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Cidade medieval, Bolonha oferece história, arte e gastronomia farta para o turista

ONDINE COHANE

New York times Syndicate

30/09/2011 07h01

Vibrante, independente e lar de uma das universidades mais antigas da Europa, Bolonha é um contraponto dinâmico para cidades turísticas mais populares da Itália, como Roma e Veneza. Localizada a aproximadamente 80 quilômetros de Florença, a cidade é famosa tanto por sua culinária quanto por sua política exaltada de esquerda.

As bancas na feira repletas de aspargos e feijão-fava, as lojas especializadas que vendem carnes curadas e as tavernas que servem massas frescas com o ragù famoso da cidade (conhecido como molho à bolonhesa no restante do mundo) oferecem motivos atraentes para vir aqui. E há as obras-primas de arquitetura como a Igreja de Santo Estevão e as Due Torri (Duas Torres).

Mais polêmica do que em outras regiões do norte italiano, a política em Bolonha (o último prefeito, Flavio Delbono, renunciou quando foi acusado de usar dinheiro público com sua amante, e agora os moradores estão aguardando para ver se o novo prefeito, Virginio Merola, cumprirá sua promessa de reformar o centro da cidade) também pode ser considerada, no final das contas, um dos atrativos locais.

Sexta-feira

16h - Espiral para o alto
Bolonha é conhecida por seus quilômetros de portici, ou pórticos revestidos de terracota, e pelos 666 arcos que levam ao Santuario della Madonna di San Luca (www.sanlucabo.org) - uma basílica que fica empoleirada acima da metrópole - que são uma grande introdução para um ícone da cidade.

Comece pelo Arco de Meloncello e suba a colina: a caminhada de meia hora é como uma sessão de StairMaster (uma boa atividade física antes da comilança do fim de semana) com vistas do interior, assim como da ampla parte nova da cidade, com suas torres de escritórios e seus crescentes subúrbios. No topo, a recompensa é a basílica declarada patrimônio da humanidade pela Unesco, com sua pintura de Virgem Maria, supostamente de autoria de Lucas, o Evangelista e, segundo alguns, trazida do Oriente Médio para Bolonha no século 12.

18h - Interiores inspirados
A cena de arte contemporânea no bairro de Saragozza é especialmente notável pela recuperação dos espaços ocupados pelas galerias. A Gallery Otto (Via D’Azeglio 55; 39-051-644-9845; otto-gallery.it), por exemplo, reinventou uma parte do Collegio di San Luigi dei Barnabiti (uma escola que data dos anos 1700) com salas arejadas, cheias de luz, perfeitas para exposição de obras contemporâneas de artistas como o expressionista abstrato Luigi Carboni e o fotógrafo norueguês Per Barclay, conhecido por suas instalações evocativas. 

Perto dali, a Galleria Marabini (Vicolo della Neve 5; 39-051-644-7482; galleriamarabini.it) tem exposições temporárias que se justapõem lindamente com as paredes e afrescos originais de uma antiga igreja de 1661. Entre os artistas em seu rol está o fotógrafo James Casebere, cuja exposição "Túneis" se concentra nos canais subterrâneos de Bolonha, que datam do período medieval. 

20h- Hora de comer
Um prato clássico de Bolonha é o tortellini in brodo, pacotes delicados de massa recheados com carne de porco moída e nadando em um fragrante caldo de frango. Um templo culinário dedicado a este prato e outros tradicionais é a All’Osteria Bottega (Via Santa Caterina 51; 39-051-585-111), um espaço aconchegante, com pisos de madeira e móveis pintados, supervisionado por sua proprietária jovial, Daniele Minarelli.

Travessas de mortadela e queijo são seguidas por pratos de tagliatelle con culatello (considerada a parte mais delicada do quadril do porco) feitos na hora, berinjela à parmegiana e especialidades da casa, como pombo grelhado. Entradas a partir de 13 euros.

  • Nadia Shira Cohen/The New York Times

    A área ao redor do Mercato di Mezzo abriga lojas dedicadas a todos os tipos de comida

Sábado

10h- Passeio gastronômico
Considere a área ao redor do Mercato di Mezzo uma parada gastronômica obrigatória. Além de lojas dedicadas a todo tipo de alimento, há uma nova filial da Eataly (Via degli Orefici, 19; 39-051-095-2820; www.eataly.it), com seu empório de livros e produtos gourmets italianos, mais um bar de vinho e restaurante.

O Tamburini (Via Caprarie 1; 39-051-234-726 ; tamburini.com), por sua vez, é um restaurante que serve mais de 200 vinhos no copo. Já a Atti Panificio (Via Drapperie 6; 39-051-233-349; paoloatti.com) é uma padaria que data de 1880, e a Simoni (Via Drapperie 5/2a; 39-051-231-880) é uma excelente loja de frios.

Meio-dia - Parada para o almoço
Ao largo da encantadora Via Pescherie Vecchie fica a Osteria del Sole (Vicolo Ranocchi, 1D; 39-347-968-0171; osteriadelsole.it), que parece um velho clube social, com seu bar de madeira e fotos desbotadas emolduradas. O lugar não serve comida, apenas vinhos no copo, então escolha suas preciosidades no mercado e crie um piquenique improvisado em uma das mesas longas. 

