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Sítio arqueológico Maropeng, na África do Sul, é uma volta ao berço da civilização

EDUARDO VESSONI *

Colaboração para o UOL Viagem, de Johannesburgo

01/08/2011 08h07

Em língua setswana, Maropeng significa ‘retorno ao local de origem’. Mas na África do Sul é também a principal porta de acesso a uma das atrações turísticas mais impactantes das savanas africanas: o 'Berço da Humanidade'.

Localizado a uma hora de Johannesburgo, esse atrativo de 47 mil hectares é considerado pela Unesco um Patrimônio da Humanidade por abrigar 13 áreas de escavação de onde saíram mais de mil fósseis de hominídios, os ancestrais do homem moderno encontrados naquele continente e que têm, aproximadamente, sete milhões de anos.

As 'estrelas' locais são a Sra. Ples, cujo esqueleto de mais de dois milhões de anos é considerado o mais preservado de um Australopithecus africanus e fica exposto algumas épocas do ano; e o Little Foot (“Pezinho”, em português), um exemplar de um ancestral meio humano e meio macaco com idade entre 3,1 e 4,1 milhões de anos que ainda está sendo escavado.

A viagem ao nosso passado ancestral, no centro de visitantes Maropeng, começa pelo Tumulus Building (‘Túmulo’, em português), um projeto arrojado com desenhos que remetem a um grande túmulo, na parte dianteira da construção, e a uma espaçonave, na parte posterior, em uma referência ao futuro da Humanidade.

É em seu interior que o visitante embarca em um pequeno bote que navega, literalmente, através dos estágios de formação da Terra, a partir dos quatro elementos (terra, ar, fogo e água).

A viagem, aliada ao uso de efeitos tecnológicos que simulam a Era do Gelo e as grandes erupções vulcânicas, é uma experiência sensorial que leva o visitante a sentir na pele, literalmente, os bilhões de anos que antecederam à chegada do Homem no planeta.

O passeio termina com uma exposição de fósseis originais, como o crânio de um Australopithecus africanus encontrado na região, em 1989.

Mas se a ideia é mergulhar profundo na história da Humanidade, a parada seguinte é nas Cavernas de Sterkfontein com túneis de 40 km de extensão que guardam milhares de fósseis de ancestrais humanos e animais com mais de quatro milhões de anos.

Por pouco aquelas impressionantes formações de calcário dolomítico, que começaram a se formar há 20 milhões de anos não desapareceram junto com a cobiça de milhares de homens que, no final do século 19, transformou aquela savana desolada em um cenário ocupado por caçadores de diamantes e pedras preciosas.

  • Eduardo Vessoni/UOL

    Conhecido como Eurydice, esse crânio feminino de um Paranthropus robustus está exposto no centro de visitantes do 'Berço da Humanidade'


A ossada encontrada no lugar do ouro foi o que garantiu à Humanidade conhecer seu passado distante. Porém, as escavações com fins científicos só começaram em 1936, após a descoberta de um crânio de Australopithecus.

Do topo da escada de acesso às cavernas, o visitante mal pode imaginar o que aquele terreno de plantas baixas escondeu durante séculos. Seu interior, cujos 18 graus livram do calor sufocante daquelas terras africanas, leva a um vertiginoso tour vertical a 18 metros de profundidade.
Estalactites, estalagmites e formações rochosas. É quase uma missão impossível prestar atenção nas explicações detalhadas dos excelentes guias locais que acompanham os grupos de visitantes paralisados diante daquele livro vivo de Pré-História.

Alguns trechos são escorregadios, úmidos (afinal de contas trata-se de uma caverna recortada por canais de águas) e com pouca iluminação. Porém o atrativo está desenvolvido para turistas de todas as idades e oferece infraestrutura que inclui corrimões, escadas e pontos de luz em diversos locais.

Esse é o preço que se paga para retornar ao nosso lugar de origem.



Maropeng e Berço da Humanidade
R400 (saída da R563 para Hekpoort) - Cradle of Humankind,
Tel: (27) (14) 577-9000
Diariamente, das 9h às 17h (o último barco para visita ao local sai às 16h)
Entrada paga
www.maropeng.co.za


* O jornalista Eduardo Vessoni viajou à África do Sul a convite da South African Airways (www.flysaa.com) e com o apoio do Consulado Geral da África do Sul (www.africadosul.org.br)