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Conheça as praias, a mistura étnica e a vida noturna de Marselha, na França

SETH SHERWOOD

New York Times Syndicate

25/11/2011 07h00

Primeiro, a má notícia: Marselha não é Paris. Diferente de sua rival rica em cultura, a segunda maior cidade da França não possui museus de classe mundial, monumentos obrigatórios ou chefs de renome internacional. Agora, a boa notícia: Marselha não é Paris. Beijada pelo Mediterrâneo, Marselha conta com uma combinação não-parisiense de sol quase constante, quilômetros de praias e uma mistura étnica -francesa, norte-africana, italiana, corsa, armênia - que lhe dá um sabor diferente de qualquer outro lugar no país. Não é de estranhar que o restante da França a chama de ‘Planète Mars’. E a notícia fica ainda melhor: nomeada Capital Europeia da Cultura de 2013, o porto historicamente não refinado está melhorando, graças a uma reforma da orla marítima, um novo sistema de bondes, a primeira onda de hotéis de design, uma geração de jovens empresários de restaurantes e vida noturna e uma cena de moda local. Mais do que nunca, há vida em ‘Mars’.
 


Sexta-feira

17h - Pegando as ondas
Marselha é um centro marítimo desde que os gregos antigos primeiro chegaram aqui, e passeios de barco de uma hora oferecidos pela Croisières Marseille Calanques (Vieux Port; 33-4-91-58-50-58; croisieres-marseille-calanques.com; 10 euros) são uma forma excelente de contemplar o mar e a costa rochosa. Você passará entre os fortes do século 17 que flanqueiam o porto - Saint-Jean e Saint-Nicolas - e depois passará pela Cathédrale de la Major neobizantina, contornará a Île d’If e sua fortaleza, o Château d’If. Construído no século 16 e depois convertido em prisão - atualmente desativada - a ‘Alcatraz francesa’ é mais conhecida pelo romance ‘O Conde de Monte Cristo’.

20h - Jantar refinado
Bacon de sobremesa? Essa é apenas uma das inovações de Alexandre Mazzia, que enfeita o sorbet de mamão e tequila com uma tira crocante de açúcar e pedaços de bacon. Desde que assumiu em 2009 como chef do Le Ventre de l’Architecte (280, boulevard Michelet; 33-4-91-16-78-00; hotellecorbusier.com), em um hotel que ocupa um prédio projetado por Le Corbusier, Mazzia tem dado aos clientes regalos gastronômicos que rivalizam as vistas do mar. Toques asiáticos e tropicais se misturam aos do Mediterrâneo em dois cardápios de degustação toda noite (65 euros), da cremosa espuma de curry (usada para banhar o camarão servido com pétalas de flores) até o tempura de sardinha (espalhado em um disco suculento de leitão ao molho de manga).

23h - Opções boêmias
À noite, os boêmios de Marselha seguem para o distrito La Plaine. Um CD de ‘Spaghetti Disco Classics’ (26 euros) e meias insanamente coloridas da Sixpack France (25 euros) casam bem com uma garrafa de vinho rosé Domaine Ramatuelle (24 euros) na Oogie (55, cours Julien; 33-4-91-53-10-70; oogie.eu), uma loja conceitual com seu próprio café e salão de cabelo. Perto dali, La dame Noire (30, place Notre Dame du Mont; sem telefone; ladamenoir.wordpress.com), um lounge sensual à meia-luz, é o principal bar de Marselha para D.J.s de música eletrônica. O novo ponto deles no antigo clube Trolleybus (24, quai de Rive Neuve) mantém a dança rolando até às seis horas da manhã.
 

  • Rebecca Marshall/The New York Times

    Seria preciso ir à Itália para encontrar um restaurante italiano tão autêntico e consistentemente excelente quanto La Cantinetta, em Marselha, na França


Sábado

10h - Bufê de praias
A costa de Marselha oferece uma variedade de praias. As areias douradas da Plage des Catalans e a areia grossa suave da Plage du Prado tendem a ficar lotadas, mas um ponto pacífico fica escondido entre elas, nos afloramentos rochosos abaixo do restaurante Le Petit-Nice Passédat. Tome o ônibus Nº83 no Vieux Port, desça na Anse de la Fausse Monnaie, pegue a travessia da estrada para a marina e siga para a direita, contornando o promontório. As grandes rochas são um ponto tranquilo para escutar as ondas e observar as pequenas ilhas próximas.

12h - Dejeuner, ao estilo italiano
Seria preciso ir à Itália para encontrar um restaurante italiano tão autêntico e consistentemente excelente quanto La Cantinetta (24, cours Julien; 33-4-91-48-10-48). Presunto fica pendurado no alto em peças grandes e é fatiado em uma máquina à manivela de Parma, enquanto a mussarela ultracremosa é de uma variedade especial de leite de vaca de Puglia. O cardápio no quadro-negro tem massas, peixes e frutos do mar e pratos com carne que mudam diariamente, às vezes oferecendo carne de vitela em fatias finas em um molho de vitela com mostarda, vinho branco e pedaços de anchova. Para sobremesa, o pain perdu (rabanada) solidificará tanto suas artérias quanto seu entusiasmo pelo restaurante. Faça reserva - preferivelmente no adorável jardim. Um almoço com três pratos para duas pessoas custa aproximadamente 60 euros, sem bebidas.