Não é incomum ver um grupo de homens idosos no bar, comendo feijões-fava ou uma caixa de morangos frescos, enquanto colocam a fofoca em dia. Um copo de Pignoletto custa 2 euros.

15h - Café exótico
No Terzi (via Oberdan 10/D; 39-051-236-470; caffeterzi.it), fazer café é uma arte, e o proprietário, Manuel Terzi, é um mestre em preparar a xícara perfeita. Entre os grãos exóticos que ele oferece estão a variedade silvestre Kopi Luwak da Indonésia (7,50 euros por um espresso), Sigri de Papua-Nova Guiné (3 euros por um espresso) ou um “robusto” do Congo (1,30 euro). É possível ficar em pé no bar ou sentar a uma das quatro mesas na pequena sala listrada.

16h - Caminho para o varejo
Antes parte do gueto judeu, o agitado bairro ao redor da Via Oberdan é lar de algumas das lojas mais encantadoras da cidade. Chamar a Hoffmann (Via Altabella 23; 39-051-223-066; hoffmann.it) de uma loja de brinquedos não faz jus à criatividade do espaço, com suas janelas coloridas e brinquedos feitos sob encomenda, como cavalinhos de balanço de madeira e abajures de elefante.

Do outro lado da rua, a Jacqueline (Via Altabella 14/E; 39-051-268-190) tem lindos vestidos, biquínis e calçados (sem contar ótima lingerie), enquanto virando a esquina, a 3 Terre (Via Oberdan, 8AB; 39-051-236-028) tem lanternas e outros móveis da Índia, Indonésia e China. E mesmo se não tiver interesse em uma peça inteira de presunto, não perca a Bruno e Franco (Via Oberdan, 16; 39-051-233-692; la-salumeria.it), uma casa de frios onde homens de gravata borboleta vermelha cortam carnes curadas em fatias finas como papel.

  • Nadia Shira Cohen/The New York Times

    Atendentes do empório Bruno e Franco cortam carnes curadas em fatias finas como papel

O ponto também tem uma estação de massas frescas. Se tiver sorte, você poderá ser convidado ao laboratório no andar superior do outro lado da rua, onde mulheres uniformizadas preparam as massas.

18h - Happy hour italiano

No bar S-wine (Via A. Righi 24A; 39-051-232-631), estudantes e tipos elegantes se reúnem para o spritz Aperol (licor de laranja, prosecco e refrigerante) e o bufê (7 euros), em um espaço confortável com vigas de madeira no inverno e uma mesa ao ar livre nos meses mais quentes.

Depois do trabalho, empresários e moradores do bairro param na Enoteca Italiana (Via Marsala 2/b; 39-051-235-989; enotecaitaliana.it) para um copo de Franciacorta espumante ou Gaja, acompanhado por um prato de carnes ou queijos.

Com capacidade para apenas 28 pessoas, o Serghei (Via Piella 12; 39-051-233-533) é uma das reservas mais disputadas na cidade, com excelência na culinária honesta, “ao estilo da mamma”, pela qual Bolonha é conhecida. De fato, Diana Fasotti, a mãe do proprietário, faz todas as massas frescas excelentes, como o ravióli recheado com rúcula e coberto com gorgonzola, e massa com ragù clássico. As entradas também são simples e tradicionais, como bolinhos de carne de vitela com ricota e abobrinha. Entradas a partir de 13 euros.

Domingo  

11h - Pausa para arte
Giorgio Morandi, que morreu em 1964, foi um dos pintores contemporâneos mais famosos da cidade, e um museu (Piazza Maggiore 6; museomorandi.it; entrada: 6 euros) no andar superior do Palazzo d’Accursio (a prefeitura de Bolonha) do século 14, celebra sua fama. Seus destaques são suas naturezas mortas –objetos como garrafas e vasos são transformados em belas visões impressionistas.

Meio-dia - Visita à igreja
A caminho da requintada Igreja de Santo Estevão (um conjunto de igrejas, mosteiros e pátios que datam dos séculos 5, 8 e 12), pare na Colazione da Bianca (Via Santo Stefano 1; 39-051-588-4425; colazionedabianca.it), que abriu recentemente. Com cornetti e cappuccino, juntamente com lanches, o lugar é uma boa opção de parada antes de visitar a igreja.

  • Nadia Shira Cohen/The New York Times

    Localizado na Piazza Maggiore, o Palazzo D'Accursio oferece bela visão do centro de Bolonha

O básico

Um dos novos hotéis-butique da cidade, o Metropolitan (Via Dell’Orso 6; 39-051-229-393; hotelmetropolitan.com; quartos duplos a partir de 100 euros) tem uma ótima localização central e preços razoáveis.

Situado em um palacete do século 19 que serve como exemplo do estilo Liberdade da cidade –a resposta italiana para o art déco– I Portici (Via Indipendenza, 69; 39-051-421-85; iporticihotel.com; diárias a partir de 89 euros) frequentemente oferece diárias especiais para seus quartos e conta com um excelente restaurante.

Não longe da Igreja de São Estevão, Il Convento dei Fiori di Seta (Via Orfeo 34/4; 39-051-272-039; silkflowersnunnery.com) tem 10 quartos reformados em um convento que data do século 15, juntamente com wi-fi gratuito e serviço amistoso. Quartos duplos a partir de 140 euros.