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20/10/2009 - 06h26

Exposição no Palácio de Versalhes homenageia Luis 14

Paris, 20 out - Os gostos pessoais do rei francês Luis 14 retornam a partir de hoje ao Palácio de Versalhes, na primeira exposição dedicada à intensa paixão do monarca absolutista por artes, ciências e letras.

A exposição "Luis 14: O Homem e o Rei", que abre suas porta ao público nesta terça-feira, reúne até o dia 7 de fevereiro mais de 300 excepcionais obras procedentes de coleções do todo o mundo, como pinturas, objetos de arte ou mobília, alguns deles nunca expostos ao público.

Este retrato cultural que o palácio dedica a seu criador, que reinou a França durante 72 anos (de 1643 a 1715), responde à inquietação do presidente da instituição, Jean-Jacques Aillagon, de apresentar a personalidade de Luis 14 de uma maneira original e inédita.

"Era uma anomalia e um paradoxo que o Palácio de Versalhes nunca tivesse dedicado uma exposição a Luis 14, que originou sua criação", disse hoje à Agência Efe Aillagon, antes de acrescentar que não buscava "uma exposição sobre os aspectos militares e sociais, mas sobre a personalidade e a figura do monarca".

Além de sua imagem pública, a mostra examina o homem que existiu por trás do soberano, um rei colecionador de obras de artes, que podia competir com outros monarcas europeus também grandes conhecedores de arte como Felipe IV de Espanha (1605-1665) ou Charles I da Inglaterra (1600-1649).

"O contato direto com os artistas deu a ele um excelente gosto pelas artes", afirmou o curador da exposição Alexandre Maral, "e com muitos deles estabeleceu vínculos de amizade e mecenato", acrescentou.

Estreitas relações com Molière no teatro, Le Brun e Mignard na pintura, Le Vau e Hardouin-Mansart na arquitetura, Le Nôtre na arte dos jardins e Lully na música demonstram a sensibilidade do rei mais representativo da monarquia absoluta, que se estendeu por toda a Europa.

"Nas últimas duas décadas, o gosto de Luis 14 foi objeto de profundos e exaustivos estudos", cuja primeira síntese serviu de base científica para a mostra, revelou Maral, que acrescentou que a ambição da organização foi "reconstruir o retrato mais completo de um verdadeiro amante da arte".

Dividida em oito seções, a exibição repassa diferentes aspectos do reinado de Luis 14, como a glória, a paz, o cristianismo, a música, a dança, os espetáculos, a arte dos jardins e o mito.

Interessado, sobretudo, pela arquitetura e pela música, Luis 14 demonstrou "um gosto muito pessoal", que evoluiu do barroco da primeira parte de seu reinado ao classicismo dos últimos anos, explicou Aillagon.

"Os móveis da época de Luis 14 que estão em Versalhes podem ser contados com os dedos das mãos, já que são apenas cinco, pois os moradores seguintes do palácio não gostavam deles e os venderam", disse.

A Biblioteca Nacional da França e o Museu do Louvre colaboraram na organização da mostra, assim como colecionadores europeus privados e públicos, como o Museu do Prado de Madrid e o Museu Victoria & Albert de Londres.

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