14h - Marseille à la mode
Uma mala vazia seria útil ao chegar à Rue Sainte, onde brotaram grifes de moda locais. Apesar do nome American Vintage (10, rue Sainte; 33-4-91-33-02-26; am-vintage.com) ser enganador - a marca é de Marselha e vende roupas novas - as cores suaves e tecidos ultrafinos conquistaram fãs suficientes para gerar butiques de Amsterdã até Tel Aviv. As cores e designs ficam mais aventureiros na Sessun (6, rue Sainte; 33-4-91-52-33-61; sessun.com), onde é possível comprar calças de moletom elegantes com estampa de papel milimétrico (95 euros). Procure por acessórios na Kothai (53, rue Sainte; 33-4-91-33-55-26; kothai.fr), uma loja de moda de rua conhecida por bolsas de couro com estampas em relevo de fotos de silhuetas de cidades, Vespas e James Brown (35 a 75 euros).

16h - Palácio de César
O imperador da cena de arte de Marselha é certamente o falecido César Baldaccini - conhecido simplesmente como César - e seu templo é o Musée d’Art Contemporain (69, avenue de Haïfa; 33-4-91-25-01-07, lesartistescontemporains.com/macmarseille.html), que é repleto de suas divertidas esculturas neorrealistas, de automóveis esmagados e até de poças gosmentas como areia movediça. Os outros artistas representados - incluindo Jean-Michel Basquiat e Dieter Roth - também não são negligentes.

20h - Aproveite o momento
Onde o chef Christian Ernst encontra tempo? Aberto em 2008, seu restaurante, Le Moment (5, place Sadi Carnot; 33-4-91-52-47-49; lemoment-marseille.com), oferece aulas de vinho, cursos de culinária para adultos e crianças e uma dieta regular de aberturas de exposições de arte. É um milagre que ele consiga encontrar uma pausa para regalar seus clientes. Mas ele consegue - e como. Seu cardápio diário de degustação com cinco pratos (46 euros) pode apresentar um elaborado salmonete (servido em uma cama de tentáculos de polvo e azeitonas pretas com espuma de açafrão e tomates fatiados) ou uma adaptação ao estilo asiático de coelho (desfiado em um rolinho primavera com uma panqueca mille-feuille de cebolinha).

22h30 - Lobby alcoólico
Pretensiosa. Consciente de estilo. Sofisticada. A vida noturna de Marselha não é nada disso. Mas o Victor Café, no lobby do Newhotel of Marseille (71, boulevard Charles Livon; 33-4-88-00-46-00; victorcafemarseille.com), e o bar Le Carré, no lobby do Sofitel Vieux Port (36, boulevard Charles Livon; 33-4-91-15-59-00; sofitel.com), estão tentando adicionar um toque de luxo. Com seu interior com iluminação rosa e piscina ao ar livre com iluminação verde, o Victor Café serve um ambiente colorido para combinar com seu copo de Ricard, de sabor de anis, uma especialidade de Marselha (5 euros). Do outro lado da rua, afunde em um sofá, peça um Margarita Especial (tequila, Cointreau, mel de agave, limonada; 17 euros) e escute os cantores de lounge enquanto observa o Vieux Port.
 

  • Rebecca Marshall/The New York Times

    Vitrine de doces do Le Glacier du Roy, em Marselha, na França


Domingo

11h - Múmias e sorvete
A encosta do bairro Le Panier é um dos lugares mais atmosféricos para se caminhar. Antes um refúgio de marinheiros, as ruas de paralelepípedos, as praças arborizadas e casas em tons pastel começaram a receber imigrantes - italianos, corsos, argelinos - no século 20 e agora estão cheias de jovens profissionais e tipos artísticos. Os fãs de história devem ir direto à coleção de gatos mumificados e sarcófagos dentro da La Vieille Charité (2, rue de la Charité; 33-4-91-14-58-80; vieille-charite-marseille.org), um complexo neorromanesco com domo que abriga achados arqueológicos do Mediterrâneo (assim como um centro de poesia e livraria). Os fãs de doce, por sua vez, devem fazer fila para o sorvete (2,50) na Le Glacier du Roy (4, place de Lenche; 33-4-91-91-01-16).

13h - Alguns preferem quente
Situado em um beco no Vieux Port, o Zein Oriental Spa (16, quai Rive Neuve; 33-4-91-59-11-11; zeinorientalspa.fr), um spa-banho turco de luxo aberto no ano passado, tem ar de 1.001 Noites, com suas entradas em forma de buraco de fechadura, azulejos mouros, ar aromatizado e música eletrônica árabe suave. O pacote Hammam Jasmin (68 euros) inclui um banho com sabão de azeite de oliva, uma esfoliação com luva áspera e uma massagem de meia hora.
 


O básico


O cheiro de pão assado já se dispersou do prédio do século 17 na 13, rue du Panier, uma antiga padaria corsa que abriga desde 2009 a Au Vieux Panier (33-4-91-91-23-72; auvieuxpanier.com), uma pensão elegante. Atualmente há uma maior probabilidade de sentir cheiro de tinta. Os cinco quartos foram decorados por artistas locais, e as áreas comuns abrigam exposições rotativas. Quartos a partir de 85 euros (aproximadamente US$ 120).

Ainda mais chique é a Casa Honoré (123, rue Sainte, 33-4-96-11-01-62; casahonore.com), uma antiga gráfica transformada em pensão de luxo com quatro quartos, distribuídos em torno de um pátio verdejante com piscina. Quartos a partir de 150 euros.

Com vistas do porto, o Hotel La Résidence du Vieux Port (18, quai du Port, 33-4-91-91-91-22; hotel-residence-marseille.com) com 40 quartos recebeu uma reforma inspirada em Le Corbusier no ano passado, que o cobriu de decoração minimalista da metade do século passado, animada por toques de cor. Quartos duplos a partir de 160 euros.