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Passeios de bicicleta, shows undreground e boemia em 36 horas em Montréal

DENNNY LEE

New York Times Syndicate

14/01/2011 08h10

Francês ou inglês? Uma das coisas mais belas de Montreal é que você nunca sabe em que língua será recebido. O que leva à segunda coisa: talvez seja a boa comida, os céus abertos ou os estudantes com espírito livre que consideram esta cidade o seu campus, mas as pessoas em Montreal são amistosas. Peça informações sobre direções no metrô, parte da vasta Cidade Subterrânea que permanece agradavelmente quente no inverno, e você pode acabar fazendo planos para tomar uns drinques mais tarde. Isso não é ruim, bien sûr. Com a vida noturna cheia de música da cidade, restaurantes simples e chiques e o revival pós-industrial, ajuda ter um guia.

Sexta-feira

16h30 - Sobre rodas
As bicicletas públicas estão tomando conta da Europa, então cabe a Montreal, “a outra Paris”, popularizar o conceito na América do Norte. Cerca de 5 mil bicicletas Bixi cinzas e vermelhas foram disponibilizadas no segundo trimestre, transformando-se em um sucesso instantâneo. Familiarize-se com o sistema: é fácil, basta passar o cartão de crédito em uma das 400 estações de Bixi e sair pedalando. (Visite bixi.com para detalhes.) É uma das formas mais rápidas de circular e, por 5 dólares canadenses (aproximadamente o mesmo em dólares americanos) por 24 horas, uma das mais baratas. Para encontrar a estação Bixi mais próxima, incluindo uma grande na Rue McGill com 20 bicicletas, baixe um dos muitos aplicativos para iPhone que oferecem atualizações em tempo real sobre as bicicletas disponíveis, incluindo o Bixou Lite (gratuito).

17h - Passeio pelo centro
Uma bicicleta só é boa dependendo da rede de ciclovias existente. Mas Montreal proporciona cerca de 500 quilômetros de ciclovias que cruzam a cidade, com quase metade delas separada fisicamente dos carros. Para ver por que Montreal foi declarada como Cidade do Design pela Unesco em 2006, aponte seu guidão para o Canal de Lachine, uma ex-área industrial à beira do rio que foi transformada em um cinturão verde exuberante. O caminho é pontilhado por gemas arquitetônicas como o Habitat 67 (2600, avenue Pierre-Dupuy; habitat67.com), o experimento de moradias modulares em estilo brutalista projetado por Moshe Safdie. Ou pedale ao longo do Boulevard de Maisonneuve, que corta o centro de Montreal, onde uma trilha de 3,4 quilômetros foi batizada recentemente em homenagem à falecida Claire Morissette, uma ativista dos direitos dos ciclistas.

20h - Pratos de Québec
Talvez seja a badalação, mas o Toqué!, antes elogiado pelos críticos como o melhor restaurante da cidade, parece ter caído. O que foi mais memorável em um recente jantar foi o preço elevado: 200 dólares canadenses para dois, sem incluir vinho. Felizmente, Normand Laprise, que foi pioneiro no uso de ingredientes frescos de Québec no Toqué!, abriu um restaurante irmão de preço médio neste ano, o Brasserie t! (1425, rue Jeanne Mance; 514-282-0808; brasserie-t.com). Situado aos pés do Museu de Arte Contemporânea, a brasserie parece um elegante contêiner de carga. Dentro, um cardápio francês contemporâneo destaca pratos descomplicados como fraldinha grelhada e brandade de bacalhau; as primeiras críticas foram favoráveis. Jantar para dois: 60 dólares, sem vinho.

22h - Distrito musical
Os esnobes de música podem ter ido embora, mas ainda é impossível falar do distrito de Mile End sem citar bandas como Arcade Fire e os palcos onde começaram. O amado Green Room fechou recentemente por causa de um incêndio, mas bandas novas ainda tocam no Divan Orange (4234, boulevard St.-Laurent; 514-840-9090; divanorange.org). Mais ao leste, com som e palco maiores, fica o Il Motore (179, rue Jean-Talon Ouest; ilmotore.ca). Para saber quem vai tocar, pegue um dos dois semanários de arte gratuitos, o “Hour” ou “Mirror”.

  • Yannick Grandmont/The New York Times

    A Biosfera de Montreal, uma ruína arquitetônica da Feira Mundial de 1967, é o domo geodésico icônico que ainda evoca uma visão utópica de tecnologia

Sábado

10h - Como o Marais
Apesar de Mile End ainda ser o local para ouvir bandas, seu varejo murchou. A ação se deslocou para a Velha Montreal, onde prédios de pedra históricos e o intenso trânsito de pedestres asseguram a sobrevivência das butiques independentes. Para estilistas locais como Denis Gagnon e Arielle de Pinto, entre na Reborn (231, rue St.-Paul Ouest; 514-499-8549; reborn.ws), uma pequena loja com bom olho para moda. Descendo a quadra fica À Table Tout Le Monde (361, rue St.-Paul Ouest; 514-750-0311; atabletoutlemonde.com), uma loja elegante que vende cerâmica e utensílios domésticos de altíssima qualidade. E enquanto estiver explorando o distrito histórico, passe na DHC Art (451, rue St.-Jean; 514-849-3742; dhc-art.org), uma das mais importantes galerias de arte contemporânea da cidade.

