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Descubra golfinhos selvagens e vinhos centenários na península de Setúbal

Eduardo Vessoni

Do UOL, em Lisboa*

10/07/2013 08h00

Saem os bondes elétricos e entram as embarcações que singram águas calmas em busca de golfinhos selvagens. No lugar das (nostálgicas) ruas estreitas do centro histórico, largas avenidas beiram colinas que se debruçam sobre o mar.

A apenas 40 km ao sul de Lisboa, o cenário cosmopolita dá lugar a um roteiro natural e gastronômico pela Península de Setúbal, onde passeios pelo rio Sado, produção de queijos artesanais e visitas a vinícolas centenárias dão novos tons à viagem de quem visita a capital portuguesa.

Setúbal, balneário conhecido pela pesca, é a principal porta de entrada da região e tem no rio Sado uma de suas principais atrações. É dali que saem os barcos em direção à Reserva Natural do Estuário do Sado, uma área de quase 25 mil hectares que abriga golfinhos roazes-corvineiros, espécie rara em toda a Europa encontrada apenas na Escócia e na Irlanda.

Com saídas diárias durante todo o ano, os passeios náuticos de três horas de duração cruzam 16 km em busca de alguns dos 27 golfinhos que habitam esta região entre o Sado e o Atlântico.

Antiga moradia de fenícios e romanos, a histórica Setúbal é uma importante região portuária desde o século 14 e abriga outras atrações naturais de peso nacional como o único acesso a Troia, balneário famoso por abrigar uma praia com 60 km de extensão, e a Serra da Arrábida.

Situado entre Setúbal e Sesimbra, este parque natural de quase onze mil hectares é formado por serras de vegetação mediterrânea e falésias que se debruçam sobre o mar de tons azulados recortados por impressionantes faixas de areia fina que dão lugar a praias de visual paralisante, como a Figueirinha, com mar calmo ideal para crianças e um banco de areia que surge na maré baixa, e o Portinho de Arrábida, aldeia que abriga uma das praias consideradas 'maravilha natural' de Portugal.

A leste de Setúbal, a vila de Sesimbra completa o roteiro litorâneo por estão região conhecida como Costa Azul. Localizada no alto de uma colina, onde estradas estreitas e sinuosas levam o viajante até o nível do mar, essa vila abriga um dos cartões postais da região: o Castelo de Sesimbra, fortificação de estilo românico erguido no século 12.

Mas é o mar, que por séculos fez com que a população descesse do alto para se dedicar à pesca, que continua sendo o motivo principal de uma visita. É em Sesimbra que se localiza a Praia do Ouro.

Mais do que uma bela faixa de areia de 1,5 km com águas frias e calmas, o local se orgulha de manter desde os anos 90 o título 'Bandeira Azul', designação mundial concedida a praias que cumprem requisitos ambientais como qualidade da água e conservação do meio ambiente.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Vista do interior da vinícola José Maria da Fonseca

Curiosamente, em Sesimbra ocorre aquele que é considerado o 'Carnaval português mais brasileiro de Portugal', quando se apresentam escolas de samba em caráter não competitivo, a versão local do Olodum administrada por portugueses que moraram no Brasil e um desfile de palhaços considerado pelo Guinness como a maior concentração desses personagens.

Localizado entre a colina e o setor baixo da vila, onde a avenida marginal dá acesso às praias, o Hotel do Mar organiza jantares temáticos durante as festas de Carnaval e se destaca pela cozinha tradicional portuguesa servida no restaurante e pelos quartos, todos voltados para o mar.

Mas para aquela gente do mar, não só com serras e praias de tons azulados se faz turismo na região. A Rota de Vinhos da Península de Setúbal integra quinze produtores locais que abrem suas portas para inspiradoras (e etílicas) visitas às suas dependências.

No roteiro estão clássicos como as vinícolas Bacalhôa, em funcionamento há 90 anos; e a José Maria da Fonseca, empresa de 1834 sob os cuidados da sexta geração da família e responsável pela produção do Periquita desde 1850, um dos vinhos portugueses mais populares no Brasil. É dos imensos barris de carvalho que sai o clássico vinho moscatel de Setúbal.

O vinho local é visto de forma tão sagrada que a empresa José Maria da Fonseca abriga um cenográfico espaço conhecido como 'Adega dos Teares Velhos', onde repousam vinhos de 1880 ao som de canto gregoriano, como na época em que havia um mosteiro ao lado da construção.

A Região de Azeitão, onde estão as vinícolas, é conhecida também pela produção dos queijos de ovelha, o tradicional Queijo de Azeitão. Este produto artesanal de forma arredondada e embrulhado em papel vegetal possui forma pastosa e é produzido na região desde 1830.

Na Quinta Velha Queijeira é possível visitar também um pequeno museu dedicado a este queijo, onde o visitante acompanha o processo de fabricação e faz degustação do produto acompanhado, claro, de uma taça de moscatel.

 

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Interior da vinícola José Maria da Fonseca, parte da Rota de Vinhos da Península de Setúbal

Ao final do roteiro pela Península de Setúbal o viajante volta para casa com a experiência de ter (re)descoberto uma Lisboa que vai muito além das construções históricas e dos passeios em bondinhos ladeiras abaixo.
 

SERVIÇO

Rota de Vinhos da Península de Setúbal
www.rotavinhospsetubal.com

Passeios para observação de golfinhos
www.vertigemazul.com

Adega Bacalhôa
www.bacalhoa.com

Adega José Maria da Fonseca
www.jmf.pt

Quinta Velha Queijeira
www.quintavelhaonline.com

Hotel do Mar (Sesimbra)
www.hoteldomar.pt


* O jornalista Eduardo Vessoni viajou a Lisboa com o apoio do Turismo de Portugal (www.visitportugal.com) e do Turismo de Lisboa Visitors & Convention Bureau (www.visitlisboa.com)