Conheça os bares, parques e galerias da grunge Seattle em 36 horas

A primavera chega mais cedo a Seattle e dura mais. No final de fevereiro, as chuvas cedem e tons pastéis de ameixa e narciso iniciam uma progressão de cores e aromas que duram meses. Mas a nova flora não é a única coisa brotando do solo de Seattle atualmente. Aparentemente da noite para o dia, trechos inteiros do centro e bairros próximos – notadamente South Lake Union e o Corredor Pike-Pine – se transformaram em enclaves vibrantes de restaurantes, bares e galerias. Com tantos prédios convertidos e reaproveitados, a paisagem de Seattle está começando a parecer com tantas camadas quanto o vestuário de seus habitantes. A madeira coberta de piche nunca desapareceu, ela só foi revestida com a flanela grunge, dinheiro de empresas de tecnologia, cafés yuppies, os sabores do Pacífico e, mais recentemente, com acelga e galinhas de quintal dos pioneiros urbanos. Não deixe que uma chuva passageira impeça você de entrar na mistura. Esta é uma das raras cidades americanas onde você pode ficar ao ar livre durante o ano todo, sem tremer ou suar.

Sexta-feira

16h - Vista da torre do parque
Volunteer Park (1247 15th Avenue East; 206-684-4075; www.seattle.gov/parks), uma viagem de 10 minutos de táxi ou ônibus do centro da cidade, no extremo norte de Capitol Hill, tem jardins projetados há um século pelos irmãos Olmsted, uma estufa repleta com plantas de diferentes partes do mundo e uma torre de água de tijolos na qual é possível subir para vistas fabulosas da cidade abaixo e das montanhas e mar além. Faça chuva ou faça sol, é o lugar ideal para você se orientar na primavera. Se bater a fome, caminhe duas quadras na direção leste por um dos bairros mais antigos e bonitos de Seattle para uma fatia de bolo Bundt de limão (US$ 3) e um café Stumptown no acolhedor Volunteer Park Cafe (1501 17th Avenue East; 206-328-3155; alwaysfreshgoodness.com).

18h - Corredor mais bacana
O Corredor Pike-Pine é a reforma urbana mais feliz de Seattle: de um aglomerado de prédios miseráveis e restaurantes baratos a um pequeno povoado artístico, mas não opressivamente gentrificado, do outro lado da via expressa do centro da cidade. Quando a localmente reverenciada Elliott Bay Book Company (1521 10th Avenue; 206-624-6600; elliottbaybook.com) veio da Pioneer Square para cá no ano passado, os intelectuais ofegaram – mas agora parece um ajuste perfeito de vizinhança, com as mesas comunais convidativas do Oddfellows (1525 10th Avenue; 206-325-0807; oddfellowscafe.com) duas portas para baixo, e uma gama completa de restaurantes, lojas de roupas antigas e lojas de decoração nas quadras vizinhas. Quando chegar a hora de um drinque pré-jantar, caminhe sem pressa até o Licorous (928 12th Avenue; 206-325-6947; licorous.com). Por trás da fachada de barracão se encontra um bar alto, frugal, escuro e barulhento o suficiente, que serve coquetéis criativos (Bound for Glory, com Bacardi, pimenta inglesa, suco de limão e licor de ervas jamaicano, US$ 12) e petiscos de bar (tábua de salames, US$ 12).

19h30 - Frescos e locais
Um dos restaurantes mais comentados da cidade, o Sitka & Spruce (1531 Melrose Avenue East; 206-324-0662; sitkaandspruce.com) parece um refeitório universitário elegante com uma longa mesa cercada por algumas mesas menores, pisos de concreto, tijolos e dutos expostos. Mas não há nenhuma inexperiência na comida. O chef e proprietário, Matt Dillon, que mudou o restaurante para o Corredor Pike-Pine em meados do ano passado, segue sua intuição infalível para transformar humildes ingredientes locais (eperlano, urtigas, aipo, cogumelo craterellus, nabos, abóbora) em criações complexas, com muitas texturas, mas nunca presunçosas, como o eperlano frito na cerveja com molho aioli (US$ 12), crepe de abóbora temperada com coalhada seca com ervas (US$ 19) e salmão com urtigas (US$ 23). Siga o conselho do seu garçom de que entradas devem ser compartilhadas – você terá espaço suficiente para a sobremesa (sorvete de água de rosa, tâmaras quentes e pistache, US$ 6,50) e a conta será uma surpresa agradável.

Sábado

9h - Arte e água
Antes existiam duas queixas a respeito do centro de Seattle: ele não oferecia nenhum parque inspirador e nenhum acesso na orla marítima digno da vista. O Olympic Sculpture Park (2901 Western Avenue; 206-654-3100; seattleartmuseum.org), aberto há quatro anos pelo Museu de Arte de Seattle, cuidou de ambos os problemas com uma só tacada. Obras-primas em aço, granito, fibra de vidro e bronze, de renomados artistas nacionais, casaram muito bem com as árvores nativas, arbustos, samambaias e flores silvestres. Ande pelos caminhos em ziguezague e rampas que passam pelo enorme corpo de aço desgastado pelo tempo de “Despertar”, de Richard Serra, e a “Águia” de aço pintado de Alexander Calder, até chegar ao calçadão ao lado do porto. De lá, continue na direção norte até uma pequena praia e os gramados adjacentes do Myrtle Edwards Park à beira-mar. É tudo gratuito.