13h - Três porquinhos
Culpe o poutine e o foie gras, mas Montreal foi a primeira a adotar o consumo total, do focinho ao rabo, com inúmeros restaurantes centrados em carne por toda a cidade. Mas quantos também têm sua própria horta orgânica nos fundos? Essa é uma das surpresas do McKiernan (2485, rue Notre-Dame Ouest; 514-759-6677; mckiernanbaravin.com), o mais recente no mini-império de restaurantes do mesmo trio responsável pelos badalados Joe Beef e Liverpool House, que são vizinhos. Outra surpresa? O McKiernan pode parecer uma lanchonete rural, com toalhas de papel xadrez e cestas de lata, mas a comida é de primeira. Experimente os tacos de porchetta, feitos com tortillas frescas (11 dólares).

16h - Cidade do Design
Pelo terceiro verão consecutivo, a apropriadamente batizada Gay Village foi fechada para o trânsito, criando um calçadão de pedestres ao longo da Rue Ste.-Catherine. Mas a menos que você queira começar a beber a esta hora, não há muito que fazer. Um trecho mais convidativo fica virando a esquina, ao longo da Rue Amherst, onde surgiu uma série de lojas de design, algumas de propriedade de gays. Comece pela Headquarters Galerie + Boutique (No. 1649; 514-678-2923; hqgalerieboutique.com) para novidades e coisas afins, depois entre na Antiquités Curiosités (No. 1769; 514-525-8772), lotada de pequenos tesouros. Uma das menores também é a mais bacana, a Montreal Modern (No. 1851; 514-293-7903; mtlmodern.com), que parece um porta-joias moderno da metade do século.

20h - Sabores franceses
Um bar de vinho de bairro que por acaso serve comida excelente é um daqueles prazeres que tornam Paris, bem... Paris. Esse é o clima no Buvette Chez Simone (4869, avenue du Parc; 514-750-6577; buvettechezsimone.com), um bar de carvalho em Mile End com toques de design astutos e um cardápio de brasserie reconfortante. Um frango assado, servido em uma tábua de corte com batatas assadas, mais salada de folhas, custa cerca de 50 dólares para dois. Mas se você quiser pratos mais inventivos, pedale até o Pullman (3424, avenue du Parc; 514-288-7779; pullman-mtl.com), um bar de tapas de luxo que serve pratos mais criativos como tartare de carne de cervo, cookies de foie gras e azeitonas com limão cristalizado (2 a 18 dólares cada). A clientela de ambos os restaurantes tende a jovem, elegante e conversadora.

22h - Artistas eletrônicos
Em outro sinal do toque euro, música techno bomba em Montreal. E uma das festas mais bacanas acontece no Neon (iloveneon.ca), uma coletividade de música digital que conta com um quem é quem dos artistas eletrônicos, como Glass Candy e Hudson Mohawke. Muitos eventos ocorrem no Le Belmont Sur Le Boulevard (4483, boulevard St.-Laurent; 514-845-8443; lebelmont.com), um clube intimista que tem mesa de bilhar na frente e um sistema de som pulsante nos fundos. Para algo mais analógico, siga para o Velvet Speakeasy (420, rue St.-Gabriel; velvetspeakeasy.ca), um clube mais opulento que abriu em outubro passado no distrito Old Port.

  • Yannick Grandmont/The New York Times

    Montreal é uma cidade que vive de música. Quando há sol, junte-se ao público descalço e com piercing de Montreal no Piknic Électronik, uma rave ao ar livre realizada na Île Ste.-Hélène durante o verão

Domingo

11h - Ovos para viagem
Para um brunch prazeroso servido em uma casa velha com mesas comunais, vá ao Le Cartet (106, rue McGill; 514-871-8887). Parte café, parte mercearia, o Le Cartet atrai famílias jovens e profissionais com pratos fartos de ovos, acompanhados de figos, queijo e saladas de folhas (aproximadamente 16 dólares). Na saída, fique à vontade para estocar as baguetes frescas crocantes, mostardas francesas e queijos para piquenique.

14h - O homem dançante
Quando há sol, junte-se ao público descalço e com piercing de Montreal no Piknic Électronik (piknicelectronik.com), uma rave ao ar livre realizada na Île Ste.-Hélène durante o verão. Vá de bicicleta ou de metrô até o Jean-Drapeau Park, e siga a batida até o Homem, uma escultura gigante criada por Alexander Calder para a Feira Mundial de 1967. Ela paira sobre a pista de dança, como uma catedral da era espacial. A ilha arborizada tem outras ruínas da Feira Mundial. Entre as batidas, caminhe pela Biosfera de Montreal (biosphere.ec.gc.ca), o domo geodésico icônico que ainda evoca uma visão utópica de tecnologia. Também é bom lugar para encontrar amigos.

O básico

A mais nova propriedade de luxo de Montreal, o Le St.-Martin Hôtel Particulier (980, boulevard de Maisonneuve Ouest; 514-843-3000; lestmartinmontreal.com) com 123 quartos, abriu em junho em um prédio de 17 andares no centro, com uma piscina ao ar livre e um centro de fitness. Quartos a partir de 225 dólares canadenses.

Le Petit Hôtel (168, rue St.-Paul Ouest; 514-940-0360; petithotelmontreal.com) abriu em 2009 em um prédio do século 19 na Velha Montreal, com 24 quartos aconchegantes e modernos. Quartos a partir de 148 a 188 dólares, dependendo da estação.