Topo

Conheça Valência, famoso berço da paeja na Espanha, em 36 horas

CHARLY WILD

New York Times Syndicate

20/05/2011 16h59

Ao longo da última década, Valência, mais conhecida como o berço da paeja, tem avançando constantemente no radar dos viajantes experientes. Desde 2005, quando foi concluída a obra do complexo futurista de museus de autoria de Santiago Calatrava, a Cidade das Artes e Ciências, e 2007, quando a terceira maior cidade da Espanha foi palco da America’s Cup, os bairros com toques mouros de Valência foram se enchendo de butiques, restaurantes e casas noturnas. No fim do ano passado, a nova linha ferroviária AVE, o serviço de trem de alta velocidadede Espanha, ligou a cidade a Madri, a cerca de 320 quilômetros de distância, tornando ainda mais fácil para os viajantes visitarem esta cidade à beira-mar, que está cozinhando muito mais do que arroz.

 

Sexta-feira

16h - Compras no Carmen
No montanhoso Barrio del Carmen, a parte mais antiga da cidade e seu centro criativo, estudantes barbados e moradores urbanos elegantes percorrem corredores grafitados onde os cafés e galerias vazam para as praças medievais. O amplo Mercado Central (mercadocentralvalencia.es) tornou-se recentemente uma local de festas da alta moda, recebendo eventos da Prada e Aston Martin, entre outros. Butiques elegantes ficam situadas atrás da antiga e gótica bolsa mercantil de seda Lonja de la Seda, do século 15. Duas das melhores, a Bugalú (Calle de la Lonja 6; 34-963-918-449) e Madame Bugalú y Su Caniche Asesino (Danzas 3; 34-963-154-476; madamebugalu.es), oferecem roupas e acessórios de estilistas espanhóis, franceses e suíços, assim como grifes internacionais como Paul Frank.

18h - Valênciano original
Valência é a terra natal da orchata, uma bebida feita a partir do suco de chufas, um tubérculo com leve gosto de nozes, e dizem datar do período islâmico da cidade, dos séculos 8º a 13. Você pode prová-la no Horchatería El Siglo (Plaza de Santa Catalina 11; 34-963-918-466) em Carmen. Case o copo (2,20 euros, ou US$ 2,80, com o euro cotado a US$ 1,27) com um café cortado (1,30 euro) e outro original de Valência: o farton (0,50 euro), um dedo de massa fofa polvilhado de açúcar.

21h - Tapas desconstruídos
A cena de restaurantes antes de segunda categoria de Valênciaestá vendo o surgimento de jovens talentos criativos. O Carosel (Taula de Canvis 6; 34-961-132-873; carosel.blogspot.com-restaurante), um restaurante chique, mas despretensioso, que abriu no Carmen em março, tornou-se um destaque. O chef valenciano Jordi Morera serve deliciosas variações da cozinha tradicional, como o mini ensopado de sépia com alcachofras e amêndoas. O cardápio com preço fixo muda semanalmente e é sempre uma pechincha a 22 euros.

23h - Festejando em Carmen
No Carmen, a ação de fim de noite converge para a Plaza del Tossal. Os moradores locais evitam as vistosas armadilhas para turistas e seguem para o bar com tema de idade da pedra Bar los Picapiedra (Caballeros 25; bar-lospicapiedra.com),onde estudantes, boêmios e tipos diversos consomem grande quantidade de cidra em porrones de vidro, que se parecem vagamente como regadores (7 euros), e ouvem rock alternativo espanhol.

  • Stefano Buonamici/The New York Times

    Em 2005 foi concluída a obra do complexo futurista de museus de autoria de Santiago Calatrava, a Cidade das Artes e Ciências, em Valência

 

Sábado

10h - Cidade do futuro
Em meados do ano passado, Valência adotou a Valenbisi (valenbisi.es; 10 euros por semana), um sistema público de aluguel de bicicletas. Pegue uma bicicleta perto das Torres de Serranos, um dos portões da cidade, e pedale sob uma série de pontes no Jardín del Turia, repleto de palmeiras, até a Cidade das Artes e Ciências (Avenida Autopista del Saler; 34-902-100-031; cac.es). As fachadas curvas e ondulantes dos edifícios lembram de tudo, desde o esqueleto de uma baleia até a metade superior de um olho gigante, completado por seu reflexo em um espelho d’água. Mais ao sul, no complexo marinho L’Oceanogràfico, você pode percorrer túneis subterrâneos enquanto tubarões nadam acima. A entrada custa 24,50 euros; um passe de três dias para toda a Cidade das Artes e Ciências custa 32,40 euros.

12h - Um centro alternativo
Construído em grande parte nos anos 20, o bairro de Rusaffa se tornou um centro para a comunidade de imigrantes muçulmanos da cidade na segunda metade do século 20. Essa influência ainda predomina, com mercados e cafés do Oriente Médio e Leste Asiático pontilhando as ruas. Mas assim como o Carmen tornou-se cada vez mais turístico, Rusaffa também se tornou um centro alternativo para artistas e estudantes. Uma combinação de livraria, bar, espaço de performance, editora e galeria, a Slaughterhouse Books (Denia 22; 34-963-287-755; slaughterhouse.es) fica em um antigo matadouro e ainda possui os ganchos de carne para provar. A Gnomo (Denia 12; 34-963-737-267; elblogdegnomo.blogspot.com), uma butique de design, oferece coisas como abajures de teto feitos de garrafas pet recicladas e azeiteiros e vinagreiros em forma de béqueres.

