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Aventure-se por patrimônios da Unesco em Katmandu, no Nepal, aos pés do Himalaia

Fernando Moura

Do UOL, em Katmandu

09/08/2012 08h04

Katmandu, a capital do Nepal, brilha num dos mais formosos vales do Himalaia. Disputada por mais de mil anos entre budistas e hinduístas, a cidade parece assumir-se como uma inacabada criação artística.

O centro local parece ter passado incólume ao passar do tempo. As feiras proliferam nas suas pequenas artérias. Os riquixás disputam espaço com os táxis, bicicletas e transeuntes. Tudo se mexe muito depressa, ou muito lentamente, segundo o fluxo.


Nas ruas, a mistura é exótica, e poeira, gasolina e lixo, se unem a aromas das especiarias das lojas, e de frutas e verduras. A cidade não se caracteriza pela limpeza e, aos olhos ocidentais, tudo parece um caos.

Na chegada ao aeroporto internacional fica nítido que no Nepal as coisas têm tempos e formas diferentes. Os brasileiros precisam de visto para entrar, mas que pode ser tirado na chegada. Após preencher um breve formulário e pagar 25 dólares americanos (ou o equivalente em outras moedas específicas) é concedido um visto por 15 dias. O viajante precisa, porém, ter o dinheiro exato, porque é comum não haver troco. Cartões de crédito e o próprio dinheiro nepalês não são aceitos na transição.

Dali, um táxi até o centro da cidade custa menos de cinco dólares. O inglês dos motoristas pode não ser dos melhores, assim como as condições dos carros (é possível que sua mala seja transportada no teto), mas ao chegar a Katmandu, é fundamental perder o preconceito e se aventurar. Afinal, você está aos pés do Himalaia e das montanhas mais altas do planeta.

O monumento mais emblemático da cidade é o “Durbar Square” (Praça do Palácio), um dos antigos palácios do rei, construído entre os séculos 12 e 17. Lojas improvisadas pela região vendem todo tipo de artesanato, comida, eletrodomésticos, bicicletas, e imagens de entidades que nem conhecemos. A cidade parece uma constante feira ambulante.

  • Fernando Moura/UOL

    Pórticos do Palácio Real de Bahktapur, antiga capital do Nepal


A cada esquina surge um mausoléu, um monumento, um templo budista ou hinduísta ou até uma grande mesquita muçulmana que se ergue próximo à estação rodoviária. A religiosidade é forte no local e qualquer hora é boa para orar.

A cidade está traçada pela arquitetura Newar, a etnia originária do “Vale dos Reis”, que concentra a maior quantidade de monumentos (sete ao todo) de Patrimônios Culturais da Humanidade da Unesco. Esses edifícios são criações artísticas que mesclam cores fortes como marrom e laranja com finas janelas de madeira esculpida. Os telhados, em geral, são esverdeados (feitos de bronze) com várias camadas e as paredes são muito altas.

De riquixá pode-se conhecer os principais templos da cidade, como o Narayan (de 1670) e o Taleju (de 1549), assim como o Hanuman Dhoka, antigo palácio real, o Kumari Bahal, casa da deusa da cidade, ou o palácio de Singha Durbar (de 1901), da dinastia dos Rana. Nos templos de Shiva e Parvati é possível apreciar os tesouros da família real nepalesa.

Bahktapur
Distante 13 quilômetros de Katmandu (e a 1400 metros de altura) fica a antiga capital do país, Bhaktapur. Nascida no século 9, foi capital do Vale dos Reis do século 14 até o 16.

Idílica e simples, a cidade é muito colorida e mais fácil de ser aproveitada pelos turistas do que Katmandu. Espalhados por toda a cidade, os artesãos mostram seus dotes artísticos. Alguns pintam o Mantra Hindu em delicados quadros, outros fazem cerâmicas de barro a céu aberto. Típicas, as máscaras de cerãmica em cores vivas representam deuses e espíritos dos antepassados e são usadas em cerimônias.

Na imponente Durbar Square destacam o Palácio Real, o templo de Rameshwar, a Galeria de Arte Nacional e o Sun Dhoka ou Porta Dourada, antigo centro do país.

 

  • Fernando Moura/UOL

    Vista do Everest, a partir de voo saindo de Katmandu, no Nepal


Os sherpas, uma das maiores etnias do Himalaia, chegam à cidade com frequência para vender suas mercadorias. Muitos deles trabalham como guias para os aventureiros que querem fazer trilhas pelas montanhas mais altas do mundo.

Everest
Uma das formas de ver de perto o Everest, a montanha mais alta do mundo (8.844 metros), é de avião. No centro da cidade, várias empresas oferecem o passeio, que pode ser feito ao nascer do sol, momento em que é possível ascender até seu topo.

Situada na fronteira do Nepal com o Tibete (China), o Everest recebe em nepalês o sugestivo nome de “Sagarmatha” (“rosto do céu”), e em tibetano, “Chomolangma” ou “Qomolangma” (“mãe do universo”).