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Peças caem da Fontana di Trevi e manutenção do monumento preocupa

Philip Pullella

De Roma

11/06/2012 09h15

Várias peças decorativas da famosa Fontana di Trevi, em Roma, caíram durante o fim de semana, gerando preocupações sobre a manutenção de um dos monumentos históricos mais famosos da cidade, que não passa por uma grande restauração há 20 anos.

  • Ettore Ferrari/EFE

    Trabalhadores inspecionam a Fontana di Trevi, em Roma

Algumas folhas de louro esculpidas em pedra despencaram da frisa superior da fonte, que marca o final de uma rede de aquedutos que trazia água potável a Roma na antiguidade.

Umberto Broccoli, superintendente cultural da capital, disse que o dano "não é preocupante", e provavelmente a queda foi causada por infiltração de água decorrente das nevascas ocorridas em fevereiro em Roma.

A polícia isolou a fonte, e restauradores examinaram os danos, recolhendo cerca de cinco outras peças que pareciam ameaçadas de cair.

A base da fonte, que aparece com destaque em filmes como "La Dolce Vita", "A Princesa e o Plebeu" e "A Fonte dos Desejos", seria esvaziada e limpa na segunda-feira, como ocorre semanalmente.

Dino Gasperini, conselheiro municipal de Cultura, pediu verbas para a proteção da fonte, construída em 1762, e disse que seria necessária uma nova restauração completa -- a última ocorreu há 20 anos.

O Partido Verde disse que os monumentos romanos estão em situação crítica, e criou uma campanha para que moradores da cidade enviem por email denúncias sobre bens culturais ameaçados.

"Achamos que o que está acontecendo na Fontana di Trevi, um dos mais reconhecidos monumentos do mundo, é gravíssimo", disse o dirigente partidário Angelo Bonelli.

Turistas que visitavam o local na segunda-feira se mostraram preocupados.

"O patrimônio não deveria ser só um custo, deveria ser também um recurso. Por exemplo, aquele bar deveria pagar algo a mais, já que tem o privilégio de ficar localizado em frente à Fontana di Trevi, que é uma das maiores maravilhas do mundo", disse Daniele Masta.

A fonte fica na confluência de três antigas estradas ("tre vie"), aonde a água chegava após percorrer um aqueduto com cerca de 13 quilômetros. Esse aqueduto abasteceu Roma durante mais de quatro séculos, até ser destruído por invasores visigodos.

A tradição de construir fontes monumentais nas extremidades dos aquedutos foi retomada depois do Renascimento. A atual fonte foi encomendada em 1730 pelo papa Clemente 12, para substituir uma estrutura mais simples. As alegorias mostram Tritões guiando Oceanus, deus de todas as águas, na sua concha-charrete.

Diz a tradição que turistas que atiram uma moeda à fonte têm garantia de voltar a Roma um dia.

(Reportagem adicional de Antonio Denti)