14h - Tapas, estilo família
O Maipi (Maestro José Serrano 1; 34-963-735-709), um pequeno restaurante de tapas em Rusaffa, fica cheio no início da tarde de homens de negócios que passam suas siestas trocando farpas no bar e provando pratos como alcachofra fresca e morcilla (um chouriço) envoltos em uma massa fina, ou o bacalhau grelhado com limão e azeite de oliva, tendo como cenário de fundo uma decoração kitsch interiorana e parafernália de futebol. O almoço para dois custa cerca de 40 euros.

17h - Ruínas sob o vidro
Um dos melhores locais para explorar a história do Valência é o museu L’Almoina (Plaza de Décimo Junio Bruto; 34-962-084-173; valencia.es/almoina), que abriu há três anos no Carmen no local onde Valência foi fundada pelos romanos em 138 a.C. Os visitantes caminham sobre pisos de vidro, olhando para baixo para um deslumbrante conjunto de ruínas escavadas na área. A exposição inclui banhos romanos, túmulos de visigodos e uma ala medieval moura para as vítimas da peste. Grátis nos fins de semana e 2 euros durante a semana.

21h - Pratos mouros
O passado islâmico da cidade é o foco do Balansiya (Paseo de las Facultades 3; 34-963-890-824; balansiya.com), um restaurante fora do caminho batido que recria com autenticidade a experiência culinária árabe medieval de Valência. A decoração árabe-andaluzé requintadae os cardápios de jantar a preço fixo incluem tabule, tajine e cuscuz, além de especialidades mouras menos conhecidas como assaffa (uma massa andaluz com frango, canela e nozes), waraka inab (folhas de uva recheadas com cereal em um vinagrete de amêndoa e hortelã) e xarab andalusi (uma bebida feita de frutas, flores, condimentos e ervas). O jantar custa entre 20 e 30 euros.

24h - Festa sob o museu
A vida nos clubes não começa antes da 1 hora da madrugada, então vá ao Café Negrito (Plaza Negrito 1; 34-963-91-4233) para uns drinques depois do jantar. Mais tarde, testemunhe a decadência valenciana de fim de noite no MYA (Avenida del Saler 5, Cidade das Artes e Ciências; 34-963-319-745; umbracleterraza.com), um clube com domo embaixo da passarela que conduz ao Museu da Ciência Principe Filipe. É uma mistura de Studio 54 com Espanha imperial e Jersey Shore. Entrada e seu primeiro coquetel, 15 euros.

  • Stefano Buonamici/The New York Times

    Ao longo da última década, Valencia, mais conhecida como o berço da paeja, tem avançando constantemente no radar dos viajantes experientes

 

Domingo

11h - Feira de antiguidades
Todos os domingos, os donos de lojas de antiguidades e usados de Valência se reúnem na Plaza de Luis Casanova, um espaço gigante escondido atrás do Camp de Mestalla, o estádio para 55 mil pessoas que é a casa do Valência Club de Fútbol, para vender seus produtos com descontos enormes para uma variedade eclética de moradores locais.

13h - Paella em la playa
A orla marítima é repleta de grandes restaurantes que fizeram da paeja a sua especialidade. La Pepica (Paseo de Neptuno 6; 34-963-710-366; lapepica.com)é o mais conhecido (por uma boa razão), mas algumas portas para baixo há uma opção ainda melhor, L’Estimat (Paseo de Neptuno 16; 34-963-711-018; restaurantelestimat.com). Nas tardes de domingo, o local fica cheio das pessoas que acabaram de sair da igreja desfrutando da paeja Valênciana (feita com frango e coelho). O almoço para dois sai por cerca de 70 euros.

14h - Caminhada por Cabanyal
Há uma iniciativa polêmica para demolição de muitos dos edifícios lindos, mas decrépitos, da virada do século no bairro à beira-mar de Cabanyal, o antigo bairro dos pescadores, para ligar a cidade à orla marítima e “regenerar” um bairro conhecido pela criminalidade, vadiagem e prostituição. Antes que seja tarde demais, passeie ao lado dos murais de azulejos coloridos de temas marítimos e das casas em estilo art nouveau castigadas, mas elegantes. Não dá para deixar de torcer por voltar algum dia e encontrar o bairro em grande parte inalterado.

 

O básico

A nova linha de trens AVE de alta velocidade viaja entre Madri e Valência em aproximadamente 90 minutos, uma melhoria significativa do tempo de viagem anterior de pouco menos de quatro horas. As passagens de ida e volta custam a partir de 96 euros, aproximadamente US$ 125 (renfe.com).

O Hospes Palau de la Mar (Navarro Reverter 14; 34-963-162-884; hospes.es), um design hotel construído em mansões vizinhas do século 19, mescla grandes arcos, marcenaria detalhada e escadarias de mármore com 66 quartos em estilo minimalista-chique, em tons de branco e castanho, repletos de lençóis de algodão egípcio e televisores de plasma. Quartos duplos a partir de 115 euros quando a reserva é feita com 15 dias de antecedência.

O Petit Palace Germanias (Sueca 14; 34-963-513-638; petitpalacehotelgermanias.com), também em uma residência do século 19, é um hotel-butique confortável com 41 quartos no bairro emergente de Russafa; quartos a partir de 65 euros.