequenina do Partido Comunista Revolucionário, onde você encontrará de tudo, da livros populares de não-ficção até manifestos políticos. Depois, sente-se em um banco no People’s Republik (876-878 Massachusetts Avenue; 617-491-6969; peoplesrepublik.com), um bar com tema comunista, com cartazes de propaganda soviéticos e maoístas nas paredes.

18h - Do Sul
Cambridge pode não ser o primeiro lugar a vir a cabeça para apreciar amendoim cozido, camarão, aveia meio moída ou churrasco de língua de boi, mas o Hungry Mother (233 Cardinal Medeiros Avenue; 617-499-0090; hungrymothercambridge.com) é um dos lugares que oferecem a melhor comida do Sul no Nordeste. O chef, Barry Maiden, é natural da Virgínia e seu restaurante honra seu Estado natal em toda parte – no nome, tirado de um parque estadual da Virgínia, ao motivo cardeal nos cardápios e estética vovó-chique atualmente familiar. Aberto em 2008, o Hungry Mother foi financiado, em parte, por pequenas doações (os nomes dos doadores estão presentes na parede ao lado do bar) e há algo em sua atmosfera facilmente acolhedora que parece despretensiosa e sincera.

20h - Clube folk
Desde os anos 50, o Club Passim (47 Palmer Street; 617-492-5300; clubpassim.org), um espaço escuro em porão em uma rua que sai da Harvard Square, atrai grandes nomes da música. Este ponto lendário começou como um clube de jazz chamado Club 47, que posteriormente se transformou em um espaço folk, recebendo todo mundo, de Joan Baez, que começou aqui aos 17 anos, a Bob Dylan, que foi posteriormente apresentado por ela para seu público de casa. Ele agora é sem fins lucrativos; há música ao vivo toda noite (os preços dos ingressos variam) e, após muitos anos a seco, agora conta com licença para venda de cerveja e vinho.

22h - Discoteca fabulosa
“Dance with the Donkey Show” é uma adaptação disco-ópera cintilante, inebriante, de “Sonho de Uma Noite de Verão”, encenada no Oberon (2 Arrow Street; 617-496-8004; cluboberon.com), o novo “teatro-clube noturno” que é o segundo palco descontraído do American Repertory Theater. A apresentação é um evento interativo onde os atores e dançarinos se distinguem do público apenas por seu figurino anos 70. Para um lanche saboroso e leve à meia-noite, ou uma cerveja Notch local por US$ 3, vá ao Clover Food Lab (7 Holyoke Street, cloverfoodlab.com). Fundado por um ex-aluno do MIT, o Clover é uma van de fast-food que se transformou em um fenômeno e depois em um ponto fixo. O cardápio – pratos sem carne como os sanduíches de patê de grão-de-bico, sopa de cenoura picante e as batatas fritas com alecrim – é saudável e barato o suficiente para sustentar um corpo de estudante.

  • Jodi Hilton/The New York Times

    Robôs são vendidos na lojinha do Museu do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)

Domingo

11h - O não-dim sum
Para o brunch, experimente a barriga de porco crocante, o pãozinho chinês mantou com vegetais em conserva, ou os bolinhos shumai de carne de porco e repolho com purê de cenoura no East by Northeast (1128 Cambridge Street; 617-876-0286; exnecambridge.com), onde os pequenos pratos são descritos como aperitivos ao estilo chinês. O chef sino-americano Phillip Tang faz todo o macarrão e bolinhos aqui. Para acompanhar, peça um bloody mary com uma vodca de pimenta chinesa e molho de pimenta Sriracha (US$ 9), ou o drinque de pera, gengibre e vinho prosecco (US$ 9).

Meio-dia - Local de descanso
Antes de deixar a cidade, faça uma caminhada entre os túmulos históricos de Buckminster Fuller, Henry Wadsworth Longfellow, Winslow Homer e da abolicionista Harriet Jacobs, entre muitos outros, nos 70 hectares do Mount Auburn Cemetery (580 Mount Auburn Street; 617-547-7105; mountauburn.org), fundado em 1831. A área conta com centenas de variedades de árvores e jardins bem cuidados. (Tradução: George El Khouri Andolfato)