10h30 - Vila urbana
O desenvolvimento de South Lake Union em uma próspera vila urbana, fruto da imaginação do magnata da Microsoft, Paul Allen, está finalmente viva e ativa. Esta antiga terra de ninguém industrial agora abriga as melhores galerias da cidade, uma coleção cada vez maior de restaurantes, algumas lojas bacanas e o excepcional novo campus da Amazon. Use o bonde da South Lake Unionpara ir da Gordon Woodside/John Braseth Gallery (2101 Ninth Avenue; 206-622-7243; woodsidebrasethgallery.com), que é especializada em paisagens do Noroeste, para a Honeychurch Antiques (411 Westlake Avenue North; 206-622-1225; honeychurch.com), com arte e artefatos asiáticos com qualidade de museu, e então para o Center for Wooden Boats (1010 Valley Street; 206-382-2628; cwb.org), onde é possível admirar belas embarcações antigas envernizadas ou alugar um barco a remo ou veleiro para uma volta pelo lago interno da cidade de Seattle. Precisando de um lanche (muito rico)? A recém-rebatizada Marie & Freres Chocolate (2122 Westlake Avenue; 206-859-3534; claudiocorallochocolate.com) tem alguns dos biscoitos de amêndoa e chocolate mais requintados já preparados.

13h - Almoço ao lado do chef
Tilikum Place, com sua imponente fonte com a estátua do homem que dá nome à cidade, o Chefe Sealth, é coisa mais próxima de Seattle de uma praça, e o Tilikum Place Café (407 Cedar Street, 206-282-4830) forneceu o único elemento que faltava – um restaurante informal com classe – quando foi inaugurado há dois anos. Elegância discreta é a palavra de ordem aqui, seja com uma delicada sopa de abóbora com purê de noz de branca e pedaços de torta de maçã (US$ 4), a salada de beterraba com rúcula e queijo azul (US$ 8) ou a torta de cogumelo leve e picante e alho-poró (US$ 10).

16h - Caminhando sobre as águas
Você não precisa sair dos limites da cidade para mergulhar na deslumbrante beleza natural da região. Dirija ou tome um ônibus por 15 minutos do centro da cidade até o estacionamento do Museu de História e da Indústria (2700 24th Avenue East; 206-324-1126; seattlehistory.org) e pegue a Trilha do Arboreto à Beira-Mar. Uma rede de caminhos bem conservados e passeios de tábuas leva você através de matas de salgueiros, amieiros e sabugueiros até ilhas pantanosas repletas de tordos-sargento e carriças, e águas rasas onde remadores de caiaques passam por entre os juncos e pilares de concreto da rodovia acima. Se tiver sol, você vai querer prolongar o passeio com uma caminhada pelo arboreto adjacente, com suas árvores frutíferas floridas.

20h - La dolce vita
Talvez seja a ar italiano elegante ou as pessoas bonitas sob a luz suave das velas, ou talvez seja a comida clássica, suntuosa e criativa – seja qual for o ingrediente secreto, o Barolo Ristorante (1940 Westlake Avenue; 206-770-9000; baroloseattle.com) sempre parece uma festa. As massas deixariam uma mãe romana orgulhosa – nhoque com molho de faisão à casserole (US$ 19), guisado de perna de cordeiro espalhado sobre rigatoni (US$ 18). O carré de cordeiro com cerejas em vinho Amarone (US$ 36) é pecaminosamente rico, e o branzino (perca) tostado (US$ 28) exala a essência do Mediterrâneo. Não saia sem pelo menos uma beliscada no cannoli ou tiramisu (US$ 7).

Meia-noite - O ritmo não pára
No See Sound Lounge (115 Blanchard; 206-374-3733; seesoundlounge.com), os jovens e os não tão jovens deSeattle unem forças para festejar ao som de house music tocada por um elenco rotativo de D.J.s. Há uma pequena pista de dança – mas em compensação há muitas cabines e sofás para descansar. A cena externa pode ser ruidosa nas primeiras horas da madrugada, mas dentro o ritmo e a bebida fluem tranquilamente.

Domingo

10h30 - Branch do lago
O Lago Pontchartrain encontra o Estreito de Puget no Toulouse Petit (601 Queen Anne Avenue North; 206-432-9069; toulousepetit.com), um ponto elegante ao estilo bistrô perto do centro de Seattle, na Baixa Queen Anne. Pegue uma cabine e comece pela cesta de sonhos quentes e crocantes (US$ 7,50 pelos grandes); depois, passe para algo verdadeiramente indulgente, como o confit de bochechas de porco coberto com um par de ovos fritos (US$ 12) ou ovos Benedict com carne de siri e ervas finas (US$ 16). Você pode limpar seu sistema posteriormente com uma rápida caminhada morro acima até o Kerry Park (211 West Highland Drive) para uma magnífica vistade despedida.

O básico

A melhor e mais barata forma de ir do aeroporto ao centro da cidade é o novo trem leve; a passagem custa US$ 2,50 (soundtransit.org).

Os Hyatt at Olive 8 Hyatt at Olive 8 (1635 Eighth Avenue; 206-695-1234; hyatt.com) com dois anos de idade e 346 quartostem sem dúvida o melhor centro de fitnesss e piscina de qualquer hotel no centro. A maioria dos quartos elegantes tem vistas da cidade. Quartos duplos a partir de US$ 179 a US$ 279.

O Pan Pacific Hotel Seattle (2125 Terry Avenue; 206-264-8111; panpacific.com), que abriu em 2006, é um ponto leve e arejado acima da cena em desenvolvimento de South Lake Union, a 15 minutos de caminhada do centro da cidade. Quartos duplos a partir de US$ 200.