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Hospedarias tradicionais, ryokans são opções para conhecer de perto a cultura japonesa

Jardim do ryokan Charoku, hospedaria tradicional do Japão - Reprodução
Jardim do ryokan Charoku, hospedaria tradicional do Japão Imagem: Reprodução

Akira Suzuki

Do UOL, em Tóquio

11/09/2012 08h04

Você planejou a viagem para o Japão cuidadosamente: escolheu a cidade, os pontos turísticos e um lugar para ficar. As opções comuns são os hotéis, mas se o destino é a Terra do Sol Nascente, por que não mergulhar em sua cultura a começar pela hospedagem? Isso é possível nos ryokans, nome dado às hospedarias típicas do país e que carregam grande tradição.

A principal característica desses estabelecimentos é possuir quartos tipicamente japoneses. Isso quer dizer que, normalmente, o chão é forrado com tatame, piso feito com palha de arroz prensado, e se dorme em futons, conjunto composto por um colchão fino e edredon.

Os ryokans estão em declínio nas grandes e modernas cidades, como Tóquio, mas ainda são numerosos em províncias mais tradicionais, como Kyoto e Nara. Como os hotéis, existem várias categorias: dos mais simples até os mais luxuosos - e o luxo aqui entendido como, além de quartos espaçosos, estabelecimento com centenas de anos de história. Aliás, essas hospedarias são alguns dos estabelecimentos com maior tempo de atividade, algumas com mais de 1.300 anos. O Keiunkan, que fica perto do monte Fuji e data do ano 705, está no Livro Guinness como o hotel mais antigo do mundo.

Os ryokans mais antigos e mantêm sua construção de madeira, mas os mais modernos podem ter estrutura de um prédio comum - o interior, no entanto, permanece com decorações orientais.

Tradição e harmonia

Alguns ryokans oferecem tantas atrações que até podem ser objetivo principal da viagem se o intuito for um mergulho profundo na cultura japonesa. Esses são estabelecimentos que, mesmo tendo uma grande estrutura (embora não comparáveis com hotéis), o atendimento é feito pela proprietária ou mulher do dono. Essa pessoa, chamada de okami, cuida pessoalmente da hospitalidade, sempre atenta aos mínimos detalhes.

O que verificar para evitar surpresas

Os horários de check-in costumam ser mais tarde do que os hotéis do tipo ocidental
Ryokans não costumam ter tantos quartos quanto hotéis e, por isso, pode ser mais difícil conseguir vagas em períodos concorridos
Em geral, os japoneses não falam e compreendem muito mal o inglês. Somente alguns estabelecimentos contam com funcionários fluentes. Kyoto é uma das cidades que tem mais ryokans acessíveis para turistas ocidentais
As refeições naturalmente são da culinária local, mas se não é do seu gosto verifique a opção de refeições ao estilo ocidental. Ou simplesmente opte por não comer no estabelecimento, se existir essa alternativa
É do tipo que não consegue se desconectar? Má notícia: os ryokans, principalmente os mais tradicionais, não parecem ter interesse em oferecer conexão à internet
Não é permitido usar trajes de banho como calções ou biquínis nos banhos

Depois de conhecer a cordialidade oriental, o visitante ainda pode conhecer obras de arte, jardins japoneses, fazer parte da cerimônia do chá e ter um jantar "full course" - um festival de cores e sabores, com louças que mais parecem obras de arte -, servido no quarto ou em salões. O sashimi até aparece no cardápio, mas está longe de ser o prato principal: esse papel é ocupado pela especialidade da casa. Além disso, também é possível participar de uma cerimônia do chá.

Por estar localizado sobre um acidente geográfico, o Japão possui mais de quatro mil balneários, que são aproveitados por muitos ryokans. Os destaques das termas são os chamados rotenburo, ou seja, um ofurô ao ar livre. Há estabelecimentos que oferecem esses banhos de imersão ao ar livre no próprio quarto. Só tome cuidado: a água costuma ser bem quente.

Naturalmente, tudo isso tem um preço: nos ryokan mais tradicionais, uma diária pode passar de R$ 1,5 mil. Os lugares mais modestos, que, obviamente, não contam com todos esses atrativos, têm preços a partir de R$ 140.

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    Ryokans centenários mantém a arquitetura típica do Japão. Na foto, o ryokan Nishimuraya

Choque cultural

Quem se hospeda em ryokans precisa observar certas particularidades desses estabelecimentos. Por exemplo, há lugares que não possuem chuveiro privativo e o banho precisa ser feito em ofurôs coletivos - geralmente separados entre homens e mulheres. E embora os sanitários sejam normalmente do tipo ocidental, em alguns estabelecimentos ainda sobrevive à porcelana típica, em que se fazem as necessidades agachado. E se você só consegue dormir em camas, saiba que as opções são muito limitadas.

Em geral, os quartos podem ser ocupados de duas a cinco pessoas. As mesas são baixinhas e as cadeiras sem pernas. As acomodações geralmente são equipadas com TV e podem também ter frigobar e cofre, geralmente em locais discretos.

A etiqueta é outro ponto a ser observado. Em geral, deve-se tirar os sapatos na entrada da hospedaria e, nos lugares onde há tatames, até mesmo o calçado servido (um par de chinelos) deve ser retirado, pois deve-se andar descalço ou de meia. Para passear nos jardins, usa-se um tamanco de madeira.

Não é necessário pagar gorjetas, pois a taxa de serviço geralmente já está inclusa nas diárias. Se não, há uma cobrança oficial pelo serviço. Há também um acréscimo de 5% referente ao imposto sobre consumo, mas esse valor também pode estar incluso no valor, dependendo de cada estabelecimento.

Serviço

Os sites www.ebooking.com e www.brazilian.hostelworld.com trabalham com diversos ryokans no Japão.