UOL Viagem

22/06/2009 - 15h10

Luso vive "noite de terror" ao hospedar-se via couchsurfing

Lisboa, 22 jun (Lusa) - Pedir estadia num sofá emprestado a um estrangeiro num país estranho tornou-se um fenômeno em todo o mundo, mas para um jovem português que esteve em Nova York foi a experiência "mais temerosa" que já viveu.
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    A comunidade virtual põe em contato viajantes que só pedem um sofá para economizar na viagem



Miguel (nome fictício) tem 24 anos, é de Lisboa e arrepende-se até hoje de ter recorrido à comunidade couchsurfing para passar duas noites num sofá emprestado em Nova York, em dezembro de 2008.

Funcionando na internet, a comunidade virtual põe em contato viajantes que só pedem um sofá para poupar dinheiro nas dormidas, e anfitriões dispostos a abrir as portas das suas casas a custo zero para conhecer novas pessoas.

O jovem aventureiro contou à Agência Lusa a experiência "mais aterradora e desesperadora" que viveu nos Estados Unidos na casa de uma mulher, de 32 anos, que o acolheu como se fossem familiares no dia em que chegou a Queens, Nova York.

"Inicialmente foi muito acolhedora e prestativa, até demais", disse o animador turístico, que encontrou a sua anfitriã no site couchsurfing.org, onde já se inscreveram mais de um milhão de pessoas de centenas de países.

Ao contrário da primeira, a segunda noite não correu muito bem, porque, segundo contou Miguel, depois de um jantar organizado pela dona da casa, onde estiveram presentes alguns amigos dela, começou a sentir-se "estranho".

Uma conversa entre os presentes e a sorte de ser português e, por isso, perceber espanhol, permitiu compreender o "destino" que lhe estava traçado.

"A dona da casa começou a falar em espanhol com o amigo, pensando que eu não iria perceber, mas felizmente percebi o essencial. Senti-me estranho depois do jantar porque fui drogado pela bebida e pelo prato de massa", contou.

A questão "quantas gramas de cocaína utilizaste?" aterrorizou o jovem, que se dirigiu imediatamente ao banheiro, sem saber bem como sair dali. O verdadeiro objetivo seria drogá-lo e violá-lo, segundo compreendeu com a continuação da conversa.

No fim da noite, Miguel conseguiu sair de casa sem que os presentes percebessem e só voltou para recuperar a sua bagagem quando se certificou que a sua anfitriã estava sozinha.

No site da comunidade couchsurfing estão perfis publicados, comentários sobre as estadias e há pessoas com permissão para eliminar usuários, com base em referências negativas.

Miguel entrou nesta comunidade por influência do amigo André Maduro, 24 anos, que já dormiu em sofás emprestados por espanhóis, em Salamanca e Ibiza, e por italianos, em Florença e Padua, onde diz ter vivido "ótimas" experiências.

Apesar de reconhecer o "azar" do seu amigo, André afirmou à Lusa continuar "confiante" mas agora "apreensivo" em relação ao couchsurfing. "O risco existe sempre, mas ainda acredito que existem boas pessoas neste mundo", disse André Maduro.

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